Uma Carta
da Assembleia Sinodal do Sínodo da Sinodalidade, dando "graças a Deus pela
bela e rica experiência que acabamos de viver", foi lançada em 25 de
outubro. Um tempo "vivido em profunda comunhão", com toda a Igreja,
agradecendo pelas orações e mostrando a presença na sala sinodal das expectativas,
perguntas e temores presentes no povo de Deus.
Uma experiência sem precedentes
Relembrando
o "longo processo de escuta e discernimento, aberto a todo o povo de
Deus", vivido ao longo de dois anos, o documento ressalta a importância da
experiência vivida desde 30 de setembro, dia em que ocorreu a oração Together e
os membros da Assembleia partiram para o retiro de três dias. Uma experiência
que é definida como sem precedentes, destacando que "pela primeira vez, a
convite do Papa Francisco, homens e mulheres foram convidados, em virtude de
seu batismo, a se sentar à mesma mesa para participar não apenas das
discussões, mas também da votação desta Assembleia do Sínodo dos Bispos".
Desse caminho
conjunto, destaca-se a escuta da "Palavra de Deus e da experiência dos
outros", por meio do método da conversa no Espírito, com o qual
"compartilhamos humildemente as riquezas e as pobrezas de nossas
comunidades em todos os continentes, tentando discernir o que o Espírito Santo
quer dizer à Igreja hoje". A importância da presença de outras Igrejas é
relatada, em uma assembleia realizada em um mundo em crise, com guerras em
países de onde vêm alguns dos membros do Sínodo.
Escuta respeitosa
O texto
relata a oração pelas vítimas de violência homicida, pelos migrantes, mostrando
solidariedade e compromisso com aqueles que "atuam como artesãos da
justiça e da paz". Ele destaca a importância do silêncio, seguindo o
convite do Santo Padre, "para promover entre nós a escuta respeitosa e o
desejo de comunhão no Espírito". O mesmo se aplica à vigília ecumênica de
abertura, buscando a unidade em torno da Cruz, confiando "a nossa casa
comum, onde o grito da terra e o grito dos pobres ressoam com uma urgência cada
vez maior".
Uma
Assembleia Sinodal que pediu "conversão pastoral e missionária", em
uma Igreja da qual os sem-teto dizem esperar o Amor, que "deve permanecer
sempre o coração ardente da Igreja, o amor trinitário e eucarístico". Algo
que deve ser feito com confiança, lembrando as exortações emitidas durante a
Assembleia Sinodal.
Maior participação no período entre as duas sessões
Com relação
ao período entre as duas sessões da Assembleia, espera-se que todos participem
"do dinamismo da comunhão missionária indicada na palavra sínodo",
insistindo que "não se trata de uma ideologia, mas de uma experiência
enraizada na Tradição Apostólica". Portanto, espera-se que, diante dos
desafios e das perguntas, "o relatório-síntese da primeira sessão
esclareça os pontos de acordo alcançados, destaque as questões em aberto e
indique como continuar o trabalho".
Para
progredir em seu discernimento, o texto reconhece que "a Igreja precisa
absolutamente escutar a todos, começando pelos mais pobres", o que
significa "escutar aqueles que não têm o direito de falar na sociedade ou
que se sentem excluídos, também da Igreja. Escutar as pessoas que são vítimas
de racismo em todas as suas formas, em particular em algumas regiões de povos
indígenas cujas culturas foram humilhadas", e "escutar, em um
espírito de conversão, aqueles que foram vítimas de abusos cometidos por membros
do corpo eclesial, e comprometer-se concreta e estruturalmente para que isso
não aconteça novamente".
Uma escuta
que deve ser estendida aos leigos: catequistas, crianças, idosos, famílias. Uma
Igreja chamada a "acolher as vozes daqueles que desejam se envolver em
ministérios leigos ou em órgãos participativos de discernimento e tomada de
decisões". Uma escuta à qual não podem estar ausentes os ministros
ordenados e a vida consagrada, nem mesmo aqueles que não compartilham a fé, mas
que buscam a verdade. Relembrando as palavras do Papa Francisco, nas quais ele
nos lembra que "o caminho da sinodalidade é o caminho que Deus espera da
Igreja do terceiro milênio", a carta nos incentiva a não ter medo de
responder a esse chamado.
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