A
Arquidiocese de Manaus tem um novo bispo auxiliar, Dom Joaquim Hudson de Souza
Ribeiro, ordenado nesta sexta-feira 02 de fevereiro pelo cardeal Leonardo
Steiner, arcebispo de Manaus, tendo como bispos co-ordenantes Dom Luiz Soares
Vieira, arcebispo emérito de Manaus, e Dom Mário Antônio da Silva, arcebispo de
Cuiabá. Uma celebração que contou com a presença de mais de vinte bispos, uma
centena de padres, sua família e amigos e o povo da Arquidiocese de Manaus.
Na
homilia, o cardeal Steiner lembrou a Antífona de entrada da celebração da
ordenação episcopal: “O espírito do Senhor repousa sobre mim, ele me consagrou
com a unção, enviou-me para levar a boa nova aos pobres e curar os corações
contritos”, que é o texto que Jesus proclama na sinagoga de Nazaré quando lhe
oferecem o livro de Isaias para ser lido. Um texto que levou Jesus a dizer: “hoje
se cumpriu a escritura que acabastes de ouvir”.
Segundo o arcebispo de Manaus, “Jesus se deixa ler pela Palavra. É a Palavra escutando a palavra e a Palavra sendo enviada em missão uma vez ungida pelo amor do Pai: enviado para levar a boa nova aos pobres e curar os corações contritos. Enviado para servir!”, insistindo em que “nos foi proclamada a palavra! Qual a palavra ouvida que nos envia aos pobres para curar os corações em contrição? ‘Servir e não ser servido?’’.
Dom
Leonardo lembrou que “depois de lavar os pés, retomar as vestes e sentar-se
novamente à mesa, Jesus entrega aos discípulos a missão do serviço, do amor: ‘Deveis
lavar os pés uns dos outros’, pois ‘o servo não é maior do que o seu Senhor’!
Lavar os pés, o serviço do servente, do escravo! Era ele que tinha a
oportunidade de abaixar-se, não apenas para lavar a poeira do caminho, mas
inclinar-se para ouvir por onde andaram os pés”.
“O
exemplo e fazer como Jesus fez: servir”, destacou o arcebispo, para quem “a
O cardeal ressaltou que “no lavar os pés, no servir, a existência humana se ergue, se eleva! Mais que banhar, erguer, elevar, somos elevados. Quando nos abaixamos para servir as irmãs e os irmãos, subimos: é o amor que eleva, enobrece, dignifica, nobilita. Servir, enobrece, dignifica a quem é servido, mas nobilita e transfigura o servidor. No entanto, o verdadeiro servidor, a verdadeira servidora, não se lembra que serve. O servir o faz ser o que é: vida para os outros. Já não se lembra que serve, apenas é para os outros”.
“Na Igreja, no seguimento de Jesus, no viver o Evangelho,
encontramos muitos modos de servir” enfatizou Dom Leonardo, que destacou que São
Paulo, na carta aos Romanos, “nos ensinava a diversidade de membros em Cristo,
mas um só corpo. Num mesmo corpo, a Igreja, dons diferentes, como graça
recebida: se é a profecia, exercê-la em harmonia com a fé; se é o serviço,
praticar o serviço; se é o dom de ensinar, consagrar-se ao ensino. Os dons, os
donativos, entregar com simplicidade; que a mão direita não saiba o que faz a
esquerda; quem preside presida com solicitude e disponibilidade; quem se dedica
às obras de misericórdia, faça-o com alegria e generosidade. Tudo envolto e
dinamizado pelo serviço nascido do Amor generoso, gratuito pendido da cruz. As
vocações, os ministérios na Igreja, tem sabor, gosto, no servir. Servir com
amor terno, afeiçoado, diligente, livre! Um serviço salvífico!”.
Segundo o presidente do Regional Norte1 da CNBB, “com seus gestos, palavras, olhares, Jesus tornou papável o modo de Deus. Animando, consolando, transformando, curando tornou o Reino de Deus visível. Ao anunciar e visibilizar o Reino, Ele chamou, atraiu, escolheu discípulos. Dentre os seguidores e seguidoras, escolheu doze para estarem com Ele e os enviou a pregar o Reino de Deus (cfr. Mc. 3, 13-19; Mt. 10, 1-42). No dia de Pentecostes apóstolos foram confirmados pelo Espírito Santo na missão e foram até os confins da terra anunciando a boa nova (cfr. At. 2, 1-26; 1,8). No anúncio confirmaram os que são recebidos no Reino novo, como raça escolhida, sacerdócio real, a nação santa, povo conquistado... que outrora não era povo, mas agora é povo de Deus (cf. 1 Ped. 2, 9-10)”.
