Estar com
os crucificados de hoje, ajudar carregar sua cruz, é o melhor modo de celebrar
a Sexta-feira Santa. Em Manaus, um dos coletivos mais vulneráveis é a população
em situação de rua. Foi com eles que a Igreja de Manaus, realizou a Via
Sacra na manhã deste 18 de abril, uma celebração, organizada pela Comunidade
Nova e Eterna Aliança e a Pastoral do Povo de Rua, que contou com a
participação do arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Ulrich Steiner.
“Acompanhar Jesus que deu a vida por nós”
Uma
presença que é um bálsamo para aqueles que deambulam cada dia nas ruas da
capital do Amazonas. Os últimos, como se fez visível mais uma vez na visita do
Papa Francisco aos presos da prisão romana Regina Coeli, reconhecem que Deus se
faz próximo naqueles que chegam perto sem preconceito, sem vontade condenar.
Uma Via Sacra que quis ser um modo de nesta Sexta-feira Santa, “acompanhar
Jesus que deu a vida por nós”, segundo salientou o cardeal Steiner no início
da caminhada.
Uma
caminhada que, segundo acontece na vida cotidiana, não carrega multidões, igual
outras celebrações, procissões, caminhadas, vias sacras, durante a Semana
Santa. Mas é aí, no meio dos últimos, que Jesus aparece hoje de forma clara e
evidente. Ele sempre fez escolhas e nunca duvidou em ficar no meio dos
últimos. Somos presença dele quando acompanhamos a vida dos encarcerados, a
vida da população em situação de rua, a vida dos doentes. Em definitiva, a vida
dos vulneráveis, a vida dos descartados, a vida dos crucificados.
Acompanhamos
Jesus em suas dores, em seu sofrimento caminho do Calvário, quando acompanhamos
àqueles que hoje continuam sendo crucificados. Um sofrimento que também
padece nossa casa comum, segundo tem sido lembrado neste ano pela Igreja do
Brasil na Campanha da Fraternidade, que tem nos levando a refletir sobre a
Ecologia Integral, sobre a necessidade da conversão ecológica.
Adesão ao cuidado de toda vida
É por isso,
que somos chamados, afirmava o arcebispo de Manaus, para que “neste Ano
Jubilar, como peregrinos da esperança, renovemos a nossa fé, esperança e
nossa adesão ao cuidado de toda vida, em especial em defesa da vida da
população em situação de rua”. Com eles, que ao longo do percurso foram
encenando diversas cenas do caminho de Jesus até o Calvário, foram percorridas
as ruas do centro da cidade. É nessas ruas que eles vivem seu dia a dia, que
sofrem o desprezo e a indiferença das pessoas, que muitas vezes fazem de conta
que eles não existem ou inclusive perseguem.
Esses
rostos carregam muitas histórias de vida, de sofrimento. Lhes acompanhando
continuamos fazendo vida o evangelho, mostrando que não são os ritos e sim
estar ao lado do crucificado-ressuscitado, que nos torna testemunhas no meio da
sociedade. Ser discípulos e discípulas representa um constante desafio a percorrer
os caminhos da vida do lado daqueles que vivem pela metade, daqueles que sua
dignidade é negada pela maioria das pessoas, pela maioria de nós.
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