No quarto
domingo da Páscoa, Dom Leonardo Steiner começou sua reflexão lembrando que “celebramos
passagem de Jesus: da morte para vida! das trevas para a luz! Passagem, pois
não só recorda a morte e ressurreição do Senhor, mas também que nós passamos da
morte à vida. Não pertencemos mais à morte. Foi-nos oferecida a vida. Esperamos
participar definitivamente da vitória sobre a morte; triunfo manifestado, visibilizado
na ressurreição de Jesus”, citando a Santo Agostinho.
Neste
domingo, “Jesus se apresenta como aquele que cuida das
ovelhas e nos convida a uma nova passagem: “Eu sou a porta”. Por
ser passagem, Jesus, no Evangelho, é o Bom Pastor, a quem as ovelhas escutam e
seguem, ele chama a cada uma pelo nome, caminha com as ovelhas, e elas conhecem
e reconhecem a sua voz, mas não reconhecem a voz de estranhos”, segundo o
arcebispo de Manaus.
O
cardeal lembro quem era e qual a função do pastor, cuidar das ovelhas, “quase
sempre estava a serviço de outra pessoa; cuidava das ovelhas de outros.
Dedicado, cuidadoso, conhecia cada uma das ovelhas, dava nome a cada uma, para
onde ele ia as ovelhas acompanhavam. Quando ele chamava, elas obedeciam, pois
reconheciam a sua voz: ele sempre estava com elas, não as abandonava. Ele as
protegia e as defendia. Ele estava dia e noite cuidado elas. Esse estar dia e
noite criava laços de confiança, de segurança. As ovelhas sabiam que podiam
seguir o pastor. Ele era tão cuidadoso que as conduzia a lugares onde havia pastagens
e fontes. Conduzidas por ele não passavam nem fome e nem sede, pois Ele
acompanha, conduz, cuida, alimenta, oferece fontes de água viva”.
Uma
imagem que ele aplica ao seguimento de Jesus, “na tentativa de vivermos o
Evangelho vamos nos deixando guiar, conduzir, alimentar, saciar por ele. Ele
cuida de nós, vela por nós. E na medida em que meditamos as suas palavras vamos
distinguindo a sua voz da voz dos estranhos. Vamos percebendo como e por onde
ele nos conduz”, recordando as palavras de Santo Agostinho, em que mostra as
atitudes do pastor: “Procurarei a ovelha perdida,
reconduzirei a desgarrada, enfaixarei a quebrada, fortalecerei
a doente e vigiarei a ovelha gorda e forte. Vou apascentá-las conforme o direito”.
Dom
Leonardo lembrou que Jesus é “a porta, a passagem; passagem de salvação, de
libertação. Jesus a porta porque nossa vida, nosso caminho! Uma porta estreita,
larga, generosa. Nela passamos todo-inteiros, necessitamos apenas deixar do
lado de fora as sobras, os empecilhos”.
Uma
porta que nem sempre vemos: “pode, no entanto, acontecer que não vejamos mais a
porta, a abertura, a saída, a passagem. Manifestam-se os momentos em que não
entrevemos mais a passagem entre a dor, sofrimento, morte e a vida. Não
enxergamos mais a porta. Os momentos mais difíceis onde perdemos a referência, o
sentido. Quando tocados na profundidade de nosso ser, atingidos no convívio
amoroso e nos sentimos, no sem sentido da morte de um filho, da esposa, do
esposo, de nosso pai, de nossa mãe, pode acontecer que não vejamos mais a
porta, a saída. Às vezes quando somos assaltados pela doença grave, incurável,
as portas todas não apenas se fecham, mas elas simplesmente não existem mais.
Quantas pessoas na depressão, na angústia, no desespero, não encontram mais a
porta. E parece, desaparecer a passagem. E Jesus nos diz: Eu sou a porta! Ele
sempre é a passagem, uma nova possibilidade, a realização da vida plena”.