Inspirado em Lumen Gentium, ele disse que “os Apóstolos estabeleceram sucessores, para que a missão confiada por Jesus e confirmada pelo Espírito Santo, continuasse até o fim dos tempos. Entre os vários ministérios que na Igreja se exerce desde os primeiros dias da Igreja, em sucessão ininterrupta, é o múnus apostólico. Hoje, com a ordenação episcopal de padre Joaquim Hudson repetimos o gesto da tradição apostólica de invocar o Espírito Santo, impor as mãos e rezar a oração de ordenação, dando continuidade à missão e ministério apostólico de servir na Igreja”.
“Servir
nasce do Povo de Deus, da comunidade, para o Povo de Deus, para as comunidades
dos batizados. O ministério episcopal é um serviço à comunidade dos fiéis em
dinâmica sinodal”, disse o bispo ordenante. Ele lembrou que “a
Igreja aqui reunida invocará o Espírito Santo, e com a imposição das mãos dos
bispos, com a oração de ordenação e a unção, padre Joaquim Hudson participa do
colégio dos bispos e Ele recebe o tríplice múnus: anunciar-evangelizar, santificar-bendizer
e cuidar-governar o Povo de Deus, as comunidades. Tudo no movimento, na
dinâmica do servir”.
Dom
Leonardo Steiner lembrou que “Papa João Paulo I ensinava que o bispo preside, serve;
será justa a presidência se se transformar em serviço, ou se for utilizada com
o objetivo de serviço, com espírito e estilo de serviço. Poderíamos dizer: anunciar,
santificar, governar, no servir. Talvez por isso, Santo Agostinho afirmava: o bispo
que não serve a comunidade, pregando, guiando, é um espantalho colocado nas
vinhas, a fim de que os pássaros não comam as uvas”.
“O bispo se alimenta e anuncia a Palavra de Deus, fazendo-se servidor do Evangelho. Ele se vê e se lê na Palavra. É a palavra que desperta para a missão, o envio: anunciar a Boa nova”, destacou o arcebispo de Manaus. Segundo o cardeal, “a Igreja se funda na Palavra de Deus, nasce e dela vive. Ao longo de todos os séculos, o Povo de Deus encontrou nela a sua força, sua luz, seu alimento. Também hoje as comunidades eclesiais crescem na escuta, na celebração, no estudo e meditação da Palavra de Deus. A Palavra que faz a Eucaristia. A Palavra escutada, meditada, vivida, celebrada e testemunhada, é fonte do ser Igreja, fonte das vocações e ministérios. O bispo é servidor da Palavra para que a palavra se torne cada vez mais o coração de toda a vida eclesial”, inspirado em Evangelii Gaudium 174.
“Por
isso, antes da prece da ordenação abriremos os santos Evangelhos sobre ti como
expressão do múnus que recebes. Como servo, a Palavra é a casa, o abrigo do
Povo de Deus, das comunidades e será a moradia, a tenda, do teu ministério
episcopal", disse o cardeal Steiner, comentando o rito de ordenação episcopal.
“Pastor-servidor do
Evangelho na esperança!”,
disse, destacando a necessidade de “ser profeta, testemunha e servo da esperança; o
bispo tem o dever de infundir confiança e proclamar perante quem quer que seja
as razões da esperança cristã.
Entre as dificuldades e as incompreensões, entre os desânimos e contrariedades,
entre as decepções e descartes: ser esperança! Esperança, pois crê na
transformação do ser humano, na possibilidade de resgate, na salvação de todos!
Na ordenação, este serviço é explicitamente referido na entrega da mitra: “Recebe a mitra e brilhe em ti o
esplendor da santidade, para que, ao aparecer o Príncipe dos pastores, mereças
receber a coroa imperecível da glória”.
O
cardeal Steiner afirmou que “como bispos deveríamos seguir o conselho de Paulo
na carta aos Romanos: ‘Sede zelosos e diligentes, fervorosos de espírito,
servindo sempre ao Senhor, alegres por causa da esperança, fortes nas
tribulações, perseverantes na oração. Socorrei os santos em suas necessidades,
persisti na prática da hospitalidade. Abençoai os que vos perseguem, abençoai e
não amaldiçoeis. Alegrai-vos com os que se alegram, chorai com os que choram.
Mantende um bom entendimento uns com os outros; não vos deixeis levar pelo
gosto de grandeza, mas acomodai-vos às coisas humildes’”.
Olhando
para a Igreja na Amazônia, seu cardeal disse que “sempre retoma o ensinamento
de Jesus: servir e não ser servido; ser em tudo servidora. Toda a sua ação,
tanto nas pastorais explicitamente sociais, que expressam mais diretamente o
serviço libertador aos excluídos e o apoio aos diversos movimentos populares,
como nos setores de pastoral mais interna e de sustentação das comunidades
eclesiais, a meta fundamental é buscar e servir ‘ao Reino de Deus e à sua
justiça’”, seguindo as palavras do Documento “A Igreja se faz carne e arma sua
tenda na Amazônia”.
