Formar os
agentes pastorais na dimensão sociotransformadora é umas das prioridades do
Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte1).
Para concretizar esse propósito foi iniciado nesta sexta-feira, 07 de junho, o Seminário
Regional das Pastorais Sociais, com o tema “Amizade Social e o Compromisso
Sociopolítico da Fé na construção do bem viver”, e o lema “Vós sois todos
irmãos e irmãs” (Mt 23,8).
Partindo da
parábola da semente, o arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte1,
cardeal Leonardo Steiner, destacou que “Deus nos gerou para produzimos muito fruto,
para abrigar, para sombrear, para levar vida, para alimentar, animar,
esperançar”. Segundo ele, “nossas Pastorais Sociais são um modo de levar a
semente do Reino de Deus, a vida do Reino de Deus, o modo do Reino de Deus.
Esse modo do Reino de Deus que vai transformando a vida das pessoas, o Reino de
Deus que vai dando muitos frutos. As nossas Pastorais Sociais que vão lançando,
vão visibilizando o Evangelho, o Reino de Deus”.
Essas Pastorais
Sociais são nomeadas pelo Papa Francisco na Bula de convocação para o Ano da
Esperança, definindo-as, lembrou o arcebispo de Manaus, que disse que “são
sementes de esperança as nossas Pastorais Sociais, nossas Pastorais Sociais
elevam, lutam, alimentam, dessedentam, levando sempre esperança. As nossas Pastorais
Sociais são transformadoras, não porque nós queremos, mas porque são evangélicas”.
Ele fez um chamado a ter sempre diante dos nossos olhos, que “o Reino é sempre
um Reino de esperança, porque é um Reino de transformação”, vendo o fato de
levar a paz como missão das Pastorais Sociais e assim superar os diversos conflitos.
Com relação
à amizade social e ao compromisso sociopolítico da fé para construirmos uma nova
fraternidade, uma nova sociedade, mais justa, o presidente do Regional Norte1,
denunciou a violência presente na sociedade e as mortes de muitos jovens que
não vem a público, chamando a estar atento a essas realidades, como compromisso
de fé, como missão da Igreja. Diante do fato da política ter perdido
importância e da resistência frente a ela, desafiou a recuperar a política,
lembrando que existe no Brasil um movimento da Igreja para isso. Ele insistiu
para não desistir do exercício da política, pedindo que o Seminário anime a
fazer “o Reino de Deus cada vez mais visível e cada vez mais presente”.
Um
Seminário que é um espaço de formação para todos aqueles que tem que lutar cada
dia com as coisas da cidade, segundo disse o bispo da diocese de Alto Solimões
e referencial das Pastorais Sociais no Regional Norte1, em vista de que a
sociedade nos subsidie em vista do bem comum. Ele animou a conhecer aquilo que Papa
Francisco chama de boa política para poder chegar ao bem comum. Juntamente, dom
Adolfo Zon denunciou que “falar de política hoje na nossa Igreja, para
algumas pessoas, parece que é falar do diabo”.
O bispo lembrou do trabalho da Igreja católica no Brasil em busca de políticas públicas, denunciando a volta atrás e o desinteresse com relação à coisa comum na sociedade atual. Ele insistiu em que “a fé tem que ser encarnada, uma fé etérea, volátil, não existe”, isso porque “o ser humano, ele é ação, e os valores do Evangelho iluminam as nossas ações”. Daí ele disse que “uma boa política sem gente que se interesse, ela não vai chegar”, vendo a Doutrina Social da Igreja como conjunto critérios e diretrizes de ação para avançar em vista da melhor política, tendo como instrumento para isso a formação, animando os participantes do Seminário a ser multiplicadores nas bases.
Depois da
apresentação, acolhida e mística, os 50 representantes das nove igrejas locais
que fazem parte do Regional Norte1 participaram do Análise de Conjuntura, momento
aberto ao público em geral, onde foi debatido sobre o “Compromisso
sociopolítico do cristão/ã frente às eleições municipais”, que contou com a
assessoria do advogado, economista e político, José Ricardo Wendling,
ex-deputado federal. Ele iniciou sua fala se referindo ao sentido da política, afirmando
que a política é cuidar das pessoas da cidade, é um serviço para a sociedade.
Mas ao mesmo tempo denunciou um problema em volta da política, que leva a
identificar a política com assistencialismo, esperteza, corrupção, e aos
políticos com gente que não presta.
A política
é um exercício da cidadania, lembrando o papel ativo da Igreja católica na luta
por direitos garantidos da Constituição Brasileira de 1988. As políticas
públicas devem ser construídas a partir das necessidades da população,
segundo José Ricardo, reclamando a necessidade de debate e definir prioridades no
orçamento público. O problema é, segundo o ex-deputado federal, que não há
processo participativo, o povo não é ouvido, não há debate.
Com relação
ao processo eleitoral destacou a importância do direito de votar, de se
organizar em partido político, em associações e sindicatos, o direito de se
candidato, refletindo sobre a necessidade de conhecer a ideologia dos
partidos. Igualmente, José Ricardo mostrou o que é a Lei Eleitoral, que muda constantemente
no Brasil, e o processo eleitoral, com chapas e alianças, mais por conveniência
que por projetos comuns, e com pouco debate de propostas. Ele refletiu sobre o
financiamento dos partidos, a compra de votos, assistencialismo e uso da máquina
pública. Diante disso, o papel do Tribunal Eleitoral, a distribuição do fundo
eleitoral, as Fake News e sua influência no processo eleitoral.
José
Ricardo Wendling, diante das eleições municipais, falou sobre o papel dos prefeitos
e vereadores, os desafios a ser enfrentados nas cidades, algo a ser
considerado na hora de eleger prefeitos e vereadores, mostrando diversos
exemplos disso. Ele refletiu sobre a grande e crescente influência de igrejas
evangélicas, do tráfico de drogas. Com relação à Amazônia, mostrou o aumento de
membros do poder legislativo que defendem a mineração e garimpo, o Marco
Temporal e não demarcação de terras indígenas, a flexibilização de leis
ambientais, a redução de Reserva Legal e mais desmatamento.
Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1
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