“Com a celebração de hoje iniciamos um novo Ano Litúrgico. Nos colocamos a caminho de Belém, com o primeiro domingo do advento”, disse o arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Steiner no início de sua homilia. Segundo o presidente do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte1), “o Evangelho anuncia do tempo novo que estamos por iniciar: ‘Levantai-vos e erguei a cabeça, porque a vossa libertação está próxima.’ Ao iniciarmos o caminho até Belém somos iluminados pela palavra da libertação. A libertação se aproxima, pois está por nascer o Filho que nos será dado, o Emanuel.”
O cardeal lembrou as palavras de Papa Francisco: “O Advento é o tempo que nos é concedido para acolher o Senhor que vem ao nosso encontro, também para verificar o nosso desejo de Deus, para olhar em frente e nos preparar ao regresso de Cristo. Ele voltará a nós na festa do Natal, quando fizermos memória da sua vinda histórica na humildade da condição humana; mas vem dentro de nós todas as vezes que estamos dispostos a recebê-lo, e virá de novo no fim dos tempos para ‘julgar os vivos e os mortos’. Por isso, devemos estar vigilantes e esperar o Senhor com a expetativa de o encontrar.”
O arcebispo de
Manaus vê o Advento como: “espera,
expectativa, vinda! Ele virá, está por vir! Somos convidados a nos prepararmos
para a Vinda do Senhor! Com o Advento, abrimos o ano litúrgico para celebrarmos
a presença do Filho de Deus entre nós! Por isso, ‘haverá sinais no
sol, na lua e nas estrelas. Na terra, as nações ficarão angustiadas, com pavor
do barulho do mar e das ondas. Os homens vão desmaiar de medo, só de pensar no
que vai acontecer ao mundo, porque as forças do céu serão abaladas.’ A Palavra
de Jesus a nos despertar para o tempo novo que está por chegar!”
“O Evangelho a nos indicar a vinda
do Filho do Homem ‘com grande poder e glória’ (Lc 21,27) convidando-nos a
retomar o ânimo e a levantar a cabeça porque ‘a libertação está próxima’ (Lc
21,28). A palavra ‘libertação’ (“apolytrôsis”) é o ‘resgate de um cativo’. O
resgate, a libertação que a Criança de Belém nos aponta. A salvação-libertação
da humanidade, concretizado nas palavras e nos gestos de Jesus, é apresentado
como libertação do egoísmo, do pecado, da morte. É a libertação de tudo o que
nos escraviza, domina, e nos impede de viver na dignidade de filhos e filhas de
Deus”, sublinhou o cardeal Steiner.
O presidente do Regional Norte1 disse que
“Ele chega sem aviso, sem alarde! Sua
chegada silenciosa e cândida pede
acolhimento, vigilância e atenção. Assim, nos encontrará de pé, vigilantes,
prontos, disponíveis para acolhê-lo! E contemplaremos o Filho de Deus
reclinado na manjedoura de Belém revestido de nossa fragilidade e humanidade.
Tocados pela pobreza e singeleza de Deus, nos inclinamos, como os pastores,
para admirá-lo, adorá-lo e servi-lo
(Lc 12,35-48). A Criança-Deus, que transforma nossa humanidade, nos envia ao
encontro dos mais necessitados (Lc 14,15-24).”
Citando o texto bíblico: “Levanta-vos,
erguei a cabeça, vigiai e orai”, ele lembrou que “as alegrias e as
esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos
pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças,
as tristezas e as angústias que os discípulos da Criança de Belém experimentam;
e não há realidade alguma verdadeiramente humana que não encontre eco no seu coração.
Porque a sua comunidade é formada por homens, que, reunidos em Cristo, são
guiados pelo Espírito Santo na sua peregrinação em demanda do reino do Pai, e
receberam a mensagem da salvação para a comunicar a todos. Por este motivo, a
Igreja sente-se real e intimamente ligada ao género humano e à sua história”,
segundo diz Gaudium et Spes.
