Uma agenda carregada, mas cheia de momentos marcantes,
que ajudam a viver a catolicidade e a comunhão, a encontrar caminhos comuns
entre o Papa, a Cúria Vaticana e as Igrejas locais, a tecer o caminho da sinodalidade.
No segundo dia da visita ad limina dos bispos dos Regionais Norte1 e Noroeste
da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a jornada começou com a
celebração da Eucaristia na Basílica de São João de Latrão, “a catedral do Bispo
de Roma”.
Presidida por Dom Adolfo Zon, no dia em que completou
36 anos de ordenação presbiteral, o Bispo da Diocese do Alto Solimões convidou
seus irmãos a rezar pelas suas igrejas locais, a viver e caminhar em uma Igreja
Santa, Católica e Apostólica. Segundo o bispo, “uma Igreja que está
fundamentada nessa pedra fundamental que é Cristo, ela deve transformar toda a
humanidade no templo de Deus, onde Deus se faz presente, onde Deus se manifesta
como o Deus conosco”.
Uma Igreja que “se faz presente para resgatar a dignidade
dos filhos e filhas de Deus e assim transformar nossa humanidade em uma autêntica
presença de Deus nas nossas vidas e nas nossas igrejas locais”, segundo Dom
Adolfo Zon. Ele afirmou que “somos privilegiados por poder vivenciar no dia a
dia essa construção dessa Igreja”, chamando a sair fortalecidos para espalhar a
graça de Deus pelos territórios a eles confiados.
Bispos, Doutrina da Fé, Leigos, Família e Vida, e a Vida
Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica foram os 4 dicastérios visitados
pelos bispos na terça-feira. Encontros marcados por uma agenda que nem sempre
dá para aprofundar em todas as questões, mas que ajudam a ter uma visão geral
dos diferentes dicastérios e partilhar situações presentes nas diferentes
igrejas particulares, neste caso da Amazônia brasileira, segundo relatam os
bispos.
Presididos pelo cardeal Marc Oullet, o Cardeal Luis
Ladária, o Padre Alexandre Awi Mello e o Cardeal Braz de Aviz, alguns bispos
destacam a presença de mulheres nas equipes que fazem parte dos dicastérios,
algo valorizado positivamente. Os bispos enfatizam o espírito dos encontros,
que definem como momentos de conversa, de escuta, não de discurso, algo que já
se fez presente no encontro com o Papa Francisco, acontecido na segunda-feira, dia
em que começou a visita ad limina, que será encerrada na sexta-feira, 24 de
junho.
O diálogo e a escuta estão se concretizando como atitudes
fundamentais na atual Cúria Vaticana, que sabe reconhecer que nem tudo é
conhecido nos dicastérios, algo valorizado pelos bispos. Eles também destacam a
clareza diante dos questionamentos e dúvidas, buscando respostas marcados por
um sentido muito pastoral.
Tanto o Papa como desde os dicastérios existe na
opinião dos bispos uma grande apertura e um grande impulso para que avancem, sem
medo, mesmo com a possibilidade de errar. Quando o erro acontece, não por má
vontade, mas pelos erros que fazem parte do caminho, o chamado é para voltar
atrás e recomeçar. Nesse sentido, o Direito Canónico não pode ser visto como
algo que leve a ter medo de errar, segundo os bispos. O importante é caminhar,
e o erro nem sempre pode ser visto como irresponsabilidade, pois o caminho se
faz caminhando.
Escuta, clareza, com pontos já definidos a partir de
outras experiências, e caminhar, mesmo com o risco de errar, sabendo que sempre
pode pedir desculpas, voltar e continuar caminhando para frente.
Aqueles bispos que já participaram de outras visitas
ad limina afirmam que aquelas eram marcadas pelas falas da Cúria, respondendo a
perguntas que eram previamente enviadas pelos bispos. Um estilo que não era
dialogal, mais marcado por relatórios e respostas a partir de documentos, que
em alguns momentos provocou situações de tensão. Agora, insistem os bispos, a
partir da realidade se busca como caminhar e avançar, um outro estilo bem, bem
diferente, onde os bispos dizem se sentir à vontade, pudendo conversar em um
clima de serenidade, sem medo ao que possa acontecer diante das falas dos
bispos.
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