sábado, 8 de fevereiro de 2025

Ordenados 6 diáconos permanentes em Manaus para “ser expressão da esperança, sinal da esperança”

A arquidiocese de Manaus, em uma celebração presidida pelo arcebispo, cardeal Leonardo Steiner, que contou com a presença dos bispos auxiliares, dom Zenildo Lima, dom Hudson Ribeiro e dom Samuel Ferreira de Lima, ordenou neste sábado 08 de fevereiro seis diáconos permanentes: Antônio Sérgio das S. Ribeiro, Dalcimar César D. Machado, Frank Luiz Mesquita de Souza, Lídio Rodrigues de Souza, Roberto Guedes os Santos e Turíbio José Correa da Costa. Uma celebração que contou com a presença das famílias dos novos diáconos e dos presbíteros e diáconos permanentes da arquidiocese.

Na homilia, o cardeal destacou o despertar do Evangelho proclamado para a fonte da nossa fé: “Como meu Pai em amou, assim também eu vos amei. Permanecei no meu amor”, sublinhando mais uma quase advertência “Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi e vos designei para irdes e para que produzais fruto e o vosso fruto permaneça.”

Segundo o arcebispo, “fomos amados, com o mesmo amor que o Pai tem por Jesus. Um amor livre, generoso, desmedido, gratuito”. Citando Santo Agostinho: “Tu és sempre o mesmo e tudo o que é amanhã ou depois de amanhã, o que é ontem e também anteontem, tu o fizeste hoje, o fazes o hoje” (Sto Agostinho, Confissões, 6,10), o cardeal disse que “o amar do Pai é sempre um hoje, é sempre presente, sempre um aqui e agora, sem passado, sem futuro, sem descanso, sem tempo, sem espaço. Ele está amando sempre.” Ele lembrou as palavras de São Gregório: O “amar de Deus jamais é ocioso; de fato opera grandes coisas, se é amor; se renuncia a operar, então não é amor.” Algo que o arcebispo vê como “um amor operativo, dinâmico, comunicativo: ‘Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi e vos designei para irdes e para que produzais fruto e o vosso fruto permaneça.’ Um amor que sai ao encontro, pois é expansivo e desejoso de frutificação na dinâmica do amor.”

Pertencemos a essa grandeza, a esse movimento amoroso, pois ‘como o Pai me amou, assim também eu vos amei’. Sim somos amados com a mesma intensidade e suavidade do amor que o Pai tem para com seu Filho Jesus, nosso irmão. E somos recordamos: ‘Permanecei no meu amor’! Permanecer no amor é a possibilidade de termos vida em plenitude, uma vida plena! É no permanecer que somos participação do mistério do Reino de Deus, do Reino da salvação”, disse o cardeal Steiner.



Segundo o arcebispo, “Permanecer nesse amor é responder a um chamado, a uma vocação. O diaconado é uma vocação, é um chamado. Um chamado a serviço do amor. Bem ouvíamos na segunda leitura dos Atos que os Apóstolos: ao perceberem que as viúvas dos irmãos de origem grega eram mal servidas no atendimento diário, escolherem sete homens de boa fama, repletos do Espírito e de sabedoria, e os encarregaram do serviço. Foram escolhidos, isto é chamados. Nada de escolha pessoal, de cargo, de promoção, mas de serviço; serviçais, diáconos! Como nos lembrava o Evangelho: ‘Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi e vos designei para irdes’ para serem servidores. Servidores com frutos e permanecer na fidelidade do serviço, frutificando.”

O arcebispo lembrou o ensinamento de Papa Francisco aos diáconos permanentes de Roma e suas esposas: “Os diáconos não são meios-sacerdotes ou padres de segunda categoria, nem acólitos de luxo. São servos atenciosos que trabalham a fim de que ninguém seja excluído e para que o amor do Senhor toque concretamente a vida das pessoas. É a espiritualidade do serviço: um coração aberto para os outros. Disponíveis dentro, de coração, prontos a dizer sim, dóceis, sem fazer a vida girar em torno da própria agenda; e abertos ao exterior, olhando para todos, especialmente para aqueles que ficam fora, aqueles que se sentem excluídos”.

Ele lembrou que “na oração de ordenação ao invocarmos o Espírito Santo sobre cada um, vamos implorar: ‘Resplandeça as virtudes evangélicas: o amor sincero, a solicitude com os enfermos e os pobres, a autoridade discreta, a simplicidade de coração e uma vida segundo o Espírito’ (Rito, Oração de consagração). Os diáconos ‘fortalecidos com a graça sacramental, servem o Povo de Deus em união com o Bispo e o seu presbitério, no ministério da Liturgia, da palavra e da caridade. É próprio do diácono, segundo for conferido pela competente autoridade, administrar solenemente o Batismo, guardar e distribuir a Eucaristia, assistir e abençoar o Matrimônio em nome da Igreja, levar o viático aos moribundos, ler aos fiéis a Sagrada Escritura, instruir e exortar o povo, presidir ao culto e à oração dos fiéis, administrar os sacramentais, dirigir os ritos do funeral e da sepultura’, disse citando Lumen gentium.



