domingo, 19 de setembro de 2021

Apresentação Caderno de Conflitos: “Registrar a história da luta de uma classe explorada, excluída e violentada”


Desde o início de sua existência em 1975, a Comissão Pastoral da Terra registra os conflitos que envolvem os trabalhadores e as trabalhadoras do campo e denuncia a violência sofrida por eles e elas, violências como despejos e expulsões, assassinatos, ameaças de morte, prisões.

Mais uma vez, a CPT apresenta nesta segunda-feira, 20 de setembro, o Caderno de Conflitos na Amazônia. O faz, “na memória de Dom André, Dom Enemésio, Dom Tomás Balduino, Dom Pedro Casaldáliga e Dom Jorge Marskell”, segundo Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira, bispo da Prelazia de Itacoatiara e presidente interino da CPT. Ele faz “memória de todos os Agentes Voluntários e Contratados e todos os camponeses já falecidos, especialmente quem morreu pela Covid”.

Dom Ionilton também saúda os Agentes da CPT de nosso Regional Amazonas: Irmã Agostinha, Maiká e Ana Virgínia. O bispo agradece o trabalho da CEDOC (Centro de Documentação, e todas as pessoas que colaboraram para que pudéssemos ter o Caderno Conflitos no Campo Brasil 2020.



É um trabalho que começou em 1985, em que a CPT criou um setor de Documentação para colher as informações sobre as violações aos direitos humanos no campo e sistematizá-las. Esses dados foram publicados em um relatório que se chamou Conflitos no Campo Brasil, que também ficou conhecido como Caderno de Conflitos. Desde 2011 as informações estão disponíveis na página da CPT: www.cptnacional.org.br.

A partir de 2013, o setor passou a se denominar Centro de Documentação Dom Tomás Balduino. O trabalho realiza o tratamento e organização de documentos, tendo a sua atuação pautada não só pela mera organização documental, mas pela análise crítica e aprofundada desse material, no intuito de organizar o registro da luta e da história dos movimentos sociais do campo e a luta de posseiros/as, pequenos/as agricultores/as, acampados/as, assentados/as, assalariados rurais, indígenas, quilombolas e tantas outras comunidades tradicionais.

Não podemos esquecer que a CPT é a única entidade a realizar tão ampla pesquisa da questão agrária em escala nacional, e os seus dados são utilizados por várias instituições de ensino, pesquisadores, instâncias governamentais e pela imprensa.



Segundo Dom Ionilton, documentar se faz necessário por fidelidade “ao Deus dos pobres, à terra de Deus e aos pobres da terra”, como está explicito em sua missão. O bispo afirma que a documentação possui as seguintes dimensões: Teológica – de acordo com a história bíblica, Deus ouve o clamor do seu povo e está presente na luta dos trabalhadores; Ética – porque a luta pela terra é uma questão de justiça e deve ser pensada no âmbito de uma ordem social justa.

Junto com isso, ele fala da dimensão Políticao registro da luta é feito para que o trabalhador, conhecendo melhor sua realidade, possa com segurança assumir sua própria caminhada, tornando-se sujeito e protagonista da história. Também a dimensão Pedagógica – o conhecimento da realidade ajuda a reforçar a resistência dos trabalhadores e a forjar a transformação necessária da sociedade.

Outra dimensão é a Histórica – todo o esforço e toda luta dos trabalhadores de hoje não podem cair no esquecimento e devem impulsionar e alimentar a luta das gerações futuras, e a Científica – a preocupação de dar um caráter científico à publicação existe não em si mesma, mas para que o acesso aos dados possa alimentar e reforçar a luta dos próprios trabalhadores.

O bispo da Prelazia de Itacoatiara insiste em que “não se trata simplesmente de produzir meros dados estatísticos, mas de registrar a história da luta de uma classe explorada, excluída e violentada. Segundo Dom Ionilton, “trata-se de um trabalho construído coletivamente, envolvendo agentes da CPT em todos os níveis e as várias equipes de documentação, contando com a contribuição dos movimentos sociais, sindicatos, igrejas e outras organizações e entidades que atuam no meio rural.



Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

2 comentários:

  1. Parabéns CPT, pela fidelidade a esse Deus que se faz presente na história dos camponeses que dão duro pela sobrevivencia, mas sobretudo dão um verdadeiro testemunho de cuidado com a vida das pessoas e da natureza, em harmonia na Casa comum.

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  2. Parabéns CPT, Arquidiocese de Manaus, CNBB,pelo brilhante trabalho que presta ao povo brasileiro. Trabalho de grande envergadura, abrangência, seriedade, credibilidade e alcance social.Muitas pessoas já se beneficiaram desse importante labor, que o saudoso padre Josimo Moraes Tavares, deu a vida. Congratulações...

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