sábado, 9 de outubro de 2021

Do Rio Japura ao Rio Negro, um relato de uma vocação missionária


A história da Igreja da Amazônia relata a vida de muitos missionários que fizeram da missão uma aventura. Não tinha outro modo de chegar onde muitos deles chegaram, até as cabeceiras de rios e igarapés, até lugares impensáveis, inclusive hoje, numa região onde a distância e o tempo são medidos de forma diferente.

Uma dessa histórias é a do espiritano holandês Roberto Van Meegeren, missionário na Amazônia brasileira por mais de duas décadas. Entre suas andanças está a viagem desde Tefé até Pari Cachoeira, distrito do município de São Gabriel da Cachoeira, na beira do Rio Tiquié, na bacia do Rio Negro, iniciada no dia 27 de setembro de 1954 e encerrada no dia 8 de janeiro de 1955, um percurso que ainda hoje resulta difícil de imaginar, ainda mais de realizar.

Estamos diante de uma história relatada com detalhe pelo missionário, que acaba de ser publicada na Editora Chiado, por outro missionário espiritano, o português Firmino Cachada, que define a viagem como “uma gesta épica”, numa região que “ainda hoje permanece bastante ignorada do resto do mundo”. Segundo o padre Cachada, “essas viagens rio acima e ria abaixo faziam simplesmente parte da vocação missionária que tinha abraçado”, sem negar que essa viagem poderia ser considerada, como “ultrapassar o bom senso”.



Mas acima de tudo estamos diante de “uma fonte de conhecimento impar dessa realidade geofísica e antropológica, não só do mundo indígena, mas também da sociedade cabocla dessa região central da Amazônia em meados do século passado”, afirma o padre Firmino Cachada.  

De fato, no relato do padre Roberto pode se perceber o sofrimento que ele experimentou, o cansaço extenuante, mas também a vida do povo e seu modo de sobrevivência. Foi o povo, indígenas e ribeirinhos que acompanharam o padre Van Meegeren nas suas andanças, nas relatadas no livro e tantas outras ao longe de sua extensa missão na Prelazia de Tefé.

O lançamento deste livro, realizado na comunidade Cristo Luz dos Povos, da paróquia Cristo Redentor, de Manaus, acompanhada pelos Missionários Espiritanos, foi um momento de recordar e também fazer memória desses missionários e missionárias que vinham para a Amazônia, e continuam a vir, e fazem essas experiências e se fazem presença junto ao povo, junto às comunidades. Buscando viver anunciar e testemunhar o Evangelho, mas também conhecer a história, a vida, do povo amazônico, segundo relata o diácono Francisco Lima.



Os Missionários Espiritanos chegaram em Tefé nos idos de 1897, se assentando no lugar ainda hoje conhecido como Missão, onde o padre Roberto trabalhou, como foi resgatado neste livro. O secretário executivo do Regional Norte 1, incardinado na Prelazia de Tefé, que foi auditor no Sínodo para Amazônia, que está completando dois anos de sua Assembleia Sinodal, afirma que esse livro é oportuno nesse momento que a gente vive, um tempo de graça em que a gente continua semeando o processo do Sínodo para a Amazônia, o processo da caminhada da Igreja nessa região.

Segundo Francisco Lima, que participou do lançamento do livro, foi “um momento muito bom da gente fazer essa memória e resgatar essa história desse missionário que viveu aqui na nossa região e que gastou sua vida aqui junto aos nossos povos”.



Luis Miguel Modino, assessor de comunicação Regional Norte 1

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