Os Mandamentos da Lei de Deus orientam nossa vida, e o terceiro mandamento diz: “Não tomar o nome de Deus em vão”. Diante das atitudes de alguns candidatos podemos dizer que o respeito por esse mandamento passa longe daqueles e daquelas que pretendem assumir um lugar nas prefeituras e câmaras de vereadores.
Não são poucos os
quem em seus discursos e propagandas falam de Deus, mas de que Deus? Muitas
vezes um Deus que responde aos seus próprios interesses, se distanciando
daqueles que são os preferidos de Deus, os mais pobres e vulneráveis, aqueles a
quem a sociedade, inclusive muitos que assumem cargos públicos em diversos
níveis, descartam.
Quando um político
ou um candidato fala de Deus, deveria assumir as atitudes de Deus, atitudes que
nos levam a escutar os outros, a defender a vida sempre, a respeitar as
diferenças, a cuidar da casa comum, a estar disposto a dialogar e perdoar, a
defender a democracia. De fato, acreditar em Deus é bem mais do que falar dele,
é viver segundo seus mandamentos.
O mau uso da
política tem fomentado que aqueles que não tem a mesma opinião sejam vistos
como inimigos, quando em verdade eles só são adversários. O debate político
enriquece e a diversidade de pensamentos em busca do bem comum, de um mundo
melhor para todos e todas, é uma necessidade no exercício da política, do
cuidado daquilo que é de todos, daquilo que é comum.
O político que
fala de Deus deve ser tolerante com as opiniões dos outros, o que deve levar a
ser respeitoso e valorar que é possível viver de diversos modos. O desafio é
concretizar aquilo que o Papa Francisco, na encíclica Fratelli tutti chama
amizade social, a boa política. Ele fala sobre saber reconhecer, valorizar e
amar todas as pessoas, de evitar todo desejo de domínio sobre os outros, de formar
uma comunidade feita de irmãos que se acolhem mutuamente e cuidam uns dos
outros.
São
questionamentos que todo cidadão, todos aqueles que votam, deveriam se fazer. Quem
não se preocupa com todos, quem não está disposto a olhar os prediletos de
Deus, quem responde a interesses pessoais ou de pequenos grupos de poder, nunca
deveria assumir um cargo público. O político que diz olhar e escutar a Deus tem
que descobrir que para isso tem que dirigir seu ouvido, seu olhar, para baixo,
porque o Deus cristão é um Deus que está no meio de nós, que passa fome, sede,
necessidade, naqueles em que Ele está encarnado.
No catecismo antigamente este era o segundo mandamento. Que lembra a tentação de Jesus no deserto: não instrumentalizar a religião, não tentar manipular a fé dos que creem, não inventar rezas mágicas, novenas milagrosas, práticas piedosas, que "obriguem" ou bajulem a Deus, etc.
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