quinta-feira, 23 de novembro de 2023

Ser negro no Brasil continua sendo um risco


Ser negro no Brasil continua sendo perigoso, os riscos sociais são muito maiores quando alguém é negro. Existe um racismo estrutural que precisa ser superado, mas não é um caminho fácil, mesmo existindo estruturas para isso. Na verdade, falta vontade de superar os preconceitos presentes no subconsciente do povo.

Na segunda-feira 20 de novembro, foi comemorado o Dia da Consciência Negra, uma data que deveria levar a sentir a necessidade de superar o racismo que habita as mentes e o cotidiano de muitos brasileiros e brasileiras. O racismo se manifesta na linguagem, nas atitudes, nos olhares, no modo de nos relacionarmos com quem é negro.

A perseguição ao povo negro, uma constante na história do Brasil, marcado por uma escravidão que hoje se concretiza de modos diferentes, menos explícitos, mas igualmente cruéis, é algo que perpassa a realidade, e que tem que nos levar a refletir sobre atitudes mais ou menos presentes em todos nós, também em mim, também em você.

Não podemos fechar os olhos diante de uma realidade que nos diz que mais de 80 por cento das vítimas das operações policiais no Brasil são negros. Um ser negro que também é condicionante no mundo laboral, no mundo da educação, no mundo da saúde, no mundo da moradia, no mundo do poder judiciário.




Somos conscientes disso ou fechamos os olhos diante dessa conjuntura social? O que estamos fazendo para combater esse racismo estrutural que está presente na sociedade? Quais os passos que têm que ser dados para denunciar e superar as situações de racismo presentes em nosso meio? Como cobrar políticas públicas que ajudem a superar esse racismo que em ocasiões é inclusive fomentado pelo poder público?

As humilhações que sofre a maioria negra por uma elite branca que domina as diferentes esferas do país, no âmbito político, judiciário, econômico, é algo plausível, mas que dificilmente é enfrentado e combatido. Um racismo mascarado, velado, disfarçado, poucas vezes explícito, que a sociedade, inclusive muitos negros, assume como algo normal, como algo que não tem outro jeito, sempre foi assim.

Um combate ao racismo que está mais presente na juventude, que graças às cotas, conseguiram entrar na universidade e se empoderar, reclamar seus direitos secularmente negados. Se considerar negros, que anos atrás não era algo que não era assumido, aos poucos vai sendo uma atitude mais explícita. No final das contas, a diversidade, também a diversidade racial e cultural própria de cada raça, é algo que enriquece a sociedade da qual todos fazemos parte.

Continuar fomentando atitudes racistas nos faz pequenos, menos humanos, nos afasta da racionalidade, nos animaliza. Somos chamados a refletir sobre essas atitudes, especialmente aquelas presentes em nosso subconsciente, para superar os preconceitos seculares que nos ajudem a criar laços de fraternidade onde as diversas raças nunca podem ser motivo de divisão e separação.



Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 - Editorial Rádio Rio Mar

 

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