O Centro de
Treinamento de Lideranças da Arquidiocese de Manaus (Maromba) acolheu na noite
da quarta-feira 13 de setembro a abertura do Seminário de Ecoteologia, organizado
pela Faculdade Católica do Amazonas, a Rede Eclesial Pan-Amazônica
(REPAM-Brasil), a Arquidiocese de Manaus, a Comissão Episcopal para a Amazônia
e o Regional Norte1.
Um momento para
“aprofundar a questão da ecologia ligada à evangelização”, segundo dom Leonardo
Steiner, que insistiu no “desejo de deixarmos tomar pelo Mistério presente em
toda a Criação do qual fazemos parte, de tentarmos deixarmos inspirar para ver
a presença do Verbo de Deus, ver nas criaturas o mesmo pertencimento que nós
temos”.
Segundo o arcebispo
de Manaus, “deixarmo-nos tomar pela questão ecológica é muito exigente,
deixarmo-nos inspirar por aquilo que não são objetos, são cintilações do amor
de Deus, e fazer com que tudo isso esteja presente em nossa evangelização, não
como ações pontuais, mas que se tornem elemento transversal na nossa
evangelização”. O cardeal Steiner destacou que “depois de Laudato Si a questão ecológica
não pode estar mais ausente das nossas reflexões teológicas, mas também não
pode estar ausente da nossa ação evangelizadora”.
Dom José Ionilton
Lisboa de Oliveira, bispo da Prelazia de Itacoatiara e secretário da
REPAM-Brasil mostrou a alegria de poder celebrar na Amazônia este Seminário. O bispo
fez um chamado a que “continuemos crescendo nessa vontade de conhecer mais e
melhor essa questão da ecoteologia”, destacando que esse é um assunto do dia a
dia na Amazônia, que deve fazer parte de todas as dimensões da Igreja na
Amazônia. Ele refletiu sobre o desafio de levar para a base a ecoteologia,
na liturgia, catequese, pastorais e movimentos. Também fez um chamado a juntar
forças nesse caminho de fazer a defesa da casa comum, a preservar a Amazônia
porque dela depende a sobrevivência da humanidade.
O diretor
da Faculdade Católica do Amazonas, padre Hudson Ribeiro, destacou a importância
de um encontro que faz possível “produzir ecoteologia e ecoespiritualidade a
partir da sororidade, do bem viver, da escuta, dos diálogos, de tantos desafios
socioambientais”, denunciando a violência, destruição e morte contra o bioma e
os povos amazônicos. Diante disso, ele fez um chamado à “esperança no Ressuscitado
que está no meio de nós e que caminha conosco, e que é sinal de resiliência,
expressão de resistência, mas também testemunho martirial, de valorização e
reconhecimento dos saberes e da espiritualidade dos povos amazônicos, e
sobretudo de fé no meio da vida, do Deus que nos convoca a defender essa vida e
a promovê-la em todas as circunstâncias”.
Lembrando as
palavras do Papa Paulo VI: “Cristo aponta para a Amazônia”, a Ir. Maria Irene
Lopes afirmou que “hoje direcionamos nossos olhares, nossas mentes e corações para
Manaus”. Isso diante do início de um momento de reflexão, discussões e debate, “que
nos leva a olhar para a Teologia com uma perspectiva um tanto diferente”, segundo
a secretária executiva da REPAM-Brasil. A religiosa afirmou ser uma convocatória
a “uma reflexão teológica a partir da vida, do chão,
dos rios, das matas, das florestas, do nosso povo, de cada um de nós”.
Reflexionando
sobre a Cidadania Ecológica: Ecoteologia e Ecopolítica, foram apresentadas
experiências de práticas ecológicas indígenas, ameaçados pela perda de cultura
e outras realidades. Também foi abordada a necessidade de ter consciência
ecológica, de uma conversão para a ecologia, a partir da própria experiência,
segundo insistiu o Ir. Afonso Murad.
Com relação
à Ecopolítica, a professora Iraildes Caldas Torres afirmou que diz respeito a questões
socioambientais e aos conflitos ecológicos, éticos e económicos. A professora
da Universidade Federal do Amazonas definiu essa ciência como o “estudo das relações
políticas referentes à proteção do planeta, seu ambiente natural, os
ecossistemas e seus recursos”, ressaltando que “o objeto não é o meio ambiente
e sim as relações políticas sobre o meio ambiente”.
A
professora falou de quatro argumentos no contexto das negociações climáticas: a
ciência não deve ditar as escolhas políticas; é preciso buscar saídas
negociadas; não adianta soluções perfeitas, ideais, mas que não são aceitas
pelos países; equidade econômica e social, levar em conta os direitos dos
estados e dos indivíduos. Ela defendeu que “é preciso ter uma política de
controle da espécie humana”, destacando o papel fundamental da Igreja na
organização e formação das comunidades do interior da Amazônia.
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