Jesus “a porta da fé”, como diz Atos, “que introduz na vida de comunhão
com Deus e permite a entrada na sua Igreja, está sempre aberta para nós. É
possível cruzar este limiar, quando a Palavra de Deus é anunciada e o coração
se deixa plasmar pela graça que transforma”, lembrando as palavras de Bento
XVI. “A porta da fé que nos conduz ao banquete da vida, até a vida eterna. A
porta da salvação!”, reforçou Dom Leonardo.
Segundo o cardeal, “Eu
sou a porta, eu sou a passagem, significa que Jesus é o lugar de acesso para
que possamos encontrar o significado da vida e o espaço, a paisagem que dão vida.
Passar pela porta significa aderir a Ele, segui-lo, acolher a sua vida o seu
modo de viver. As ‘ovelhas’ que passam pela porta que é Jesus os que aderem a
Ele, podem passar para a terra da liberdade onde encontrarão pastos
verdejantes, isto é, vida em plenitude. Jesus porta, passagem, pois só procura
que deseja que cada pessoa encontre vida em plenitude”.
“Ele
vai abrindo a porta do consolo, do perdão, da reconciliação, da fraternidade,
da esperança, da fé, do amor expansivo. Quantas portas Ele vai abrindo através
da Palavra, dos sacramentos, da caridade, da solidariedade? A porta que
possibilita a reconciliação, a paz! Paz tão necessitada e desejada. E Jesus a
abrir passagens para mundo sempre mais amplo, livre, liberto, fraterno, amoroso”,
lembrou o cardeal.
Dom
Leonardo convidou a nesse tempo pascal “reconhecer a Jesus como Aquele que
cuida de nós, está conosco, nos acompanha nos caminhos difíceis e esburacados,
enlameados; O Ressuscitado está conosco na travessia, na busca da outra margem,
na busca de outras lugares que alimentam, a outras fontes que refrescam a nossa
vida; está conosco em todos os momentos, em todos os lugares, não nos abandona,
porque deu sua vida por nós”.
Segundo
o arcebispo, “Jesus provavelmente a nos convidar a sermos porta, passagem.
Porta da vida: a mãe, o pai que geram vida e dela cuidam. São passagem da vida
e da fé. Passagem da maturação, da percepção do amor como realização de uma
existência. As nossas famílias como porta, pois ali se faz a experiência da
entrega, do perdão, da maturação do existir. Sermos porta da passagem da solidariedade,
do encontro. Porta passagem da oração, da prece em comunidade. Porta quando
somos passagem da reconciliação, perdão. Porta quando deixamos passagem à paz
para superação da violência, da morte. Quantas vezes cai a noite, sopra o vento contrário, o nosso barco é
sacudido pelo banzeiro, e somos tomados pelo medo. Abrir a nossa porta para que
Jesus nos conduza, cuide, fortaleça, conforte”.
Recordando
que hoje celebramos o Dia Mundial de Oração pelas Vocações, e no Ano Vocacional,
que nos ensina que “Vocação: graça e missão”, Dom Leonardo afirmou que “Papa
Francisco retomando o tema do ano vocacional a insistir que que a vocação é
graça, mas também missão. Somos convidados a redescobrir o chamado de Deus como
graça, dom gratuito e, ao mesmo tempo, descobrir a necessidade de partir, sair
para levar o Evangelho. Somos chamados e enviados a testemunhar a vida do
Evangelho. Somos animados e fortificados pelo Espírito! No Espírito somos
despertados vocacionalmente e enviados. Somos como discípulos missionários
interpelados pelas periferias existenciais, pelos dramas humanos, pelo
desarranjo da Casa Comum. E como discípulos, discípulas,
missionários levamos a graça do Reino de Deus”.
Um dia em que somos chamados pelo Papa a refletir sobre a vocação como “dom e tarefa, fonte de vida nova e de verdadeira alegria”, chamando a cultivar as vocações. Uma oração na qual também somos conduzidos por São Paulo VI, afirmou o cardeal. Por isso, Dom Leonardo finalmente pediu: “Senhor, abre a porta; ensina-nos a passagem. Ensina-nos a passar da morte para a vida. Conduz nossos passos a lugares de verdes pastagens e fontes de água viva. Ensina-nos a ser passagem. Amém!”.
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