Um país dividido, onde o enfrentamento está se tornando uma
realidade perigosa, onde a luta por direitos, por vida para todos se tornou uma
urgência, comemorava neste 7 de setembro o Dia da Pátria. As ruas de muitas
cidades se tornaram palco de manifestações, de um lado os apoiadores do atual presidente,
do outro aqueles que reclamavam por um país com maior igualdade e direitos para
todos.
A Igreja católica, desde 1995 em que aconteceu o 1º Grito
dos Excluídos defendeu essa Vida para todos em primeiro lugar. Ao longo dos
anos, essa procura por vida foi se concretizando de diferentes modos. Em 2021,
o 27º Grito dos Excluídos e Excluídas, centrou sua luta na participação
popular, saúde, comida, moradia, trabalho e renda, lutas urgentes num país que
passa por momentos de grave dificuldade.
Tem sido muitas as dioceses no país que tem organizado este
momento neste 7 de setembro, onde além das Pastorais Sociais, diversos
movimentos sociais, sindicatos, partidos políticos, têm clamado por soluções
diante da crise atual, com grande aumento da fome e do desemprego, da população
de rua, e das ameaças aos direitos dos povos originários reconhecidos pela
Constituição Federal.
Em Manaus, o ato contou com a presença do arcebispo local,
Dom Leonardo Ulrich Steiner. Ele insistiu na necessidade de fazer uma leitura
da realidade, de lermos as necessidades marcadas neste ano de 2021 para o Grito
dos Excluídos e Excluídas. O arcebispo insistiu em que a Vida está em primeiro
lugar, “não o dinheiro, não a ganância, não o prazer, não a dominação, mas a
vida. A vida que somos nós, a vida que são os pobres, a vida que são os
necessitados, a vida que são os doentes, a vida que são as crianças, a vida que
são as mulheres, tão atacadas ultimamente, a vida dos nossos irmãos e irmãs,
são os negros, os indígenas”.
O arcebispo de Manaus enfatizou que “o ser humano deve estar
em primeiro lugar, mas o ser humano não vive só, ele vive com as criaturas, com
a natureza”. Por isso, Dom Leonardo fez um chamado a “nos movimentarmos cada
vez mais no cuidado com a natureza”, denunciando que quando não cuidamos da natureza,
não estamos cuidando da vida. Isso faz com que “nós acabamos nos enterrando a
nós mesmos, destruindo a nós mesmos”, segundo o arcebispo.
Lembrando os elementos presentes no lema do 27º Grito dos
Excluídos e Excluídas, o arcebispo lembrou “quantas pessoas sem moradia,
quantas pessoas sem comida”, recordando que a Arquidiocese de Manaus, através
da Caritas e das comunidades, atende oitenta mil pessoas. Junto com isso, Dom
Leonardo abordou a necessidade da busca pela paz, “num momento de muita
dificuldade, um momento de tanta tensão, de tanta violência, violência nas palavras,
violência nos gestos, tantas agressões”, algo presente na política, na justiça,
no poder, realidades diante das quais, “as vezes ficamos de braços cruzados”.
Nessa conjuntura, o Grito dos Excluídos e Excluídas tem que
ser “momento de nos manifestarmos, de novo de dizermos da necessidade de
marcarmos presença como cristãos, de marcarmos presença como cidadãos e cidadãs,
para que não se perca nenhum dos nossos irmãos e irmãs”, segundo o arcebispo de
Manaus. Ele chamou a “fazer ecoar o grito daqueles homens e daquelas mulheres
que estão excluídas da justiça, da educação, da saúde, da moradia, da ecologia”.
Um grito por vida, por vida para todos e todas, em primeiro lugar, a exemplo de
Jesus que veio para que todos tenham vida em abundância.
Nenhum comentário:
Postar um comentário