Com a mesma citação: “Levantai-vos, erguei a cabeça, vigiai e orai”, afirmou que “o Evangelho a nos acordar para uma sensibilidade própria, única, capaz de despertar para a presença de Jesus-Menino que deseja nos encontrar. Deixarmo-nos encontrar por uma sensibilidade vença a nossa insensibilidade.” Ele lembrou as palavras de Papa Francisco em Evangelii Gaudium: “A situação atual do mundo ‘gera um sentido de precariedade e insegurança, que, por sua vez, favorece formas de egoísmo coletivo’. Quando as pessoas se tornam autorreferenciais e se isolam na própria consciência, aumentam a sua voracidade: quanto mais vazio está o coração da pessoa, tanto mais necessita de objetos para comprar, possuir e consumir. Em tal contexto, parece não ser possível, para uma pessoa, aceitar que a realidade lhe assinale limites; neste horizonte, não existe sequer um verdadeiro bem comum. Se este é o tipo de sujeito que tende a predominar numa sociedade, as normas serão respeitadas apenas na medida em que não contradigam as necessidades próprias. Por isso, não pensemos só na possibilidade de terríveis fenómenos climáticos ou de grandes desastres naturais, mas também nas catástrofes resultantes de crises sociais, porque a obsessão por um estilo de vida consumista, sobretudo quando poucos têm possibilidades de o manter, só poderá provocar violência e destruição recíproca.”
Talvez, o advento nos possa acordar e percebermos que “nem tudo está perdido, porque nós somos capazes de tocar o fundo da degradação, também de superar-se, voltar a escolher o bem e regenerar-se, para além de qualquer condicionalismo psicológico e social que lhes seja imposto. São capazes de se olhar a si mesmos com honestidade, externar o próprio pesar e encetar caminhos novos rumo à verdadeira liberdade. Não há sistemas que anulem, por completo, a abertura ao bem, à verdade e à beleza, nem a capacidade de reagir que Deus continua a animar no mais fundo dos nossos corações. A cada pessoa deste mundo, peço para não esquecer esta sua dignidade que ninguém tem o direito de lhe tirar”, disse, citando novamente Evangelii Gaudium.
“O
Advento a nos recordar as três visitas do Deus à humanidade: ‘A primeira visita
foi a Encarnação, o nascimento de Jesus na gruta de Belém; a segunda acontece
no presente: o Senhor visita-nos continuamente, todos os dias, caminha ao nosso
lado e é uma presença de consolação; por fim, teremos a terceira, a última visita’,
o encontro com Cristo conforme o Evangelho de Mateus: ‘Tive fome e me destes de
comer; tive sede e me destes de beber; era peregrino e me acolhestes; nu e me
vestistes; enfermo e me visitastes; estava na prisão e viestes a mim’ (Mt 25)”,
disse o arcebispo de Manaus.
Segundo o
cardeal, “o convite de Jesus no Tempo do Advento é para estarmos atentos e
vigilantes, para não desperdiçar as ocasiões de amor que nos doa”, lembrando as
palavras de Papa Francisco no primeiro domingo de Advento de 2017: “A pessoa
atenta é a que, em meio ao barulho do mundo, não se deixa tomar pela distração
ou pela superficialidade, mas vive de maneira plena e consciente, com uma
preocupação voltada antes de tudo aos outros. Com esta atitude percebemos as
lágrimas e as necessidades do próximo e podemos dar-nos conta também das suas
capacidades e qualidades humanas e espirituais.”
Com as palavras da primeira leitura do dia, o cardeal ressaltou que “o
profeta a nos ensinar, animar e esperançar”, afirmando que “o Advento nos faz
caminhar ao encontro de tempo novo, nova luz, pois Deus em meio à nossa
fragilidade”, o que também está presente na segunda leitura.
“A caminhada adventícia que iniciamos é o tempo que nos é concedido
para acolher Deus que vem ao nosso encontro, também para verificar o nosso
desejo de Deus, para olhar em frente e nos preparar ao regresso de Cristo. Ele
voltará a nós na festa do Natal, quando fizermos memória da sua vinda histórica
na humildade da condição humana; mas vem dentro de nós todas as vezes que
estamos dispostos a recebê-lo, e virá de novo no fim dos tempos para ‘julgar os
vivos e os mortos’. Por isso, devemos estar vigilantes e esperar o Senhor com a
expetativa de o encontrar”, disse o arcebispo de Manaus.
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