Por isso
Dom Leonardo destacou que “Amazônida, és hoje ordenado bispo para a Igreja na
Amazônia”, ressaltando que “o caminhar da Igreja na Amazônia, foi
aprendendo a moldar o seu jeito de ser igreja missionária, sinodal, de rostos
amazônicos. Fiel a identidade missionária, sinodal, e ao mandato de Jesus, ela
trilha as veredas e navega os rios da encarnação na realidade e da evangelização
libertadora. Um Igreja sem receio de testemunhar a verdade, de levar a
esperança e iluminar com a justiça e a fraternidade”.
“Uma Igreja de escuta e
contemplação. Escuta do Espírito Santo, escuta de todos que formam as
comunidades, a escuta das criaturas, através de uma hermenêutica da totalidade.
A beleza da obra criada, a graça da convivência harmônica, desperta para contemplação
deste chão sagrado”, disse o arcebispo.
Por
isso, ele fez um chamado a “servir numa Igreja servidora!”, lembrando que “no
lava-pés, o bispo se inclina para lavar o corpo e o coração, escutando os
caminhos percorridos, as alegrias, as esperanças, as dores, os sofreres, as
decepções, os descartes, a recriminações, os preconceitos sofridos; os desejos,
as rezas, os amores que mantém o desejo de viver. Inclinar-se reverente diante
de crianças e pessoas vulneráveis abusadas sexualmente. Escutar o chão da
existência para entender, intuir, as raízes existenciais, as fontes que
alimentaram e que permanecem na saudade, os laços amorosos que suscitam a
nostalgia da familiaridade, a saudade de uma pertença. Inclinar-se, uma escuta
que derrama o óleo e o vinho nas feriadas abertas e não cicatrizadas pelo
tempo. Uma proximidade reverente que lava, perfuma, cura e sana. Lavar os pés,
é bem mais que retirar a poeira do caminho. É deixar-se atingir pela compaixão
pela vida sofrida, escanteada, mas gerada e nascida do mesmo útero”. Para isso lembrou as palvras de Santo
Agostinho no Sermão 32, 1: “Quem é posto à frente do povo deve ser o
primeiro a dar-se conta de que é servo de todos. E não desdenhe de o ser,
repito, não desdenhe de ser servo de todos, pois não desdenhou de se tornar
nosso servo aquele que é o Senhor dos senhores”.
O
arcebispo de Manaus pediu ao seu novo bispo auxiliar “Joaquim Hudson, no teu
ministério episcopal possas retomar as palavras de Ezequiel e dizer: Senhor!
Vou procurar tuas ovelhas e tomar conta delas. Como o pastor toma conta do
rebanho, de dia, quando se encontra no meio das ovelhas dispersas, assim vou
cuidar de tuas ovelhas e vou resgatá-las de todos os lugares em que foram
dispersadas num dia de nuvens e escuridão. Vou apascentar as tuas ovelhas e
fazê-las repousar. Vou procurar a ovelha perdida, reconduzir a extraviada,
enfaixar a da perna quebrada, consolar a alma ferida, carregar a moribunda, fortalecer
a doente, e vigiar a ovelha gorda e forte (cf. Ez 34,11-12.15-17). Senhor,
ensina-me a ser servo-pastor dos pequeninos e esquecidos, dos descartados e
rejeitados. Ajuda-me a inclinado, ouvir e lavar com o bálsamo de teu amor aos
irmãos e irmãs que foram marginalizados. Concede-me a graça e dom do serviço!”.
Finalmente, Dom Leonardo agradeceu “a
todos os irmãos e irmãs que acompanharam a padre Joaquim Hudson. Gratidão a
todos que o ajudam e apoiaram na formação, nos estudos. Gratidão a todas as
comunidades nas quais padre Joaquim Hudson aprendeu a ser padre. A nossa
gratidão à família, especialmente a mãe pelo dom da fé e a sensibilidade para
com os pequenos. A Igreja vive da Palavra nascida no seio da família. A Igreja
que está em Manaus, agradecida, apresenta este filho para o ministério episcopal.
Somos gratos a Papa Francisco por nos ter dado mais um bispo da nossa igreja
particular. Deus seja louvado e bendito pelos dons que distribui em nossa
Igreja”.
Querido Dom Hudson..., com certeza a Igreja Católica presente na Amazônia está em Festa pois tem mais um "Bom Pastor" a Serviço de Deus e de Seu Reinado. Conte sempre com minha Oração.
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