Desde o início de sua existência em 1975, a Comissão Pastoral da Terra registra os conflitos que envolvem os trabalhadores e as trabalhadoras do campo e denuncia a violência sofrida por eles e elas, violências como despejos e expulsões, assassinatos, ameaças de morte, prisões.
Mais uma vez, a CPT apresenta
nesta segunda-feira, 20 de setembro, o Caderno de Conflitos na Amazônia. O faz, “na memória de
Dom André, Dom Enemésio, Dom Tomás Balduino, Dom Pedro Casaldáliga e Dom Jorge
Marskell”, segundo Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira, bispo da Prelazia de
Itacoatiara e presidente interino da CPT. Ele faz “memória de todos os Agentes
Voluntários e Contratados e todos os camponeses já falecidos, especialmente
quem morreu pela Covid”.
Dom Ionilton também saúda os Agentes
da CPT de nosso Regional Amazonas: Irmã Agostinha, Maiká e Ana Virgínia. O
bispo agradece o trabalho da CEDOC (Centro de Documentação, e todas as pessoas
que colaboraram para que pudéssemos ter o Caderno Conflitos no Campo Brasil
2020.
É um trabalho que começou em 1985,
em que a CPT criou um setor de Documentação para colher as informações sobre as
violações aos direitos humanos no campo e sistematizá-las. Esses dados foram
publicados em um relatório que se chamou Conflitos no Campo Brasil, que
também ficou conhecido como Caderno de Conflitos. Desde 2011 as informações estão disponíveis na página da CPT: www.cptnacional.org.br.
A partir de 2013, o setor passou a
se denominar Centro de Documentação Dom Tomás Balduino. O trabalho realiza o
tratamento e organização de documentos, tendo a sua atuação pautada não só pela
mera organização documental, mas pela análise crítica e aprofundada desse
material, no intuito de organizar o registro da luta e da história dos
movimentos sociais do campo e a luta de posseiros/as, pequenos/as
agricultores/as, acampados/as, assentados/as, assalariados rurais, indígenas,
quilombolas e tantas outras comunidades tradicionais.
Segundo
Dom Ionilton, documentar se faz necessário por fidelidade “ao Deus dos
pobres, à terra de Deus e aos pobres da terra”, como está explicito em sua
missão. O bispo afirma que a documentação possui as seguintes dimensões: Teológica
– de acordo com a história bíblica, Deus ouve o clamor do seu povo e está
presente na luta dos trabalhadores; Ética – porque a
luta pela terra é uma questão de justiça e deve ser pensada no âmbito de
uma ordem social justa.
Junto com isso, ele fala da dimensão
Política – o registro da luta é feito para que o
trabalhador, conhecendo melhor sua realidade, possa com segurança assumir sua
própria caminhada, tornando-se sujeito e protagonista da história. Também a
dimensão Pedagógica – o conhecimento da realidade ajuda a reforçar a
resistência dos trabalhadores e a forjar a transformação necessária da
sociedade.
Outra dimensão é a Histórica –
todo o esforço e toda luta dos trabalhadores de hoje não podem cair no
esquecimento e devem impulsionar e alimentar a luta das gerações futuras, e a Científica
– a preocupação de dar um caráter científico à publicação existe não em si
mesma, mas para que o acesso aos dados possa alimentar e reforçar a luta dos
próprios trabalhadores.
Parabéns CPT, pela fidelidade a esse Deus que se faz presente na história dos camponeses que dão duro pela sobrevivencia, mas sobretudo dão um verdadeiro testemunho de cuidado com a vida das pessoas e da natureza, em harmonia na Casa comum.
ResponderExcluirParabéns CPT, Arquidiocese de Manaus, CNBB,pelo brilhante trabalho que presta ao povo brasileiro. Trabalho de grande envergadura, abrangência, seriedade, credibilidade e alcance social.Muitas pessoas já se beneficiaram desse importante labor, que o saudoso padre Josimo Moraes Tavares, deu a vida. Congratulações...
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