Em uma sociedade
onde se aproveitar do outro parece que virou moda, não só entre as pessoas, mas
também entre os países, somos chamados a refletir, com motivo da festa de Santa
Bakhita e o Dia Mundial de Oração e Reflexão contra o Tráfico de Pessoas, que
se celebra no dia 08 de fevereiro, sobre um fenómeno que pode ser considerado
como a escravidão moderna.
Nascida no Sudão, Santa
Bakhita foi sequestrada com 9 anos por mercantes de escravos, iniciando assim
uma vida de torturas que se prolongaria por 10 anos. Comprada por um oficial
italiano, chegou na Itália em 1884. Ela, depois de conhecer as Irmãs
Canossianas, será batizada em 1890, entrando no noviciado dessa congregação em
1893, com 24 anos de idade. Depois de proferir seus votos, durante 45 anos, foi
cozinheira, sacristã e, acima de tudo, uma porteira do convento de Schio, onde
agia com bondade, se tornando sinal de alegria e paz. Ela faleceu em 8 de
fevereiro de 1947 e foi canonizada em 1º de outubro de 2000.
Em 2025, o XI Dia
Mundial de Oração e Reflexão contra o Tráfico de Pessoas, uma data instituída
em 2015 pelo Papa Francisco, tem como tema “Embaixadores
da Esperança. Juntos contra o tráfico de pessoas”, em consonância com o Ano
Jubilar que a Igreja está vivenciando ao longo do ano, que pretende que
possamos assumir ações concretas que gerem esperança.
Não podemos fechar
os olhos diante de uma realidade que atinge mais de 50 milhões de pessoas no
mundo, principalmente crianças, mulheres, migrantes e refugiados. Atualmente,
120 milhões de pessoas no Planeta são obrigadas a migrar em consequência das guerras,
conflitos, violência, pobreza, catástrofes ambientais, se tornando
particularmente vulneráveis ao tráfico e à exploração.
Ao longo desta
semana estão acontecendo no mundo todo momentos de oração, encontro e
conscientização contra esse terrível crime. Também em Manaus, sobretudo através
do Núcleo da Rede um Grito pela Vida, estão sendo realizados diversos eventos
em vista dessa tomada de consciência.
Cada um, cada uma
de nós, eu, você, todos nós somos chamados a refletir diante de uma realidade
que mostra as mazelas de nossa condição humana. Na medida em que esse crime
continua presente em nossa sociedade, nossa humanidade é diminuída, deixamos de
ter o sentimento que nos faz humanos, que é cuidado do outro, a compaixão
diante do sofrimento alheio.
Ainda mais para
quem se diz cristão, uma religião que tem como fundamento o amor por todos, mas
especialmente por aqueles que o mundo descarta. As vítimas do tráfico de
pessoas são imagem do Cristo sofredor, e nós devemos reconhecer nelas o rosto
daquele que deu a vida para que todos tenham vida em abundância. O cristianismo
é um chamado a concretizar nosso compromisso para que as vítimas possam superar
essa condição e ser tratadas como irmãos e irmãs. A vida das pessoas muda, as
vítimas recuperam sua plenitude de vida quando nosso compromisso é firme e
concreto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário