Na
Solenidade da Ascensão, dia em que a Igreja celebra o Dia Mundial das
Comunicações Sociais e inicia a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, e neste
ano é comemorado o Dia das Mães, o cardeal Leonardo Steiner iniciou sua homilia
lembrando que Jesus se retira aos olhos dos apóstolos, mas, antes os envia: “Ide pelo mundo
inteiro e anunciai o Evangelho a toda a criatura!”. Segundo o arcebispo de
Manaus, “os discípulos que continuam a presença e a missão de Jesus”.
Analisando a primeira leitura, o cardeal disse que “os Atos dos
apóstolos, nos recordava a presença de Jesus Ressuscitado e as
palavras para que não se afastassem de Jerusalém. Pediu para permanecerem no
lugar do amor, da morte, da entrega, da vida nova, do nascer, o lugar da
transformação, da salvação. Tudo para serem 'as minhas testemunhas em Jerusalém,
em todas a Judeia e Samaria e até os confins da Terra'. Testemunhas de Jesus,
mas por obra do Espírito Santo. Os discípulos tornar-se-ão testemunhas de Jesus
ao receberem os dons do Espírito Santo”.
Citando o
texto, o arcebispo falou sobre a cena: “Desapareceu aos seus olhos!
Paralisados, estáticos perscrutam o céu. O olhar deve voltar-se para a missão,
para que a ausência seja presença. Ele subiu aos céus, mas continuará presente.
Tão presente que podem esperar o seu contínuo retorno. A presença que agora
permanece como memória, como missão, pois enviados como anunciadores,
proclamadores. Os de branco a
dizer-lhes, a assegurar que Ele estará retornando. Retornando no acolhimento
que o anúncio suscita, na visibilização da comunidade que vive o mistério do
amor do Reino de Deus. Sim, pois retornará sempre que estivermos reunidos em
seu nome. Reunidos em seu nome e Ele entre nós”.
“Como na
solenidade pascal, a ressurreição do Senhor foi para nós motivo de grande
júbilo, agora também a sua ascensão aos céus nos enche de imensa alegria. Pois
recordamos e celebramos aquele dia em que a humildade da nossa natureza foi
exaltada, em Cristo, e associada ao trono de Deus Pai", lembrou dom Leonardo.
Segundo
ele, inspirado em São Leão Magno, “na verdade, tudo o que na vida de nosso
Redentor era visível, passou para os ritos sacramentais. A fé é aumentada com a
Ascensão do Senhor e fortalecida com o dom do Espírito Santo. Esta fé expulsou
os demônios, afastou as doenças, ressuscitou os mortos. Agora, sem a presença
visível do seu corpo, podemos compreender claramente, com os olhos do espírito,
que aquele que ao descer à terra não tinha deixado o Pai, também não abandonou
os discípulos ao subir para o céu. A partir de então, Jesus deu-se a conhecer
de modo mais sagrado e profundo como Filho de Deus. Por conseguinte, a nossa fé
começou a adquirir um maior e progressivo conhecimento e a não mais necessitar
da presença palpável da substância corpórea de Cristo”.
“A vida,
a morte, a ressurreição elevada à plenitude, à consumação. Todos os encontros,
todos os ensinamentos, os sofrimentos, a tortura, a morte, a liberdade da
entrega, a transformação na morte, a vida nova, a expandir-se sobre a terra na
nossa humanidade, agora plenificada, a participação na vida plena. Tudo foi
plenificado, tudo transfigurado. Não é o desaparecer, mas a destinação de toda
a obra amorosa nossa n´Ele, a nossa vida e morte n´Ele. Subindo ao céu Jesus
nos abre a certeza da Casa do Pai, da nossa morada, da nossa participação na
glória”, disse o arcebispo. Ele lembrou as palavras da oração coleta do dia: “Deus
todo-poderoso, fazei-nos exultar de santa alegria e fervorosa ação de graças,
pois na Ascensão de Cristo vosso Filho bossa humanidade foi elevada junto de
vós e, tendo ele nos precedido como nossa cabeça, nos chama para a glória como
membros do seu corpo”.
“Jesus Cristo subiu ao céu; suba também como Ele nosso coração”, pediu o
cardeal, afirmando, inspirado no Sermão de Santo Agostinho que fala sobre a Ascensão
do Senhor, que “do mesmo modo que ele subiu, sem
por isso afastar-se de nós, assim também nós estamos com ele, embora ainda não
se tenha realizado em nosso corpo o que nos foi prometido. Ele foi elevado ao mais alto dos céus; entretanto,
continua sofrendo na terra através das fadigas que experimentamos. No “tive
fome e me destes de comer”, servimos na terra pela fé, a esperança e a caridade
que nos unem a Jesus, e participamos da sua Ascensão. Ele com Pai e, por isso,
continua conosco; nós, servindo estamos com ele. Ele está conosco por sua
divindade, por seu poder, por seu amor; nós, embora não possamos realizar isto
como ele pela divindade, podemos pelo amor a ele”.
Dom Leonardo resaltou que “na Solenidade da Ascensão, Jesus envia os
apóstolos antes de partir. Pede que partam, pois ele também partirá”, citando o
texto evangélico: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda a
criatura!”. O cardeal enfatizou que “o Ide como um mandato, um envio,
solene, rico profundo, pois todas as criaturas devem ouvir a Boa Nova. Todos os
discípulos, todas as discípulas, de ontem e de hoje, são enviados, enviadas, pois,
todos agora discípulos missionários. No
Ide está a missão da Igreja toda, de todas as nossas comunidades, de cada
um de nós. Todos que participam da graça do Crucificado-ressuscitado, recebem
como missão anunciar a toda a criatura a Boa Notícia da salvação. Todos
discípulos missionários, todos chamados-enviados. Palavra breve, concisa, com a
força que atravessa séculos. Ele que permanece no mundo pelo anúncio do seu
Reino instaurado”.
“No ‘Ide’ está a nossa identidade de cristãos. Jesus não chama para
permanecermos com Ele, junto de si, para um modo confortável de viver. Como Ele
que saí do Pai e veio habitar entre nós e agora vai para o céu, nos envia em
missão. Nós somos agora os enviados para proclamar nossa participação na vida
de Deus. Anunciar o Evangelho a toda a criatura! A presença do Ressuscitado
é tão extraordinária que deverá ser proclamada a toda a criatura. Assim
nós seus discípulos e discípulas somos enviados para anunciar, proclamar a
todas as criaturas a bênção da vida em Jesus Cristo”, disse o cardeal.
Lembrando
que “estamos na Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, que tem como lema
as palavras do evangelho de João: ‘Amarás a Deus e a pessoa próxima como a ti mesmo.’ (cf Lc 10,27)”, ele
disse que “a Semana de Oração, realizado todos os anos, deseja aprofundar
laços entre as igrejas que se identificam com a cultura do encontro e da
acolhida proposta por Jesus. Ao caminhamos ao encontro de Pentecostes, nos
unimos em oração para sermos em Cristo irmãos e irmãs, seguidores e seguidoras.
Ao celebrarmos hoje a ascensão de Jesus, somos conduzidos pela Palavra de Deus
a meditar na sua presença que permanece entre nós, na Palavra, na oração, na
Eucaristia, na caridade. Serão os gestos que nos aproximam e que nos conduzem
ao encontro de Cristo”.
Igualmente o cardeal
Steiner destacou a mensagem significativa de Papa Francisco para o dia Mundial
das Comunicações Sociais celebrado na Solenidade da Ascensão, lembrando o tema:
“Inteligência artificial e sabedoria do coração: para
uma comunicação plenamente humana”. Segundo o cardeal, “o Santo Padre insiste na
necessidade da nossa comunicação buscar a verdade encontrando pessoas,
situações concretas. Comunicar encontrando as pessoas onde estão e como são.
Buscar as situações sociais de desgoverno, mas também a belezas transformativas
da sociedade. Para tal faz-se necessário encontrar pessoas, histórias,
verificar com os próprios olhos as situações das pessoas, das comunidades.
Apresentar história de encontro, seja da miséria, seja da harmonia”. Ele citou uma
parte da Mensagem: “Todo o instrumento só é útil e
válido, se nos impele a ir e ver coisas que de contrário não chegaríamos a
saber, se coloca em rede conhecimentos que de contrário não circulariam, se
consente encontro que de contrário não teriam lugar”.
Comentando a carta aos Efésios, o arcebispo de Manaus disse que “nos
oferece uma verdadeira benção: o Pai ‘abra o vosso coração à sua luz, para que
saibais qual a esperança que o seu chamamento vos dá, qual a riqueza da glória
que está na vossa herança com os santos e que imenso poder ele exerceu em favor
de nós que cremos, de acordo com a sua ação e força onipotente’ (Ef 1,18-19). Segundo
o cardeal, “quem nos guia e fortalece na caminhada neste mundo é a vida, a
morte e a ressurreição de Jesus; Ele a iluminar nos caminhos do encontro entre
as igrejas; Ele a verdadeira Mensagem de esperança, pois transformação da
humanidade em divindade; Ele a nos conduzir pelos caminhos da comunicação da
verdade, de ‘vem e verás’. Jesus Cristo nosso caminho, nossa verdade e nossa vida
que hoje sobe ao céu”.
“Nele
lemos a consumação da nossa história e de toda a criação. A comunhão com o Pai,
a plenitude da vida com o Pai com o Espírito Santo, a nos indicar a nossa
participação na culminância da vida e missão de Jesus. A nuvem que encobre a
Jesus, simultaneamente, esconde e manifesta, pois diz da presença ausente, da
ausência presente, mas sempre presença. O céu e a terra, o divino e o humano -
agora que nossa carne subiu ao céu, no Corpo exaltado de Jesus Cristo
ressuscitado”, enfatizou o cardeal.
Finalmente, dom Leonardo destacou que “ao lembramos, hoje, as
nossas mães, rezamos por elas! As nossas mães que nos despertaram para a fé,
que nos ensinaram os passos do amor, que nos legaram a esperança como caminho
do futuro. Com elas aprendemos a oração, a entrega, o acolhimento, o calor da
proximidade. Deus abençoe as nossas mães e acolha as nossas que deixaram o
nosso convívio do olhar”.
O
cardeal encerrou sua homilia com as palavras do Prefácio da Ascensão do Senhor:
“Jesus, o Rei da Glória, subiu hoje, ante os anjos maravilhados, ao mais alto
dos céus, não para afastar-se de nossa humanidade, mas para dar-nos a certeza
de que nos conduzirá à glória da imortalidade”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário