quinta-feira, 16 de junho de 2022

Corpus Christi: por que a Eucaristia é privilégio só de alguns?


Corpus Christi, a festa do Corpo e Sangue de Cristo, a festa da Eucaristia, da fonte e ápice da vida cristã. Mas o que isso significa na vida cristã? Como possibilitar que a Eucaristia seja uma realidade presente em toda comunidade?

Uma das grandes polémicas do Sínodo para a Amazônia, muitas vezes alimentada por grupos que em pouco ou nada conhecem a realidade amazônica, foi a denominada “ordenação de homens casados”. Na verdade, o discutido foi como possibilitar a celebração da Eucaristia e dos outros sacramentos que são presididos pelos presbíteros nas comunidades da Amazônia.

Existem comunidades no interior da Amazônia, sobretudo nos rios e igarapés mais distantes, onde a celebração da Eucaristia e dos outros sacramentos que precisam da presença do padre, acontece uma vez por ano, inclusive a cada vários anos, uma situação que a Igreja da Amazônia quer que seja refletida.

Na semana passada, o IV Encontro da Igreja católica na Amazônia Legal, realizado em Santarém, fazendo memória do encontro de 1972, que tanto marcou a vida da Igreja na região nos últimos 50 anos, voltou de novo a colocar no Documento Final, como já tinha sido colocado no Documento Final do Sínodo para a Amazônia, a questão da ordenação de diáconos casados, buscando resolver o problema da falta de Eucaristia em muitas comunidades amazônicas.





O problema tem a ver com uma questão pastoral, que faça possível algo que é fundamental na vida dos batizados e batizadas, participar do banquete eucarístico. Será que está em pecado aquele povo que mora em muitas comunidades distantes, na Amazônia, mas também pelo Brasil afora, em relação com o primeiro mandamento da Igreja: “Ouvir Missa inteira nos domingos e festas de guarda”?

Urge retomar o espírito e a vivência das primeiras comunidades cristãs e descobrir nelas o sentido da Eucaristia, como momento de encontro e partilha. Partir o pão tem que nos levar a viver a partilha, a dividir o pão com aqueles que devem ser vistos como nossos irmãos e irmãs, sabendo que eles são os prediletos de Deus. Eucaristia e caridade têm que ser duas faces da mesma moeda.

Celebrar a Solenidade de Corpus Christi é oportunidade para refletir e contemplar o Mistério da Eucaristia, para descobrir esse Deus que se torna alimento que sustenta nossa vida cotidiana e para buscar caminhos para que isso possa ser realizado na vida de todos os batizados e batizadas. Sejamos conscientes que a Eucaristia não é uma devoção intimista e sim celebração comunitária, que nos impulsiona para contemplar a realidade com um olhar diferente.



Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 - Editorial Rádio Rio Mar

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