O
5º Congresso Missionário Nacional, que está sendo realizado em Manaus de 10 a
15 de novembro, apresenta os contextos da localidade e da abrangência global em
perspectiva de encontro, espaços que, em chave missionária, apontam para a
dinâmica de deslocamento, segundo Mons. Zenildo Lima. O bispo auxiliar eleito
da Arquidiocese de Manaus, que receberá a ordenação episcopal no dia 15 de
novembro, na missa de encerramento do Congresso, destacou dois princípios: o dinamismo
da Revelação Cristã que historicamente situada se apresenta com pretensão de
universalidade e o princípio da parte pelo todo, assumido na ocasião do Sínodo
da Amazônia.
Intervenção de Deus na história
Mons.
Zenildo Lima refletiu sobre a revelação desde o acontecimento do êxodo, “uma
situação de opressão e libertação experimentada por um povo”, diante da qual o
povo tem “consciência da intervenção de Deus nesta história”. Uma realidade que
ajuda a ver toda ação missionária como uma comunicação que liberta, e não como
uma imposição religiosa.
Abordando
a questão da parte pelo tudo desde a perspectiva do Sínodo para a Amazônia,
onde Mons. Zenildo Lima foi auditor, ele lembrou a perspectiva recolhida no Documento
Preparatório, apresentando as reflexões daquele processo sinodal como “relevantes
para a Igreja universal e para o futuro de todo o planeta.” Uma reflexão que parte
da Encarnação, fazendo um chamado a na Igreja da Amazônia, “superar uma história com traços de colonização e
moldar-se numa perspectiva de encarnação”. Uma reflexão que tem a ver não
só com uma questão eclesial, senão também social, cultural e ecológica.
Processo colonial com um alto custo para os povos da floresta
O
assessor, seguindo o Texto Base do Congresso, refletiu sobre o processo colonial
na região amazônica, que teve “um
custo muito alto para estes povos da floresta”, uma dinâmica ainda
presente, que fez com que “nos últimos 50
anos, a região amazônica ficou mais perto da destruição irreversível”. Uma
realidade social que atingiu também o anúncio missionário, “envelopado com os
traços do catolicismo europeu auto presumido como modelo de fé para todo o
mundo”, destacou Mons. Zenildo Lima, refletindo sobre “as inúmeras
contradições no início do processo evangelizador nestas terras”.
Na
história da Igreja da Amazônia, os encontros de Santarém 1972 e 2022 ajudam a
entender a Encarnação do Verbo e a Encarnação da Igreja. O bispo auxiliar
eleito apresentou a encarnação como método, caminhos de encarnação que no Sínodo para a Amazônia
aparecem como caminhos de inculturação e interculturalidade, de protagonismo
dos povoa amazônidas. Uma encarnação que “tornou-se também e primeiramente um
processo de escuta!”, segundo aparece no Documento Final do Sínodo para a
Amazônia.
Um anúncio do Verbo que se fez carne
“A evangelização na
Amazônia será sempre um anúncio do Verbo que se fez carne, será sempre uma
proposta do encontro com Jesus”, insistiu Mons. Zenildo Lima. Mas ao mesmo
tempo, ele disse que “não cabe em nós o rótulo de termos abandonado o Evangelho
para cuidar de questões sociais”. A Igreja da Amazônia é uma Igreja que
se faz carne e assume a evangelização libertadora, que diferentemente das novas potências colonizadoras, quer “exercer sua
atividade profética com transparência, e apresentar o Cristo com todo seu
potencial libertador”, segundo diz o Documento Final do Sínodo para a Amazônia.
Com relação à missão ad gentes, na Igreja
da Amazônia ainda falta “uma proposta mais sistematizada de
comprometimento com o envio missionário ad gentes”, afirmou. Mons Zenildo Lima
apresentou algumas implicações para as Igrejas locais da Amazônia frente ao
apelo da missão ad gentes, que deve estar marcada pela ousadia, a escuta, a
samaritaneidade, a inculturação e a intefculturalidade, a comunidade e a
decolonização. Uma missão que será fecunda ela seja fundamentada em uma vida doada, e que “em regiões e situações de disputas
e conflitos apresenta-se como martírio, nas regiões e situações de escassez de
direitos e de cuidados, expressa-se como uma solidariedade obediente até a
morte, e morte de cruz”.
Nossa!!! Gratidão, Mons. Zenildo, por esta fala que nos retrata nossa história e chama atenção aos olhares de todos. Muito significativa sua catequese, que vai "Da Amazônia aos confins do mundo!"
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