A Arquidiocese de Manaus despedia
na tarde-noite do dia 04 de março àquele que foi seu Arcebispo por quase sete
anos, Dom Sérgio Eduardo Castriani, falecido no dia 03 de março. A pandemia
impossibilitou a presença física do Povo de Deus, que foi restrita ao clero, seminaristas,
representantes da Vida Religiosa, o Conselho de Pastoral Arquidiocesano e
algumas autoridades.
Mas os milhares de pessoas que
acompanharam através dos meios de comunicação e das redes sociais, se fizeram
presentes ao lado daquele que seguindo seu lema episcopal, habitou entre nós, em
nós, como enfatizava Dom Leonardo Steiner no início da sua homilia. Falando do Verbo
Encarnado, usava palavras que bem poderiam ser aplicadas a Dom Sérgio Castriani:
“experimentou nossas dores
e alegrias, os dissabores e realizações, as injustiças e a misericórdia; compartilhou
nossos sonhos, devolveu vida, consolou órfãos e viúvas, abriu olhos e concedeu
ouvidos, transformou corpos purificando-os; trilhou os nossos caminhos, indicou
a fragilidade humana como transformação, salvação, redenção”.
Dom Leonardo Steiner dizia que “hoje nos despedimos deste nosso irmão e pai. Irmão porque conosco em Cristo Jesus. Pai porque pastor, pai porque paternal, pai porque maternal. Pai porque não suportava deixar ninguém sem casa, nem guarida. Irmão porque próximo de todos, especialmente dos pequenos e desprotegidos”. O Arcebispo de Manaus lembrava que na pandemia que estamos e vivendo, e que tem atingido Manaus com tanta gravidade, “a preocupação que manifestava era especialmente com os nossos irmãos e irmãs que vivem nas nossas ruas, com imigrantes, os pobres”. Dom Sérgio Castriani, que aos poucos foi perdendo sua voz, Dom Leonardo lembrava que “com o fio de voz que lhe restava, desejava recordar-nos onde, como e com quem deveríamos estar”.
O Arcebispo
de Manaus, definia seu predecessor como alguém que depois de passar pelo Acre na
sua juventude, “voltou para a Amazônia”. Mas, ele “não
veio passear, não veio olhar, não foi turista, missionário de um dia, de alguns
anos. Aqui permaneceu, aqui habitou; fez da Amazônia o ser em casa. Veio
habitar entre nós. Veio para ficar, não como alguém que toma posse, mas como
aquele que vem para experimentar com seu povo a fé, para partilhar os dias e as
horas, para levar esperança, para consolar, para apreender, para partilhar,
compartilhar, para clamar pela justiça, para despertar para a ética”, insistia
Dom Leonardo, que vê Dom Sérgio como “coração manso com gestos de profeta. Era
escuta que discernia e propunha caminhos. Veio habitar entre nós”.
Em suas palavras, Dom Leonardo
lembrava de uma anedota vivida em Brasília que mostra que Dom Sérgio “veio para
ficar, habitar”. Ainda era bispo da Prelazia de Tefé, e lhe perguntou se
aceitaria uma arquidiocese no Sul. Ele respondeu “com aquele sorriso suave e
cativante: aceito transferência para qualquer diocese, mas no Amazonas”. Nesse ponto,
o Arcebispo de Manaus lembrava do carisma espiritano, que fez com que Dom
Sérgio, “com a força do Espírito tinha
preferência para estar entre os pobres, com os ribeirinhos, com os indígenas,
sem deixar de alentar os que mais tem”. Seu carisma lhe fez viver “pobre, despojado,
desapegado. Não teve ostentação, mas simplicidade. Às vezes parecia
ingenuidade, mas era a sabedoria do Espírito, a singeleza e esperteza da pomba”.
Dom Sérgio foi
alguém que “nos atraiu com o seu modo, com sua espiritualidade, com sua
palavra, com seu silêncio”, segundo Dom Leonardo Steiner. Ele lembrava que “a
sua dor, o seu sofrer, sem queixumes, mas sempre no desejo de servir, permanece
em nós e animará a vida da nossa Igreja”. O arcebispo destacava o sofrimento que
purificou “um homem que no auge de sua vida sente diminuírem as forças,
desaparecer a voz, cercear os passos, permanecendo o coração desejoso de sair,
sair e sair..., encontrar, acalentar, animar”. Um homem que “a sua pena era
ágil, sábia, contundente, perspicaz, animadora”, que “sabia ler a realidade,
social, política, religiosa. Sabia discernir os caminhos do Espírito”.
À imagem do Bom
Pastor, “Dom Sérgio não se resguardou, se
doou”, enfatizava Dom Leonardo. Ele viu a celebração como momento de gratidão a
todos os que cuidaram da saúde de Dom Sérgio, aos espiritanos, “gratidão
por terem dado um tão grande irmão”, aos familiares, à Prelazia de Tefé, onde
deixou “um pedaço do coração”, agradecimento a Deus, “por nos ter dado um
irmão, pai e pastor que veio habitar em nós”. Daí, Dom Leonardo animava a ser, “como
dom Sérgio, testemunhas de que Deus veio habitar entre nós e em nós”.
Dom Sérgio grande missionário exemplo para nos missionários a serviço da vida e da esperanca
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