Gratidão foi a palavra que
marcou a intervenção de Dom Raimundo Vanthuy Neto, bispo eleito de São Gabriel
da Cachoeira, no final da celebração, presidida pelo cardeal Leonardo Steiner,
em que foi ordenado bispo. Uma celebração marcada pela simplicidade de um bispo
que escolheu as sandalias, símbolo tradicional de missão, para calçar em um dia
de grande importância daqui para frente.
Gratidão em primeiro
lugar a Deus, “Trindade Santa que olhando a minha pequenez quer ainda se servir
dela, a graça a mim dada/conferida nesta manhã na sucessão dos apóstolos, é
mais uma possibilidade do Senhor de fazer avançar minha conversão, que
aponta para o seguimento mais de perto de Jesus, pobre da Manjedoura, entregue
na Cruz e doado na Eucaristia”, disse o novo bispo. Ele insistiu em que “só
posso comprender o mandato do Papa Francisco na pespectiva que o Espíirto Santo
ainda tem muito trabalho na minha pobre e fragil humanidade e por isso
encontrou na Igreja do Alto Rio Negro na sagrada companhia dos mais de 23 povos
originários, nos seus caminhos sagrados, suas culturas, nas suas vidas, na
pluralidade daquelas etnias o lugar da graça e da visibilidade do seu amor a
mim”, agradecendo aos bispos presentes.
Gratidão à Igreja de Manaus, onde se formou no Seminário São José, à amada Igreja de Roraima, aos corajosos Povos Indígenas, insistiendo em que nesta Igreja, “vocês me acolheram na mais bela aventura da vida cristã, a vida comunitária, na audácia da missão, na formação das lideranças, no andar juntos. Aqui vocês me gestaram sempre para ser melhor, do útero da minha família, aqui fui alimentado pelo testemunho de grandes missionários e testemunhas da fé”, lembrando o nome de muitos deles, das religiosas, “verdadeiras mães no dar a vida pela missão”.
Gratidão ao Prado, que
definiu como “a escola que Deus me chamou desde o seminário para seguir seu
Filho Jesus mais de perto, no estudo do Evangelho cotidiano, a fim de fazer
chegar o Evangelho onde ainda no meu ser não entrou de cheio, no serviço à
evangelização dos pobres, no dom da vida fraternal”, concretizado naqueles que
fazem parte dessa espiritualidade e tem caminhado com ele.
Gratidão ao povo de Deus
do Alto Rio Negro, das comunidades da diocese de São Gabriel, “que me convidam
e me deixam entrar em sua barca, suas canoas com e remos e rabetas, para
experimentar os frutos do Evangelho plantado pelos inumeros missionários e
missionárias da nobre familia salesiana, os filhos e filhas de Maria Auxiliadora e de dom Bosco”. Ele agradeceu por “me deixarem com as comunidades a continuarem a
semear o Evangelho, pois lá me dizem sem medo que a boa noticia das
culturas indígenas continuam a acolher a boa notícia do Evangelho”.
Falando sobre sua nova diocese, ele destacou que “lá muitos missionários, missionárias armaram suas redes e muitos nasceram de novo, como disse Jesus a Nicodemos, nas águas da vida de vossas comunidades e no amor terno dos preferidos de Deus, os pobres. As missionárias salesianas contam que chegaram como amigas e foram convertidas em irmãs. Essa é a novidade do Evangelho, de estrangeiros, Jesus nos faz todos irmãos e irmãs, uma só família, o Povo de Deus. Assim, quero chegar eu, como aluno da escola de Jesus Cristo, pequeno servo da vinha do Senhor e filho da Igreja, me coloco à disposição de ir caminhar com vocês e conhecer esse mundo fascinante de muitas culturas originárias, das águas e da floresta. Peço de me ajudarem a vencer o medo das cachoeiras, do novo que me é dado agora viver”. Um sentimento de gratidão enorme a dom Edson, “muito obrigado meu irmão pelas sementes semeadas, vou lá na tentativa de continuar a cultivar e ousar a continuar a semeadura”.
