Ser negro no
Brasil continua sendo perigoso, os riscos sociais são muito maiores quando
alguém é negro. Existe um racismo estrutural que precisa ser superado, mas não
é um caminho fácil, mesmo existindo estruturas para isso. Na verdade, falta
vontade de superar os preconceitos presentes no subconsciente do povo.
Na segunda-feira
20 de novembro, foi comemorado o Dia da Consciência Negra, uma data que deveria
levar a sentir a necessidade de superar o racismo que habita as mentes e o
cotidiano de muitos brasileiros e brasileiras. O racismo se manifesta na
linguagem, nas atitudes, nos olhares, no modo de nos relacionarmos com quem é
negro.
A perseguição ao povo negro, uma constante na história do Brasil, marcado por uma escravidão que hoje se concretiza de modos diferentes, menos explícitos, mas igualmente cruéis, é algo que perpassa a realidade, e que tem que nos levar a refletir sobre atitudes mais ou menos presentes em todos nós, também em mim, também em você.
Não podemos fechar
os olhos diante de uma realidade que nos diz que mais de 80 por cento das
vítimas das operações policiais no Brasil são negros. Um ser negro que também é
condicionante no mundo laboral, no mundo da educação, no mundo da saúde, no
mundo da moradia, no mundo do poder judiciário.
Somos conscientes
disso ou fechamos os olhos diante dessa conjuntura social? O que estamos
fazendo para combater esse racismo estrutural que está presente na sociedade?
Quais os passos que têm que ser dados para denunciar e superar as situações de
racismo presentes em nosso meio? Como cobrar políticas públicas que ajudem a
superar esse racismo que em ocasiões é inclusive fomentado pelo poder público?
As humilhações que
sofre a maioria negra por uma elite branca que domina as diferentes esferas do
país, no âmbito político, judiciário, econômico, é algo plausível, mas que
dificilmente é enfrentado e combatido. Um racismo mascarado, velado, disfarçado,
poucas vezes explícito, que a sociedade, inclusive muitos negros, assume como
algo normal, como algo que não tem outro jeito, sempre foi assim.
Um combate ao
racismo que está mais presente na juventude, que graças às cotas, conseguiram
entrar na universidade e se empoderar, reclamar seus direitos secularmente
negados. Se considerar negros, que anos atrás não era algo que não era
assumido, aos poucos vai sendo uma atitude mais explícita. No final das contas,
a diversidade, também a diversidade racial e cultural própria de cada raça, é
algo que enriquece a sociedade da qual todos fazemos parte.
Continuar
fomentando atitudes racistas nos faz pequenos, menos humanos, nos afasta da
racionalidade, nos animaliza. Somos chamados a refletir sobre essas atitudes,
especialmente aquelas presentes em nosso subconsciente, para superar os
preconceitos seculares que nos ajudem a criar laços de fraternidade onde as
diversas raças nunca podem ser motivo de divisão e separação.
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