O Mutirão
Nacional de encerramento da 6ª Semana Social Brasileira realizado em Brasília
de 20 a 22 de março de 2024 tem sido um passo importante para concretizar esse
Brasil que queremos, um caminho iniciado em 2020, e que foi recolhendo em todo
o país aquilo que pode conduzir o Brasil nessa direção.
150
participantes, bispos, presbíteros, religiosos e religiosas, leigos e leigas,
que empenham sua vida nas dezenas de pastorais sociais que fazem parte da vida
da Igreja católica no Brasil, mas também representantes de diversos movimentos
sociais e populares, tendo como base o Teto, Terra e Trabalho, em que o Papa
Francisco tem insistido ao longo do seu pontificado. São instrumentos de
profecia, ainda mais diante de tantas pedras, muitas vezes virtuais, com que hoje
os profetas são agredidos, segundo afirmou Dom João Bergamasco, bispo de
Primavera do Leste-Paranatinga (MT), na Eucaristia com que iniciaram os
trabalhos no último dia do Mutirão.
Em grupos, cada
um deles centrado num âmbito diferente: terra, teto, trabalho, soberania,
economia e democracia, tem se avançado em busca das ações de articulação,
formação e incidência política a nível nacional que respondem às necessidades
do Brasil que queremos, mostrando caminhos para executá-las. Ao mesmo tempo, na
busca de estruturas e parcerias necessárias e possíveis para a execução das
ações desse projeto popular, buscando o que pode ser feito de fato nesse
caminho em direção ao Brasil que queremos.
Uma das
grandes questões é colocar o povo no orçamento e os ricos nos impostos. O que
se pretende é pensar o Brasil que queremos a partir do povo brasileiro, incidir
na práxis, no trabalho em rede, que acolhe a diversidade, que elabora em
conjunto temas comuns, que constrói relações, vínculos, que conecta as partes
com o todo, que avança em articulação interna como Igreja e coloca em movimento
aquilo a ser construído.
Para isso
se faz preciso incidir em valores como a cooperação, a solidariedade, a disputa
pela comunidade frente ao individualismo. Uma comunidade que precisa ter espaço
para a Juventude, para as mulheres, cansados de invisibilidade, de ignorância de
suas falas e de muitos aspectos que cansam a quem é colocado em segundo plano.
São elementos que provocam e que demandam olhar para as relações humanas, dado
que a humanidade está muito machucada pelo sistema e o cuidado é fundamental
nesse processo, em busca de encantar pessoas que queiram enfrentar o atual
sistema e humanizar a vida. Um caminho revigorante à luz de uma experiência
inspiradora.
Um percurso
desde o Brasil que temos ao Brasil que queremos, que se fundamenta em alguns princípios:
poder popular; projeto anticolonial; fé e luta política em movimento; cuidado
recíproco. Também em algumas prioridades: democracia participativa;
democratizar a comunicação; reforma tributária; controle popular do orçamento
público; luta contra a precarização do trabalho, economia solidaria;
interiorizar os direitos e políticas públicas; luta contra a concentração da
terra e dos bens comuns; moradia como direito e conselhos para garanti-la;
sistema universal de proteção social; prioridades que estão em diálogo.
Para garantir
essas prioridades se fazem necessários processos permanentes: plano de formação
orgânica; diálogo permanente com os movimentos populares; conselhos
participativos; campanhas da fraternidade; incidência política compartilhada. Prioridades
que conduzam a um projeto popular que tem que ser multiplicado em vista da
incidência.
A 6ª Semana
Social Brasileira mostrou seu apoio à Campanha da Fraternidade, “uma das
maiores e mais antigas ações de pastoral de conjunto na Igreja”, denunciando
como graves e absurdos os ataques que ela sofre, “feitos por pessoas e grupos
que demonstram falta de respeito e comunhão eclesial”, e mostrando sua
solidariedade a Dom Paulo Jackson, arcebispo de Olinda e Recife e 2º
vice-presidente da CNBB que sofreu ataques difamatórios por causa da Campanha
da Fraternidade, e ao Padre Júlio Lancellotti, “expressão emblemática da
presença da Igreja junto aos pobres e marginalizados”.
Segundo
recolhe a Mensagem Final, a 6ª SSB tem insistido em reafirmar “a participação
popular ativa e a democratização do Estado”, vinculadas à força dos movimentos
e organizações populares, propondo a resistência “ao modelo imposto pelo
capital e construindo um projeto popular para o Brasil que queremos e o bem
viver dos povos”. Para isso, o desafio “fortalecer e incidir para criação de
mecanismos e participação popular”, em vista das eleições e do Brasil acolher em
2024 e 2025 a reunião do G20 e a COP30. Tudo isso “para desenvolver o projeto
popular para o Brasil, fruto da escuta e participação no processo da 6ª Semana
Social Brasileira”.
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