Falando sobre o Alto Rio
Negro, seu novo bispo a partir de 11 de fevereiro, disse que “escuto que essa
grande região ainda é como um cobiçado jardim da Criação onde a natureza e as
sociedades vivem em equilíbrio. O compromisso da defesa e do cuidado com a Casa
Comum tornou-se uma missão essencial dos Povos da Amazônia, dos povos
do Rio Negro, dos migrantes que chegaram nessa região, do Estado
Brasileiro e, claro, também da Igreja. Em muitas partes da Amazônia, aqui em Roraima já sentimos os efeitos devastadores do garimpo, da contaminação das
águas, do desmatamento, da pesca predatória, e do avanço da fronteira do
agronegócio. Aprendemos na seca dos nossos rios que ano passado assolou a Amazônia, revela que a agressão à Casa Comum nos afeta a todos e tem
consequências que vão além de nós. Diante das crises climáticas somos
chamados a dar as mãos, a trabalhar em colaboração e com esperança”.
Finalmente gratidão “a
meus pais e irmãos”, que “me moldaram na graça da boa noticia de Jesus, de
filho e irmão. A seca, a pobreza do Nordeste nos trouxeram a uma terra tão
boa e cheia de esperança, Roraima. Somos do sertão do Rio Grande do Norte, de
Pau dos Ferros, da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, da Diocese de
Mossoró”.
Um sentimento de gratidão “ao Senhor que
conduz a missão de bispo a qual sou envia hoje, só pode ser numa única
perspectiva, na perspectiva do Servir na Caridade e na Esperança, desta
intuição vinda das primeiras comunidades cristãs, nasce a indicativa do
ministério que nesta manhã, vocês me comunicam, vocês, por que todos aqui
temos a única igualdade, a fonte de onde emana todo chamado, o Batismo, a fonte de todos os serviços na Igreja, é Cristo, somos todos de
Cristo e nele somos de Deus”.
Dom
Vanthuy insistiu em que “vou para o Rio Negro, pois lá Belém se apresenta, na simplicidade, na
pobreza, na acolhida, na precariedade, no essencial para se bem viver, tão
presente nas comunidades indígenas, por lá também sei que o calvário há
de chegar, pois nosso Mestre Jesus bem nos lembra, nos alerta, quem quizer me
seguir renuncie a si mesmo tome sua crus e me siga, para abraçar o verdadeiro
dispulado é preciso abraçar a Cruz, sigularmente nos dias de hoje diante de uma
religiosidade que quer prosperidade e sucesso, bençãos e bem estar, lá
junto dos rio negrinos sei o sofrimento bate pelo suícidio que avança sobre a
juventude, lá muitas familia carregam a cruz pesada, destruidora e mortal
que é a bebida alcoolica, veneno destruidor da vida pessoal e comunitária... lá
os missionários e tantos amigos da vida se somam ao canto do anuncio em tantas
línguas, que a vida deve está em primeiro lugar, lá a mesa da Última
Ceia, da Eucaristia e de suas lições estáo postas, onde a partilha, o não
acumulo, o saber viver com necessário, diante do consumo desefreado e egoista
há de ser regra libertadora e anunciadora do dividir, do partilhar do que se
tem e do anuncio da vida comunitária, como bem maior frnte o individualismo
sedutor e embriagante que nossas sociedades urbanas vão se alimentando e se
tornando obesas e doentes”.
Segundo o novo bispo, “são
estas as dádivas que se abrem a mim hoje pelo sagrado dom do ministério de bispo
do Rio Negro", pedindo ao Santo Espírito "dai-me a graça de sair de minha miopia
pessoal e as vezes coletiva que este mundo me envolve, concede-me mais aprender a viver o Evangelho que só
falar del, o Verbo, o Cristo”.
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