terça-feira, 11 de outubro de 2022

CNBB condena veementemente "exploração da fé e da religião como caminho para angariar votos”


A atual situação política brasileira, agravada pela campanha para o segundo turno da eleição presidencial, a ser realizado em 30 de outubro, provocou diversas reações da hierarquia católica no país.

Na semana passada, foi o arcebispo de Belém (PA), Dom Alberto Taveira, que reagiu à presença do Presidente Bolsonaro, candidato à reeleição, nos eventos em torno do Círio de Nazaré. Nesta segunda-feira, 10 de outubro, foi o Arcebispo de Aparecida, Dom Orlando Brandes, que mais uma vez reagiu à presença do presidente, especialmente em um Terço a ser realizado no dia 12 de outubro, festa da Padroeira do Brasil.

Na mesma linha, a presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) emitiu uma nota na qual, a partir da citação do Livro do Eclesiástico na qual diz que "Existe um tempo para cada coisa", eles dizem lamentar "a intensificação da exploração da fé e da religião como caminho para angariar votos no segundo turno".

Segundo a presidência do episcopado brasileiro, que se pronunciou com força, "Momentos especificamente religiosos não podem ser usados por candidatos para apresentarem suas propostas de campanha e demais assuntos relacionados às eleições. Desse modo, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lamenta e reprova tais ações e comportamentos".



Suas palavras são entendidas por muitos como uma crítica às atitudes do atual presidente, embora evidentemente nenhum dos nomes que concorrem à presidência do país neste segundo turno seja mencionado a qualquer momento.

Diante de um fenômeno cada vez mais presente no país, os bispos insistem que "a manipulação religiosa sempre desvirtua os valores do Evangelho e tira o foco dos reais problemas que necessitam ser debatidos e enfrentados em nosso Brasil". Diante de tais atitudes, eles afirmam que "é fundamental um compromisso autêntico com a verdade e com o Evangelho.".

Portanto, na nota é ratificado "que a CNBB condena, veementemente, o uso da religião por todo e qualquer candidato como ferramenta de sua campanha eleitoral". Diante deste tipo de atitude, apoiada por grupos de diferentes igrejas cristãs, especialmente do Pentecostalismo Evangélico, mas também de setores da Igreja Católica, os bispos convidam todos os cidadãos, "na liberdade de sua consciência e compromisso com o bem comum, a fazerem deste momento oportunidade de reflexão e proposição de ações que foquem na dignidade da pessoa humana e na busca por um país mais justo, fraterno e solidário".



Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

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