Setembro é o Mês da Bíblia, uma oportunidade para
entender o papel fundamental que ela tem na vida de todo cristão. Infelizmente,
a Bíblia se tornou um enfeite na vida de muitos cristãos, ela fica no estante,
inclusive é carregada em baixo do braço, mas não é uma luz que ilumina a vida
cotidiana.
Muitos veem a Bíblia como um texto do passado,
ignorando sua atualidade, pois nela aparecem situações que fazem parte da vida
da gente. Na medida em que vamos aprofundando em seu conhecimento, entendendo o
contexto em que foi escrita, vamos descobrindo que ela nos fala sobre
realidades atuais. Mas para isso se faz necessário estuda-la em profundidade.
No Brasil, desde há 50 anos, a Igreja católica fez a
proposta de cada ano estudar, refletir e conhecer um dos livros da Bíblia. Uma
prática que começou em Belo Horizonte com as irmãs Paulinas, foi se espalhando
pelo Brasil até alcançar todos os cantos do país, se tornando um exercício
comum na vida de muitas paróquias, comunidades e grupos de fé ao longo do país.
Em 2021, o livro que a Conferência Nacional dos Bispos
do Brasil propõe para a reflexão é a Carta de São Paulo aos Gálatas. A
realidade dos cristãos que moravam na Galácia, uma província romana na atual
Turquia, podemos dizer que reflete situações presentes na sociedade e na Igreja
católica de hoje. Seu problema, e isso se torna uma preocupação para Paulo, era
seu desejo de voltar ao passado, de recuperar tradições que eles tinham vivido
e superado no tempo em que eram judeus.
O saudosismo é uma atitude cada vez mais presente,
cada vez proliferam mais aqueles que querem retomar regimes políticos, modos de
viver a fé, formas de entender a vida, que pareciam ter sido superados. Frente
a isso, a defesa da liberdade, um elemento fundamental na religião cristã, é a
bandeira defendida pelo apóstolo Paulo.
Junto com isso, estamos diante de um texto que promove
a unidade em torno a Cristo, aglutinador de todos aqueles que foram se tornando
discípulos e discípulas dele. Mais uma vez, a Bíblia, a Carta aos Gálatas, nos
mostra a necessidade de crescer no respeito mútuo e no diálogo, uma atitude
urgente e fundamental nos dias de hoje, em que o enfrentamento é incentivado,
inclusive por aqueles que deveriam fomentar a concórdia e o entendimento.
Resulta surpreendente escutar da boca de gente que se
apresenta como exemplo de cristão, palavras que incentivam atitudes que não
respondem à proposta que a Bíblia faz para nós. Mais uma vez, isso nos leva a
refletir sobre o uso indevido do Livro Sagrado, se aproveitando do nome de Deus
para satisfazer interesses pessoais. Daí o convite a aprofundar no conhecimento
do Texto Sagrado e entender aquilo que Deus está nos querendo comunicar através
dele: vida em plenitude para todos e todas.
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