Mais uma vez, Manaus está na mídia, mais uma vez a
morte tem convertido nossa cidade em manchete nacional e mundial. Os números de
contagiados, internados e falecidos, especialmente desde o início do ano, podemos
dizer que são arrepiantes, mas realmente são preocupantes?
Passar na frente de um hospital ou de um SPA é se
deparar com a chegada constante de ambulâncias e carros em busca de uma vaga,
algo cada vez mais complicado. As pessoas esperam do lado de fora por notícias
que muitas vezes demoram horas para chegar. O choro, fruto da impotência, toma
conta de homens e mulheres que veem como seus entes queridos se debatem entre a
vida e a morte.
Manaus vive uma situação trágica, a pior desde o
início da pandemia, como mostram os números da Fundação de Vigilância em Saúde e de sepultamentos nos cemitérios. Negar essa realidade é querer tampar o sol
com uma peneira. Mesmo assim, alguns ainda negam essa situação, pois a morte só
nos importa quando ela chega perto da gente, bem perto. O pior de tudo, é que
ela está chegando cada vez mais próxima, está batendo na porta de casa.
Neste dia 13 de janeiro, entre os casos confirmados de Covid-19 no Amazonas, há
1.553 pacientes internados, sendo 1.034 em leitos clínicos e 492 em UTI, nas
redes pública e privada. Há ainda 27 em sala vermelha, estrutura voltada à
assistência temporária para estabilização de pacientes críticos/graves para
posterior encaminhamento a outros pontos da rede de atenção à saúde. Além disso
há outros 555 pacientes internados, que aguardam a confirmação do diagnóstico.
O Amazonas tem ainda, 374 pessoas na fila à espera de leito para internação.
Ou tomamos consciência da realidade ou dificilmente
vamos superar uma pandemia que está no meio de nós desde há dez meses e que
ninguém sabe quando é que vai acabar. A maior esperança, a vacina, no Brasil só
vai chegar no dia D e na hora H, como dizia o Ministro da Saúde nesta semana,
precisamente aqui em Manaus. Mais uma declaração que só coloca mais incertezas
na população.
Que os números não são preocupantes para boa parte dos
manauaras é algo que a gente vê nas ruas, onde a falta de cuidados consigo
próprio e com os outros é prática habitual. Mais uma vez a falta de empatia, de
sentimentos de fraternidade, nos mostra a necessidade de refletir como
humanidade e nos questionar sobre os princípios que determinam a nossa vida.
Entender que a vida, o cuidado da vida, da própria e da alheia, está acima de
tudo, é algo que se torna mais do que necessário neste momento da história.
Nunca esqueçamos que a preocupação pelo outro é o que
nos faz humanos. Numa sociedade muitas vezes desumana, o desafio a mostrar
atitudes diferentes é algo cada vez mais urgente. Educar para o respeito, para
o cuidado, para a empatia e a fraternidade está sendo uma urgência inadiável,
que não depende do outro, depende da gente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário