Recordando as palavras do Salmo Responsorial: “Se hoje ouvirdes a voz do Senhor, não fecheis os vossos corações”. Iniciou o cardeal Leonardo Steiner a homilia do 23º domingo do Tempo Comum, fazendo um chamado a “manter um coração aberto, coração livre, um coração tomado pelo amor salvífico e transformativo”.
Ele lembrou que “o texto sagrado a nos pedir
que abramos nosso coração, as nossas relações, saíamos ao encontro daqueles que
desconvivem do amor”. Segundo o arcebispo de Manaus, “somos
chamados a incluir, jamais a excluir. Por isso, o Evangelho a nos
colocar a caminho na busca do irmão, da irmã. Despertar para a grandeza, a
nobreza do conviver, da fraternidade, da familiaridade, da comunidade, da
Igreja. O caminho é significativo, pois
não deseja livrar-se das diferenças e dos conflitos, mas manter-se na graça da
familiaridade”.
Citando o texto evangélico:
“se teu irmão pecar contra ti, vai corrigi-lo”, ele destacou que “o pecado, o
afastamento, o rompimento, não leva à exclusão, mas à busca fraterna. É um
empenho atento e diligente, fraterno e acolhedor, ocupado em animar e admoestar
da melhor maneira possível o irmão, a irmã. Por isso, se não consegue sozinho
busca a ajuda de outro irmão e outra irmã.
E na busca de despertar para a beleza do amor, se for necessário, a
ajuda da Comunidade”. Tudo para podermos manifestar a alegria: “tu ganhaste o teu irmão”,
disse.
“Se um filho, uma filha
se afasta, se retira da família, e vive com pessoas que diminuem a dignidade e
a justiça como a droga, a violência, a mãe, o pai, um dos irmãos, irmãs,
conversa, dialoga, tenta trazer de volta o irmão para a graça do convívio familiar”,
lembrou o cardeal. Quando “não consegue! Então, convida, mais um ou dois
irmãos, na tentativa de acordar o irmão, a irmã. Pode acontecer de também não
toquem o coração do irmão que tomou outros caminhos. A família toda se reúne,
conversa, reflete o que será possível fazer para salvar o irmão, a irmã. Na
receptividade, no calor da familiaridade o pai, a mãe, os irmãos mais velhos e
os pequeninos de três ou quatro anos pedem, insistem para que o irmão volte
para o aconchego da casa, da família”, enfatizou.
“Se toda essa busca e
oferta não o devolver à graça da família, ele se exclui”, lembro dom Leonardo
Steiner, citando o texto do Evangelho: “seja tratado como se fosse um pagão ou
um pecador público”. Ele disse que “não foi excluído, não foi rejeitado, não foi
condenado. Ele mesmo se declara fora de uma relação que poderia levá-lo a uma
vida em plenitude e a experimentar a grandeza de ser filho e filha de Deus.
Ninguém o excluiu, ele colou-se a beira do caminho. E a família continuará a
considerá-lo, irmão, um filho. Deus não exclui ninguém de seu amor. Somos nós
que nos excluímos, nos afastamos”.
O cardeal reafirmou que
“o que está em jogo, não é a busca de um fraternismo ou de uma comunidade sem
conflitos, desencontros e ofensas de modo que proporcione um ambiente
agradável, gostoso de se viver”. Segundo o Evangelho, disse o purpurado, “a
ofensa de um irmão deve ser sempre recebida como graça, bênção, ganho, jamais
como perda, malefício. Por isso, devemos amar e ter como nossos maiores amigos
aqueles que nos maltratam, caluniam. Amigo que é amigo, irmão que é irmão nunca
necessita de perdão porque jamais se sente ofendido prejudicado pelo irmão. Por
isso, Deus, da parte Dele, por exemplo, não precisa que lhe peçamos perdão, mas
que nos convertamos a Ele, isto é, que vivamos voltados, virados, unidos a Ele
como filhos, como filhas”.
Inspirado no comentário
ao Evangelho de Fernandes, M.A., Fassini, D., ele disse que “na verdade, esse é
o único pecado: estar desligado, afastado, separado de Deus e, por extensão, da
sua Comunidade. Por isso, quem precisa pedir perdão somos nós. O que está em
jogo é a correção, isto é, a grande corrida de toda a comunidade na busca do ser
fraterno comum; correção vem de correr; que todos se ergam, se levantem e se
ponham de pé a fim de correr na busca da raiz comum que nos torna irmãos,
irmãs, uns dos outros”.
Lembrando
o texto da Carta aos Romanos, dom Leonardo Steiner insistiu em que “o amor só
faz bem! Busca o irmão, a irmã que se afastou, que trilha caminhos que levam à
ilusão, ao isolamento, a desagregação. Amar o próximo como a nós mesmos é
expressão do amor que recebemos. O amor com que fomos amados”.
Em relação ao ensinamento
de Jesus, onde ele diz “seja considerado como se fosse um pagão ou pecador
público”, destacou “como é extraordinário esse ensinamento: como se fosse. Não
seja considerado pagão ou pecador público. Jesus não condena, nem exclui. O que
Jesus diz é apenas que seja tratado como se fosse. Ou seja, ele não está
fora. É como se fosse, se estivesse fora. Como se disséssemos: tu continuas
sendo um cristão, um seguidor de Jesus Cristo e, por isso, um irmão nosso,
continua parte da nossa comunidade. Venha, unir-te de novo à sua família, à sua
comunidade. Deixe de viver separado! Converta-te!”.
“A Palavra de Deus a
nos animar a sermos uma comunidade de amor. Nela existem tensões e problemas de
convivência. Nela convivemos pobres e os débeis, ricos e abastados; há irmãos
que têm dificuldade em perdoar as falhas e os erros dos outros, nela há acolhimento
e perdão. Somos convidados à simplicidade e humildade, ao acolhimento dos
pequenos, dos pobres e dos excluídos, ao perdão e à reconciliação. Uma
comunidade que se move a partir do amor. E no amor vai deixando-se transformar,
harmonizar. E por ser uma comunidade movida e dinamizada pelo amor, é uma
família de irmãos e irmãs, que vive em harmonia capaz de acolher as diferenças,
de suportar os que separam, que dá atenção aos pequenos e aos débeis, que
escuta os apelos e os conselhos do Pai que está no céu. Uma comunidade que
segue os ensinamentos do Filho do Homem”, enfatizou o arcebispo.
“Essa
grandeza de uma comunidade que vive do amor e vive amando”, afirmou inspirado
em São Bernardo. Segundo ele, “o Evangelho
continua a nos provocar: ‘Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu
estou aí, no meio deles’. O importante é que
“estejamos reunidos”, não dispersos, nem confrontados, que não vivamos nos desqualificando uns aos outros. O
decisivo é que nos reunimos ‘em seu nome’, no nome de Jesus”.
Por isso, ele pediu “que escutemos o seu chamado, que vivamos e
participemos do seu Reino. Que Jesus seja o centro de nossas comunidades, das
nossas famílias. A presença viva e
real de Jesus é que anima, guia e conduz as comunidades de seguidores e
seguidoras. Jesus a animar a oração, as celebrações, as
atividades, as pastorais, os encontros com os mais necessitados. A presença de
Jesus é o segredo de toda comunidade cristã criativa e acolhedora. Importante
que nos reunamos em seu nome, atraídos por sua pessoa e por seu Reino,
transformando o mundo, tornando-o mais justo e fraterno”.
Em palavras do cardeal, “nós proclamamos e
aclamamos: ‘Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou aí, no
meio deles’. O Senhor esteja convosco! E proclamamos: ‘Ele está no meio de nós!’”,
insistindo em que “sempre que estivermos reunidos, sempre que formamos
comunidade, família: Ele está no meio de nós; reunidos na alegria: Ele no meio
de nós; reunidos, na dor: Ele no meio de nós; reunidos no acolhimento aos
pobres: Ele no meio de nós; reunidos no silêncio da dor: Ele no meio de nós;
reunidos na despedida: Ele no meio de nós; reunidos na celebração eucarística:
Ele no meio de nós; reunidos na celebração sacramental: Ele no meio de nós;
reunidos no silêncio da morte: Ele no meio de nós; reunidos na alegria da família,
da amizade: Ele no meio de nós. Sempre que estivermos reunidos, Ele está no
meio de nós! Que dom extraordinário nos deu o Pai: Ele está no meio de nós!”
“E nele, com Ele e por Ele, intuímos as palavras: ‘Tudo o que ligardes na terra será ligado no céu e tudo o que desligardes na terra será desligado no céu’”, disse. Por isso, “poderíamos rezar: tudo ligado na terra, tudo ligado no céu e tudo desligado na terra, desligado no céu. Em ti e contigo levamos o amor que pacifica, transforma, conduz. ‘Se dois de vós estiverem de acordo na terra sobre qualquer coisa que quiserem pedir, isso lhes será concedido por meu Pai que está nos céus’. Quem experimentou a misericórdia, o conforto do acolhimento paterno-materno terá pouco a pedir. Se dois chegaram à reconciliação, Deus concederá a libertação. Mas quem deseja viver da misericórdia, da reconciliação, terá muito para agradecer. Um coração liberto, é um coração agradecido. Pedirá a Deus a graça da fidelidade e a capacidade de amar, sem ser amado”.
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