quinta-feira, 15 de julho de 2021

O jogo que o Brasil tem que ganhar


No último sábado aconteceu a final da Copa América, uma competição que muitos questionaram desde antes de começar. O futebol, ou para melhor falar, tudo o que envolve, é considerado por muitos como uma nova expressão do Circo Romano. O famoso “Pão e Circo”, era a forma em que os imperadores desviavam o foco nos momentos críticos do Império.

Muitos entenderam a organização da Copa América como uma tentativa do governo brasileiro de desviar o foco diante de uma situação cada vez mais crítica, onde às consequências da Covid-19, que tem provocado muita dor e sofrimento em grande número de famílias brasileiras, se une uma situação econômica cada vez mais precária, com um grande aumento dos preços daquilo que é básico na vida do povo mais simples, e uma corrupção cada vez mais evidente, que atinge o mais alto escalão dos diferentes poderes.

Um Brasil-Argentina, mesmo que seja numa Copa América desvirtuada, sempre é um acontecimento para muitos brasileiros, que desperta as paixões de uma das maiores rivalidades mundiais no futebol. Pelo que a gente viu nas redes sociais, muitos brasileiros torceram a favor da Argentina, o que tem provocado o receio daqueles que, seguindo a história, não entendem essa atitude.

Na verdade, esse torcer a favor da Argentina é uma forma de manifestar um mal-estar cada vez mais presente entre os brasileiros, cansados de uma realidade social e política que não coloca os melhores jogadores em campo para superar as crescentes dificuldades que o país deveria enfrentar.



Muita gente cansou de assistir um jogo em que muitos só pensam em se próprio, sem se importar com o coletivo. Quando todo mundo se une, é mais fácil vencer o adversário e o Brasil tem muitas realidades que podem se tornar invencíveis por falta de estratégia de jogo, por falta de um treinador que coloque os jogadores no lugar certo, que promova a união, o jogo coletivo e não faça com que cada um só procure seu pedaço do bolo.

O pior que pode acontecer com um país é perder o prestigio e o respeito diante dos outros. Demora muito para construir isso, mas pode ser perdido em pouco tempo, quase sempre por falta de estratégia e união. Mas ainda pior do que perder o reconhecimento no exterior, é perder o reconhecimento do próprio povo. Essa falta de reconhecimento, quando é denunciado, não quer dizer que ninguém torce contra e sim que as pessoas querem que as coisas mudem para melhor.

O Brasil está diante de um jogo que pode definir seu futuro, que se perder pode ser eliminado do panorama internacional, rebaixado de categoria, ficando de fora de muitas coisas decisivas no futuro do povo brasileiro. Esse é o jogo que não pode perder, mas para isso é preciso que o time jogue bonito. Quem pode fazer que isso aconteça é aquele que decide a tática de jogo, e isso parece que cada vez está menos claro.



Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1 - Editorial Rádio Rio Mar

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