Corpus Christi, a festa do Corpo e Sangue de Cristo, a
festa da Eucaristia, da fonte e ápice da vida cristã. Mas o que isso significa
na vida cristã? Como possibilitar que a Eucaristia seja uma realidade presente
em toda comunidade?
Uma das grandes polémicas do Sínodo para a Amazônia,
muitas vezes alimentada por grupos que em pouco ou nada conhecem a realidade
amazônica, foi a denominada “ordenação de homens casados”. Na verdade, o discutido
foi como possibilitar a celebração da Eucaristia e dos outros sacramentos que
são presididos pelos presbíteros nas comunidades da Amazônia.
Existem comunidades no interior da Amazônia, sobretudo
nos rios e igarapés mais distantes, onde a celebração da Eucaristia e dos
outros sacramentos que precisam da presença do padre, acontece uma vez por ano,
inclusive a cada vários anos, uma situação que a Igreja da Amazônia quer que
seja refletida.
Na semana passada, o IV Encontro da Igreja católica na
Amazônia Legal, realizado em Santarém, fazendo memória do encontro de 1972, que
tanto marcou a vida da Igreja na região nos últimos 50 anos, voltou de novo a
colocar no Documento Final, como já tinha sido colocado no Documento Final do
Sínodo para a Amazônia, a questão da ordenação de diáconos casados, buscando
resolver o problema da falta de Eucaristia em muitas comunidades amazônicas.
O problema tem a ver com uma questão pastoral, que
faça possível algo que é fundamental na vida dos batizados e batizadas,
participar do banquete eucarístico. Será que está em pecado aquele povo que
mora em muitas comunidades distantes, na Amazônia, mas também pelo Brasil afora,
em relação com o primeiro mandamento da Igreja: “Ouvir Missa inteira nos
domingos e festas de guarda”?
Urge retomar o espírito e a vivência das primeiras
comunidades cristãs e descobrir nelas o sentido da Eucaristia, como momento de
encontro e partilha. Partir o pão tem que nos levar a viver a partilha, a
dividir o pão com aqueles que devem ser vistos como nossos irmãos e irmãs, sabendo
que eles são os prediletos de Deus. Eucaristia e caridade têm que ser duas
faces da mesma moeda.
Celebrar a Solenidade de Corpus Christi é oportunidade
para refletir e contemplar o Mistério da Eucaristia, para descobrir esse Deus que
se torna alimento que sustenta nossa vida cotidiana e para buscar caminhos para
que isso possa ser realizado na vida de todos os batizados e batizadas. Sejamos
conscientes que a Eucaristia não é uma devoção intimista e sim celebração
comunitária, que nos impulsiona para contemplar a realidade com um olhar
diferente.
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