O arcebispo citou o texto de Atos dos Apóstolos: “Então escolheram homens repletos do Espírito Santo e cheios de fé” (cf. At 6,5). Segundo ele, “invocarmos o Espírito Santo na Prece da Ordenação: ‘Enviai sobre eles, Senhor, nós vos pedimos, o Espírito Santo que os fortaleça com os sete dons da vossa graça, a fim de exercerem com fidelidade o seu ministério’ (Rito de Ordenação). Nessa perspectiva o cardeal disse que “o Diaconado como vida segundo o Espírito; homens do Espírito. O Espírito deverá ter sempre a primazia. Se assim for, a vida diaconal será um serviço ao Povo de Deus cheio de riqueza de dons e graças. Viver na força e suavidade, na claridade e no fogo do Espírito. O diaconado exercido no Espírito da unção da ordenação para uma “unção quotidiana”.  O Espírito que os faz imagem de Cristo que se fez diácono para todos. Assim, misericordiosos, diligentes, serventes, presentes, caminhando na verdade do Senhor, no Espírito que se fez servo de todos”, lembrando as palavras de São Policarpo.

Na primeira leitura, o arcebispo de Manaus destacou que “nos convidava a escutar na disponibilidade e na liberdade a Palavra de Deus. Na volta do Exílio, o templo destruído, as muralhas e as porta fendidas, o Povo é convidado a voltar-se para a Fonte, voltar às origens, à razão de ser do Povo de Deus.  Esdras proclama a Palavra diante de todo o Povo que de pé escuta e é despertado para o cuidado de Deus, pois todo o povo estava na atenção da leitura do livro da Lei. Depois do exílio, do afastamento, no desejo de reconstruir o templo e a cidade: escutar da Palavra. E a exclamação do Povo é de adesão: ‘Amém! Amém!’ A escuta e a adesão à Palavra fazem nascer a alegria, a habitação, a casa e a partilha: ‘Ide para vossas casas e comei carnes gordas, tomai bebidas doces e reparti com aqueles que nada prepararam, pois este dia é santo para o nosso Senhor. Não fiqueis tristes, porque a alegria do Senhor será vossa força’ (Ne 8,8-10).”

Na Ordenação diaconal, lembrou o cardeal, “o bispo entrega ao diácono o Livro dos Evangelhos: ‘Recebe o Evangelho de Cristo, do qual foste constituído mensageiro; transforma em fé viva o que leres, ensina aquilo que creres e procura realizar o que ensinares’ (Rito de Ordenação).” Segundo ele, “a Igreja ao entregar o livro dos Evangelhos entrega uma missão: viver da Palavra, anunciar a Palavra. A Palavra que nos coloca a caminho, a Palavra que nos envia, a Palavra que nos faz celebrar, a Palavra faz repartir, consolar. A palavra que nos devolve à fonte do nosso ministério, à fonte do nosso ser seguidores de Jesus. Diáconos anunciadores da Palavra, despertar os irmãos e irmãs, de tal sorte, que sejam amantes da Palavra.”



A palavra que recupera e aumenta o fervor de espírito, ‘a suave e reconfortante alegria de evangelizar, mesmo quando for preciso semear com lágrimas! (…) E que o mundo do nosso tempo, que procura ora na angústia ora com esperança, possa receber a Boa Nova dos lábios, não de evangelizadores tristes e desencorajados, impacientes ou ansiosos, mas sim de ministros do Evangelho cuja vida irradie fervor, pois foram quem recebeu primeiro em si a alegria de Cristo’”, disse citando Evangelii Gaudium, 10.

O arcebispo lembrou aos diáconos que eles “são ordenados diáconos no Ano Santo Ordinário, Ano da Esperança”, afirmando “o diaconado ser expressão da esperança, sinal da esperança. Transbordar de esperança (cf. Rm 15,13) para testemunhar de modo credível e atraente a fé e o amor que trazem no coração; para que a fé seja jubilosa, a caridade entusiasta; para que cada um seja capaz de oferecer ao menos um sorriso, um gesto de amizade, um olhar fraterno, uma escuta sincera, um serviço gratuito, sabendo que, no Espírito de Jesus, isso pode tornar-se uma semente fecunda de esperança para quem o recebe (cf. Papa Francisco, Bula, 18). Quem serve na liberdade e humildade, na alegria e generosidade, bebe da esperança e indica a esperança como caminho da fé e da caridade.”

Ele mostrou sua “gratidão a todas as pessoas que acompanharam a vocês, animaram no caminho do Evangelho. Gratidão aos familiares, especialmente às esposas que serão apoio e auxílio no ministério diaconal nas comunidades. Gratidão às comunidades e aos padres das paróquias e árias missionárias que ajudaram no discernimento do chamado e no exercício do serviço. Gratidão ao Monsenhor José Carlos Sabino que acompanhou a vocês no tempo de formação e ao padre Paulo João Paulo referencial para os diáconos.”

Finalmente o cardeal Steiner invocou: “Vinde Espírito Santo, envia sobre estes irmãos a graça, o dom do serviço. Sejam todos no agir e pensar serviço compassivo deitando o óleo nas feridas do corpo e do espírito. Impeli, ó Espírito Santo, para que sejam consoladores e anunciadores esperançados no servir. Atrai, ó Espírito Santo, para que estes irmãos vejam e se compadeçam dos pobres, amem os santos desprezados e esquecidos de nossa sociedade. Fortalecei, ó Espírito Santo, para que estes irmãos no serviço, sejam evangelizadores que conduzem todos a Jesus e ao seu Reino. Vinde Espírito Santo, estes irmãos sejam tomados pela força e suavidade do teu amor: homens do espírito, livres e libertadores! Amém.”



Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

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