No final de sua
ordenação episcopal, Dom Zenildo Lima iniciou suas palavras dizendo que “não
poderia compreender este ministério de bispo se não em perspectiva missionária
nesta feliz coincidência de encerrar um Congresso Missionário Nacional com a
expressão ministerial de uma Igreja Local”. Segundo o bispo auxiliar de Manaus,
“ministerialidade e missionariedade são expressões da Igreja profundamente
implicadas entre si”, agradecendo as Pontifícias Obras Missionárias por
acolherem esta vivência da Igreja de Manaus.
É verdade que tu me amas?
Lembrando de sua
sede como bispo auxiliar, Maraguia, uma Igreja que existiu na Tunísia, Dom
Zenildo Lima disse que “os conflitos distantes têm a ver com a vida das nossas
Igrejas Locais”, insistindo em que “toda experiência da missão nasce do fecundo
encontro com o Senhor, que toma iniciativa como primeiro missionário de nos
comunicar o seu amor, ainda que ele mesmo nos interpele: Simão, Filho de João,
é verdade que tu me amas?”, lembrando das palavras do
Evangelho proclamado na ordenação.
Palavras que ele
disse ter escutado “em linguagem de missão”, o que o levou a agradecer à
paróquia onde foi batizado, a sua família, onde “a fé moldou-se como
esperança em tempos tão difíceis e tão desafiadores”, onde “foi se
atualizando com gestos de solidariedade e compaixão entre nós e para com os
outros”, a sua comunidade de origem no Morro da Liberdade, suas amizades e aqueles
que foram lhe educando na fé. Esse foi o chão onde foi surgindo sua vocação.
Um caminho vocacional
que, segundo o novo bispo, “nasceu do incômodo de um apelo que gostaria,
em princípio que não tivesse nada a ver comigo”, lembrando de seu pároco, o
reitor do Seminário, de “alguns dos mestres que tanto apostaram em mim”.
Um tempo em que ele disse ter sido formado pela Igreja de Manaus, “na pessoa
dos seus pastores, do seu dinamismo pastoral, da sua comunhão que hoje chamamos
de sinodalidade”, enfatizando que “a Igreja de Manaus sempre foi o espaço
privilegiado da minha formação permanente”.
A riqueza da Igreja da Amazônia
“Neste
chão amazônico foi moldado meu ministério presbiteral, este povo me formou”, ressaltou
Dom Zenildo Lima, lembrando dos “seus ministros, a riqueza extraordinária dos
cristãos leigos e leigas, as religiosas verdadeiras educadoras e guardiãs para
que o ministério por mim exercido não desaguasse em anomalias do clericalismo.
Sempre que estivemos todos juntos, nas assembleias, nas solenidades, nas
procissões, na Festa de Pentecostes”. Um caminho onde ele contemplou “a riqueza
do povo de Deus ali reunido, somente depois eu podia convocar convencido da
alegria da comunhão: Canta, canta, canta bonito, povo de Deus”.
Fazendo uma
leitura do chamado ao episcopado desde a terceira pergunta de Jesus a Pedro,
que ele diz ter vivenciado como algo que “me soou constrangedor”, Dom
Zenildo disse que “só agora entendi que ele me interpelava exatamente com estas
mesmas palavras que chegaram até mim como apelo de totalidade. Totalidade no
amor, totalidade no serviço. Só agora entendi que o pedido pela totalidade
estava presente desde a primeira vez que ele me interrogou. Agora me pede tudo
o que posso oferecer”.
Servir como bispo
nesta Igreja de Manaus
Um “servir como bispo nesta Igreja de Manaus”, que
lhe leva voltar seu olhar “para vocês”, “para a pessoa de Dom Leonardo que num
insistente gesto de confiança fez escolha teimosa não necessariamente por um
indivíduo, mais que isso, por um sujeito local”, ressaltando que “sua
insistência não foi somente com minha pessoa, mas com esta Igreja de Manaus”. Um
olhar que também se volta para o Seminário São José, dizendo que “minha vida
está estreitamente perpassada pelo Seminário”. O novo bispo falou para seus
irmãos bispos, dizendo que “para quem vai ser bispo nesta região, que escola
privilegiada o episcopado deste Regional Norte 1 de quem sempre me senti
próximo e disponível como um servidor e assim continuo oferecendo minha
disponibilidade”.
