Todos nós somos
chamados por Deus, a resposta é pessoal e diferente, mas o chamado acontece em
algum momento da nossa vida. Nossa resposta depende muitas vezes da nossa
capacidade de escuta, uma atitude cada vez menos presente em nossa vida. Muitas
pessoas dizem: “eu não tenho tempo para escutar”. Aos poucos vamos nos
desentendendo dos outros, e vamos nos desentendendo de Deus.
Não podemos
esquecer que Deus nos fala de muitos modos, mas especialmente nos fala nos
outros. As vezes naqueles com quem a gente convive no dia a dia, as vezes
pessoas com quem não temos um contato cotidiano, mas também pode ser que Ele
nos fale através de alguém que a gente encontrou uma vez na vida. Deus tem seu
modo de agir, de nos fazer sua proposta.
Mas também temos
que nos perguntar se nós somos propostas de Deus para alguém. É um desafio ser
testemunhas de Deus para os outros, ajudá-los a descobrir que Deus pode ser
importante em sua vida, que Deus quer acompanhá-los em sua caminhada. Não
podemos esquecer que a resposta ao chamado que Deus nos faz a cada um, cada uma
de nós, tem que nos levar a sermos testemunhas na vida dos outros.
E isso é algo que
nasce do nosso batismo, pois é aí que Deus nos chama para sermos discípulos e
discípulas, independentemente de como isso se concretiza no decorrer do tempo,
do ministério que cada um assume, da vocação à qual nos sentimos chamados. É na
diversidade de vocações que a Igreja se enriquece e cresce, fazendo com que
possa ser melhor presença de Deus na vida da humanidade.
Nessa diversidade
de vocações, a família, assumir o chamado de Deus a formar uma família, a ser
família, nos leva a refletir sobre a importância que a família tem na vida da
humanidade, como espaço de encontro, de partilha de vida, de descobrimento
daquilo que vai construindo nosso futuro. Uma família que se concretiza de
diversos modos e que foi se transformando em seu conceito ao longo da história,
mas que não pode esquecer seu papel na vida das pessoas.
A família é
desafiada a providenciar a seus membros a possibilidade de crescer, não só
fisicamente, mas também na dimensão humana e na dimensão transcendente. A
referência à transcendência acompanha a vida da humanidade desde que o ser
humano foi avançando em racionalidade, como algo que complementa a dimensão
humana de cada ser.
Temos em nossas
famílias uma preocupação por essa referência à transcendência? Experimentamos,
com a ajuda daqueles com quem partilhamos a vida, a presença em nosso meio
dessa transcendência? Somos conscientes que essa referência à transcendência dá
sentido à nossa vida e oferece a possibilidade dos outros se enriquecer a
partir do convívio cotidiano?
Responder a essas
perguntas nos ajuda a responder a Deus, a descobrir que essa resposta plenifica
nossa vida, dá sentido a nossa existência e a nossa caminhada e relacionamento
com os outros, a quem Ele também chama. Pode ser que sintam esse chamado através
de nós, e ajudar o outro a se encontrar com a transcendência sempre vale a
pena.
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