“Somos felizes, iluminados:
Deus nasceu! Celebramos o nascer de Deus! Entre nós está Aquele é como nós, Não-outro
de nós”, afirmou o Cardeal Leonardo Steiner na homilia do dia de Natal. Segundo
o Arcebispo de Manaus, “a liturgia da vigília nos deixava cantar: ‘Glória a
Deus no mais alto dos céus, e paz na terra aos homens por ele amados’ (Lc 2,14).
Fomos amados, fomos desejados, e, por
isso, o Pai nos enviou o próprio Filho, para que nele nos tornássemos todos
filhas e filhos”.
Se referindo ao Evangelho do
dia, ele disse que “ilumina nossa celebração quando nos alerta: ‘A Deus,
ninguém jamais viu. Mas o Unigênito de Deus, que está na intimidade do Pai, ele
no-lo de a conhecer’ (Jo 1,18)’, afirmando que “a Criança de Belém, nos possibilitou
a conhecer a Deus”.
Inspirado
no texto de Hebreus, o cardeal disse que “Deus insistente e apaixonado busca a
nossa humanidade. Buscou pela manifestação dos anjos, pela vida dos patriarcas,
na voz dos profetas. Mas, não resistindo ao desejo de falar ao coração do
Homem, falou-nos pelo Filho. Deus fez-se, Verbo, Palavra!”, lembrando as
palavras do Papa Bento XVI, que disse que “A Palavra eterna
fez-se pequena; tão pequena que cabe numa manjedoura. Fez-se criança, para que
a Palavra possa ser compreendida por nós”. “Desde então a Palavra já não é
apenas audível, não possui somente uma voz; agora a Palavra tem um rosto, que
por isso mesmo podemos ver: Jesus de Nazaré”, disse, pois, a Criança de Belém “tornou-se
“A Palavra eterna e criadora, a Palavra redentora,
salvadora envolta nas faixas de nossa humanidade e fragilidade, acolhida pelos
pobres, rodeado pelo universo criado”, enfatizou o Arcebispo de Manaus. “O ‘herdeiro
de todas as coisas e pelo qual também criou o universo’, feito carne da nossa
carne, sangue do nosso sangue, osso de nossos ossos! Nós
vemos a glória de Deus na fragilidade da criança! Aquele que viu, agora se
deixa ver. Ao vemos Deus-Menino, o conhecemos!! Ele se fez
Palavra encarnada: dada, doada, cordial, gratuita; entrega de amor!
Manifestou-se no silêncio da noite a fala de Deus: recolhimento, acolhimento,
aceitação. Revelação da gratuidade e cordialidade: redenção, salvação, vida
nova, transformação!”.
Ele
disse que poderíamos hoje proclamar com a Carta aos Hebreus: “Nestes dias, ele
nos falou por meio do Filho, a quem ele constituiu herdeiro de todas as coisas
e pelo qual também criou o universo. Este é o esplendor da glória do Pai, a
expressão do seu ser. Hoje poderíamos fazer ressoara voz do Pai: tu és o meu
Filho, eu hoje te gerei? Eu serei para ele um Pai e ele será para mim um filho.
O Filho como nosso filho, ‘todos os anjos devem adorá-lo’ (cf. Hb 1,5-6)”.
Relatando
a cena de Belém, o cardeal a definiu como “o esplendor de Deus enfaixado em
nossa humanidade, num estábulo, rodeado dos pastores marginalizados, cheirado
pelos animais, adorado e glorificado pelos anjos. Evento extraordinário,
acontecer inimaginável: Deus que se revela em nosso rosto, Deus que se move na
nossa fragilidade, Deus que geme na nossa carne. Em tudo eleva e transforma a
existência humana. A Deus, ninguém jamais viu! e, agora o vemos e contemplamos
e admiramos e louvamos na nossa humanidade!”.
Ao elo
do início do Evangelho de João, Dom Leonardo ressaltou que “o filho que nos foi
dado é a Palavra que está no início, é o início; é ele que abre e dá início; é
o princípio; o começo e o fim. Ele funda e fundamenta tudo; Ele desperta,
irradia, ilumina; cria e recria todas as coisas; é sentido de tudo: da vida e
da morte, da vida e da missão, dos ministérios e serviços. Ele é a razão da
esperança e da samaritanidade, a medida da justiça e da solidariedade; da vida
das comunidades, do existir da Igreja. Ele o céu e a terra! Ele é um novo
tempo, sem tempo, para além de todo tempo: o novo Reino. Existe alguém ou algo
que o Filho não ilumine, clareie, traga à luz, não sustente, não dê sentido,
conceda horizonte novo? O Filho nasceu e tudo agora tudo vive na luminosidade
do nascer! O Filho nos atinge, nos toca, com a singeleza e candura, a inocência
e encanto. Ele agora a clarificar as dores, os sofrimentos, as desventuras, as
violências com sua presença inefável!”.
Com o texto
do profeta na primeira leitura, o cardeal relatou que “anuncia e prega a paz: A
Segundo
ele, “o profeta nos
O
Presidente do Regional Norte1 da CNBB denunciou que “a violência, a guerra é
sinal da fraqueza e debilidade de nossa humanidade. E diante da violência e a
guerra Deus apresentou a sua
Seguindo
o texto do Evangelho de João que diz que “A Deus, ninguém jamais viu. Mas o
Unigênito de Deus, que está na intimidade do Pai, ele no-lo deu a conhecer”, o
Cardeal Steiner disse que “nós que recebemos a graça de ver Deus-criança, o anunciamos
por palavras e obras. A Criança-Belém nos envia ao encontro dos irmãos e irmãs,
sem olhar a quem, sem distinguir raça, cor, religião, povo. A todos oferecer
esperança, consolo, comida, água, vestes, abrigo, liberdade, familiaridade.
Como conforta e eleva perceber que Deus não se encarnou em vão. Aquele que é o
princípio de todo o universo por quem e para quem foram criados o céu e a
terra, o Menino Jesus, continue impulsionar os nossos dias, as nossas famílias,
as nossas comunidades, os nossos ministérios, as nossas vocações, a nossa
fraternidade, a nossa humanidade”.
Ele pediu que “a presença graciosa e transformadora de Jesus, a vida e a luz de nossa humanidade, fecunde nossos corações, nossas mãos. Possa nascer a gratidão pela gratuidade da Criança que se fez anúncio, presença-consolo, vida-alimento, e, hoje ao contemplá-lo o anunciamos como presença-consolo, vida-alimento, fonte de nossa esperança”.
Igualmente
lembrou que Orígenes, catequista da Igreja, perguntava: “em que me ajuda que
esse nascimento do Filho de Deus em natureza humana aconteça sempre, se não
acontecer em mim?” Pouco adiantaria celebrar o Natal se não permitíssemos que o
Menino Deus, o Filho de Deus, fosse gerado em nós, dia após dia, até sua
consumação perfeita e total. Celebrar o nascer de Deus e nele o nosso nascer! Celebrar
o nascer, pede que o Filho seja concebido e gerado em nós. Ele seja tudo para
nós”.
“Deus
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