Dom Zenildo Lima
dirigiu seu olhar para “os agentes que constituem esta Igreja Local”,
ressaltando sua proximidade, expressada nas “incontáveis mensagens,
surpreendentes manifestações de afeto”, repetindo as palavras de Santo
Agostinho: “Para vocês sou bispo, com vocês sou cristão”! Eu me sinto um pouco
diferente, dada a vossa proximidade, “com vocês eu sou bispo!”. Ele insistiu em
que “vocês agora fazem parte desta resposta, a voz de vocês ecoa na minha e
mesmo fraco e pobre insisto em dizer: Senhor tu sabes tudo, sabes que eu te
amo!”.
O novo bispo mostrou
sua gratidão a Nossa Senhora da Conceição, “foi ela quem respirou por mim
quando num leito de UTI quase em fase terminal os meus pulmões não davam mais
conta sequer de lhe suplicar, respira por mim, Mãe do Céu. Eu experimento
sem nenhuma sombra de dúvidas: ‘A Mãe de Deus está Conosco’!”
Lembrança dos que deram a vida
Falando da missão,
Dom Zenildo insistiu em que ela “não nos conduz somente aos confins do mundo,
ela nos leva aos confins da história, aos confins dos tempos, ao novo céu e
nova terra, a terra sem males. A existência destinada aos que não
desistiram, aos nossos mártires desta Amazônia, aos homens e mulheres que
ofereceram a própria vida, até mesmo aqueles a quem a vida muito machucou”.
Ele lembrou e se uniu “ao meu pai Leonardo Pessoa, ao bispo Jackson Damasceno
que inaugurou esta modalidade da presença do ministério episcopal em nossa
Igreja, a tantos cristãos leigos e leigas que doaram sua vida pela missão,
religiosas exemplares cuja memória ainda alimenta a vida de nossas comunidades,
ao meu amigo o Pe. Luis Gonzaga de Souza, ao nosso amado Dom Sérgio Castriani. Um
bispo Missionário”, perguntando “o que diria Dom Sérgio de uma ocasião como
esta? O que escreveria Dom Sérgio...”.
Ele sente que foi
de Jesus que “o seu convite amoroso acolhe o que eu tenho para oferecer.
Agora que poderíamos fechar este diálogo ele novamente surpreende e faz com o
que meu olhar não se limite aos ambientes eclesiais e eclesiásticos, mas se
estenda aos pequenos, aos rejeitados, aos feridos, aos pobres, nas expressões
mais dramáticas que se apresentam na história deste chão amazônico: o povo das
nossas periferias, as crianças desprotegidas, a juventude sem sonhos, sem
esperança, sem estudo e sem trabalho, as mulheres sedentas de dignidade e
reconhecimento, os idosos abandonados, homens e mulheres em situação de rua,
migrantes, os povos dos beiradões, ribeirinhos, as populações indígenas”.
Dom Zenildo Lima insistiu:
“na verdade, são eles que reconfiguram nossos espaços eclesiais. Jesus prossegue este diálogo e num silencio
que vai rasgando o tempo acrescenta o que sutilmente segue ecoando: Apascenta
as minhas ovelhas!”. No final do Congresso Missionário, ele lembrou que “no
desfecho deste diálogo que foi um diálogo com todos nós, o convite: ‘Segue-me’
nos encontra dispostos, animados com corações ardentes e pés a caminho. Das
nossa Igrejas Locais partiremos aos confins do mundo!”.
Sempre percebi no Senhor ,um diferencial uma luz algo divino
ResponderExcluirE hoje o Senhor Deus me deu a resposta.Sua benção Dom Zenildo
Não o conheço Dom Zé zenildo fiquei muito feliz por um bispo comprometido com os pobres.Um Pastor segundo o coração de Deus. Obrigado Senhor pela escolha divina
ResponderExcluir.
Manaus está em festa, agradeço ao santo Papa Francesco e o intercessor Cardeal Dom Leonardo pela autêntica representação Amazônica em nossa igreja.
ResponderExcluirFico muito Feliz por conhecer e ter assistido missas ministradas pelo Padre e agora Bispo D. Zenildo.Aprecio sempre suas homilias.
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