Com motivo
da X Jornada de Oração e Reflexão pelas Vítimas do Tráfico Humano, a Rede
Talitha Kum, rede internacional da Vida Religiosa para o enfrentamento ao
tráfico de pessoas, organizou em Roma de 03 a 08 de fevereiro, um encontro de
reflexão e formação com 35 jovens de diversos países com o tema “Caminhando
pela Dignidade: Escutar, sonhar e agir”.
Representando
o Brasil participou a Ir. Michele Silva, coordenadora do Núcleo de Manaus da
Rede um Grito pela Vida e referencial da Região Norte. O encontro teve como objetivo
incentivar a luta coletiva contra o crime do tráfico de pessoas, procurando
unir esforços e criar uma consciência global.
“Durante
esta semana fizemos realizamos a experiência da escuta das realidades de cada
Rede local, das culturas e atividades que acontecem em cada país, onde a Rede
Talitha Kum está presente”, segundo a religiosa do Imaculado Coração de Maria. Os
participantes estiveram presentes no Angelus com o Papa Francisco no domingo 04
de fevereiro e da audiência pública da quarta-feira 07 de fevereiro, onde “nos
animou com suas palavras de amorosidade e esperança”, destacou a Ir. Michele Silva.
A religiosa
ressaltou igualmente a Vigília de Oração pelas vítimas do tráfico humano realizada
na Igreja de Santa Maria em Trastevere, que foi precedida por um Flash Mod na
praça em frente da Igreja. O encontro concluiu em sintonia com a Jornada Online
do Dia 08, festa de Santa Josefina Bakhita, onde “tivemos as palavras
encorajadoras do Papa Francisco, avaliação e confraternização”, disse a
religiosa.
Na Mensagem,
o Papa disse se unir “especialmente aos jovens, que em todo o mundo trabalhais
para debelar este drama global”, fazendo um chamado a “seguir os passos de
Santa Bakhita, a freira sudanesa que em criança acabou vendida como escrava e
foi vítima de tráfico. Recordemos a injustiça que sofreu, as suas tribulações,
mas também a sua força e o seu percurso de libertação e renascimento para uma
vida nova”.
Segundo o
Papa, “Santa Bakhita anima-nos a abrir os olhos e os ouvidos para ver os
invisíveis e ouvir quantos não têm voz, para reconhecer a dignidade de cada um
e agir contra o tráfico e toda a forma de exploração”. Isso porque “muitas
vezes o tráfico é invisível”, enfatizou Francisco, que reconheceu o trabalho de
repórteres corajosos, que “fazem luz sobre as escravidões do nosso tempo, mas a
cultura da indiferença anestesia-nos”.
Ele pediu
que nos ajudemos “a reagir, a abrir as nossas vidas, os nossos corações a
tantas irmãs e tantos irmãos que são tratados como escravos. Nunca é tarde
demais para nos decidirmos a fazê-lo”, destacando o entusiasmo dos jovens que “aponta-nos
o caminho, dizendo-nos que, contra o tráfico, temos de escutar, sonhar e agir”.
O Papa insistiu em “ter a capacidade de escutar quem está a sofrer”, relatando
situações de sofrimento, o que deve levar a escutar “o seu grito de ajuda,
deixemo-nos interpelar pelas suas histórias; e, juntamente com as vítimas e os
jovens, voltemos a sonhar um mundo onde as pessoas possam viver em liberdade e
com dignidade”.
Finalmente,
Francisco pediu ações concretas de combate ao tráfico, rezar e agir, chegar à
raiz do fenómeno, erradicando as suas causas. Ele colocou Santa Josefina
Bakhita como “símbolo daqueles que, reduzidos infelizmente à escravatura, ainda
podem recuperar a liberdade”, apelando para “não ficarmos parados, mobilizarmos
todos os nossos recursos na luta contra o tráfico e restituirmos plena
dignidade a quantos são vítima do mesmo”. Por isso, o Papa insistiu em que “se
fecharmos olhos e ouvidos, se ficarmos inertes, seremos cúmplices”.
Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1
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