O V Encontro
da Igreja na Amazônia Legal, que reuniu desde segunda-feira, 19 de agosto, mais
de 80 participantes em Manaus, com o tema “A Igreja que se fez carne, alarga
sua tenda na Amazônia: Memória e Esperança”, foi encerrado com um chamado a
assumir compromissos que possam ajudar no anúncio do Evangelho e na construção
do Reino da Igreja na região.
Um encontro
que à luz das leituras da Festa de Nossa Senhora Rainha, nos leva a “despertar
em nós algumas atitudes”, segundo o arcebispo de São Luiz (MA) e presidente da
Comissão Episcopal Especial para a Amazônia da Conferência Nacional dos Bispos
do Brasil (CNBB). O arcebispo refletiu sobre quatro atitudes, sendo a primeira
a alegria, “ajudar a nosso povo a vir à luz, a encontrar a luz”. Ele lembrou as
partilhas ao longo do encontro, “as nossas dificuldades, os nossos desafios: o
individualismo, clericalismo, a espiritualidade desencarnada da realidade, a
ameaça do Marco Temporal, a situação do agronegócio, da monocultura, da
mineração destruindo a casa comum e a vida das pessoas”, e diante disso, “o Senhor
nos pede que não percamos a alegria, sem alegria a vida se torna difícil e dura”,
e ter consciência que “nós estamos solidários uns com os outros”.
Uma segunda
atitude é “essa certeza de que o Senhor está contigo, Deus nos acompanha e
também nos defende, e nos proporciona sempre o bem”, sobretudo quando
caminhamos juntos. Como terceira atitude, dom Gilberto ressaltou “não temas,
não tenhais medo de uma história difícil”, advertindo sobre os muitos medos,
dentre eles o medo à missão, ao fracasso, à doença, à morte, pudendo “sentir
medo de nossas incompreensões e incoerências”. Por isso, o presidente da CEA
sublinhou que “o medo sufoca a vida, paralisa as força, nos impede de caminhar”.
Finalmente,
a exemplo de Maria, acolher a graça de Deus e nos deixamos conduzir por ela, “despertar
em nós a confiança em Deus e a alegria de sabermos acolhidos por Ele”, e nos
deixarmos ser acompanhados por Deus. O arcebispo afirmou que “só se pode ser
alegre em comunhão com os que sofrem, em solidariedade com os que choram. Só
pode ser feliz para acordar felizes os outros”.
Os
compromissos nascidos do V Encontro da Igreja na Amazônia Legal, estruturados
em passos, pistas e responsáveis, são divididos em seis caminhos: Caminhos da
formação; Caminhos da ministerialidade; Caminhos de Participação das Mulheres;
Caminhos do cuidado da Casa Comum; Caminhos da corresponsabilidade e
sustentabilidade; Caminhos da Caridade e a Profecia.
Para a
Igreja na Amazônia a COP30, que será realizada em Belém (PA), em novembro de
2025, tem uma grande importância. A Conferência das Partes é o encontro da
Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, em vista do debate e
das soluções. A Igreja do Brasil, que em 2025 terá como tema da Campanha da
Fraternidade a Ecologia Integral, está se mobilizando em vista da COP 30, e tem
criado uma equipe de coordenação.
O Papa
Francisco, na Laudate deum, afirma que “as alterações climáticas são um dos
principais desafios que a sociedade e a comunidade global têm de enfrentar”.
Nessa perspectiva, a Igreja do Brasil quer “fortalecer o grau de incidência da
Igreja em vista da conversão ecológica e da transformação socioambiental do
planeta, à luz da Doutrina Social da Igreja.” Foram apresentados os atores e
escalas, os cenários, as diretrizes e as ações previstas. Durante a COP30 está
previsto a realização do Jubileu da Igreja da Amazônia, com diversas atividades
que estão sendo propostas a ser realizadas no tempo da COP.
Uma Igreja
que, em palavras do bispo auxiliar de Brasília e secretário geral da CNBB, dom Ricardo
Hoepers, tem “a admiração pela perseverança diante de desafios tão difíceis”, da
Igreja do Brasil. É por isso, que ele manifestou seu compromisso de partilhar com
o resto da Igreja do Brasil a realidade da Igreja da Amazônia.
Dom Gilberto
Pastana encerrou o encontro agradecendo a participação, a partilha, a colaboração
e o discernimento comum em obediência ao Espírito, em um processo que tem que nos
levar a uma conversão permanente, na pastoral, no relacionamento e nas
estruturas, sempre ao serviço da vida, a assumir a missão da Igreja em
sinodalidade. Palavras que antecederam a celebração de envio, encerrada com a
benção de um dos grandes profetas da Igreja da Amazônia, o bispo emérito do
Xingú, dom Erwin Kräutler.
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