No dia em que
se encerra a Assembleia Regional Norte1, que de 16 a 19 de setembro de 2024
reuniu na Maromba de Manaus 80 representantes das igrejas locais, pastorais e
organismos para refletir a partir do tema “Igreja Sinodal que caminha na
Esperança”, é momento de encaminhar aquilo que pode ajudar a continuar avançando
para ser uma Igreja mais sinodal e ministerial.
Não podemos
esquecer, segundo afirmou o bispo de Parintins, dom José Albuquerque de Araújo,
na celebração eucarística do dia, que “o farisaísmo se tornou sinónimo de hipocrisia,
os mais religiosos se tornaram sinónimo de gente prepotente”, sendo criticados
por Jesus diante de sua atitude para com a mulher, que “é cidadã e na Igreja,
ela é protagonista”. O bispo pediu para a coordenadora da Conferência dos
Religiosos no Regional Norte1, Ir. Gervis Monteiro, comentar a Palavra.
Analisando a
passagem do Evangelho, a religiosa destacou que a mulher não tem nome, uma
mulher que ouviu falar que Jesus tinha sido convidado na casa de um fariseu. Ela
destacou, querendo fazer um paralelo com a Assembleia Regional e a reflexão sobre
a ministerialidade, que “a mulher vem por trás e ela traz o perfume, ela se
coloca aos pés de Jesus”, destacando a grande sensibilidade de Jesus, “o olhar
de Jesus, a acolhida de Jesus para com a mulher”, questionando como tornar
visível aquilo que as mulheres fazem hoje na Igreja.
Segundo a
Ir. Gervis, “Jesus, ele não tem medo de se contaminar, ele deixa, ele não está
preocupado com a Lei dos fariseus”. Uma atitude que tem que nos levar hoje,
afirmou a religiosa, “a ter a sensibilidade para com aquelas pessoas que
necessitam”, colocando o exemplo daquela mulher sem nome, a quem Jesus eleva à
dignidade de pessoa, pois para ele “todos nós somos iguais e somos chamados e
chamadas a evangelizar”, a “somar e trabalhar juntos como Igreja”.
Independentemente
do ministério que cada um assume na Igreja, no Regional Norte1 se percebem elementos
comuns a todos e todas, especialmente naquilo que tem a ver com a presença das
mulheres em espaços de decisão, inclusive entre os bispos, que reafirmam a
necessidade de que as mulheres sejam reconhecidas a partir das comunidades e da
Igreja local. Algo que é constatado por todos, que pedem avanços na
ministerialidade do laicato, sobretudo entre as mulheres, reconhecer os
ministérios que as mulheres já exercem.
Uma Igreja
regional que aposta na defesa da vida integral e o cuidado da casa comum, na pastoral
de conjunto, em processos de escuta e estudo para melhor entender os
ministérios, na formação continuada do laicato nas bases, especialmente no
interior, mas também formação permanente para o clero, respeitando sempre a
cultura local, na vivência da Palavra, em uma evangelização que leva à
conversão. Uma Igreja encarnada e libertadora, com ação transformadora, que
apoia a causas indígenas, a homologação de suas terras e o resgate das culturas
e línguas.
Na vida da
Igreja da Amazônia e do Regional Norte1 sempre teve um papel decisivo a Vida
Religiosa, com congregações que estão presentes de forma continuada por mais de
um século. A Vida Religiosa, representada na Assembleia por alguns e algumas provinciais,
é desafiada a continuar caminhando em comunhão e assumir os processos da Igreja
no Regional. Vida Religiosa que soma no exercício da missionariedade em seus
diversos elementos, fortalecendo as forças evangelizadoras nas igrejas locais,
abraçando a missão.
Tendo como
fundamento que a Igreja toda ela é ministerial, os assessores da assembleia,
Pe. Raimundo Gordiano, Ir. Sônia Matos e Pe. Elcivan Alencar, insistiram em que
os dons vêm do Espírito e a organização parte do povo. Daí a importância de
destacar que os ministérios são confiados a partir do batismo, e que os dons,
carismas e ministérios são assumidos como vocação. Ninguém pode esquecer que é
o batismo a porta de entrada como testemunhas da evangelização, e que viver de
modo sinodal, faz germinar e florescer a ministerialidade como espaço de
serviço, dando voz e vez a todos e todas.
Ser Igreja
missionária, ministerial e sinodal, faz parte da identidade da Igreja do
Regional Norte1, uma dinâmica presente desde o Encontro de Santarém, em 1972. Uma
Igreja com ressonância na vida social, que ainda tem muitos passos a serem
traçados, pensados e assumidos. Os ministérios não podem nascer de cima para
baixo, é por isso que antes de instituir, vale a pena continuar o processo de
formação e tomada de consciência com relação à ministerialidade. Isso porque o caminho
da sinodalidade é percorrido fazendo processos, buscando chegar juntos ao mesmo
objetivo.
Para
percorrer esse caminho é importante ter clareza nos conteúdos, e se faz
necessário reconhecer as atividades que são realizadas pelas mulheres, que são
expressões de ministerialidade, insistindo em que o exercício da
ministerialidade não é status, mas reconhecimento e mudança paradigmática. Para
avançar na ministerialidade, as igrejas locais têm que investir em formação do
laicato, pois enquanto isso não acontecer teremos uma Igreja de suplentes. Igualmente,
para que essa ministerialidad possa avançar, a reflexão abordada na assembleia
tem que chegar nas bases, nas comunidades, dado que a sinodalidade e a
ministerialidade dizem muito às comunidades do Regional Norte1.
Para avançar
são propostos alguns caminhos, que tem a ver com a formação, dos seminaristas,
do clero e a vida religiosa, das lideranças leigas; com a mulher, para quem se
insiste em inclui-la nos espaços de decisão e serem instituídas nos
ministérios; e com a vida e a casa comum, assumindo a consolação, a causa
indígena, a interculturalidade e a defesa da territorialidade, a ecologia integral.
As luzes para avançar nesses caminhos são a sinodalidade, a ministerialidade, as
conclusões do Encontro de Santarém 2022, que insistiu na espiritualidade
encarnada e libertadora.
Parabéns pelas atitudes siinodais desta assembléia.
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