quinta-feira, 5 de setembro de 2024

Uma sociedade e uma Igreja que grita por Saúde, por direitos para os vulneráveis


A tentativa, o desejo de calar os gritos é algo próprio daqueles que têm poder. Aos poucos, parece que eles vão conseguindo criar uma sociedade muda, onde cada vez é mais difícil encontrar pessoas dispostas a gritar, a lutar pelos direitos humanos, pelos direitos sociais. Como diz o ditado popular: “o povo apanha calado”.

O Grito dos Excluídos, que está completando 30 anos, é um momento para que como sociedade, também como Igreja, possamos gritar em favor de um mundo melhor para todos e todas, em favor desse Reino de Deus que quando a gente reza, pede que venha a nós. Mas infelizmente, nossa fé esquece desse compromisso, da prática da verdadeira religião, que é defender àqueles que ninguém defende.

Em Manaus, o Grito dos Excluídos acontece hoje, quinta-feira, 5 de setembro, iniciando às 15 horas na Praça da Saudade. Um grito por melhorias urgentes na saúde pública do Amazonas, uma situação que provoca muito sofrimento, especialmente nos mais pobres. O descaso com a saúde pública no Amazonas é total, as pessoas sofrem as consequências do sucateamento do SUS, que tem como consequência a falta de medicação essencial, a carência de especialidades médicas, as longas filas de espera para as consultas e procedimentos, dentre outras situações que a população sofre.

A gente se depara nas últimas semanas com a campanha para as Eleições Municipais, onde candidatos e candidatas fazem promessas, quase sempre infundadas e sem nenhuma pretensão de concretizá-las. Candidatos a prefeitos e vereadores que atualmente ocupam ou tem ocupado cargos no Poder Executivo e no Poder Legislativo, ou que são apoiados por aqueles que ocupam ou tem ocupado recentemente cargos nesses âmbitos, e que pouco ou nada fizeram pela saúde.



Será que dá para acreditar nessas promessas? O povo é consciente de que o voto tem consequências? Podemos votar naqueles que são os causantes principais, eles ou seus aliados políticos, da situação catastrófica que o povo do Amazonas está vivendo em relação à Saúde? Quando vamos tomar consciência que o dever fundamental daqueles que desempenham um cargo político é garantir as políticas públicas?

Junto com a Saúde um grito pelo cuidado da Casa Comum, ainda mais diante da seca estrema que pelo segundo ano consecutivo estamos sofrendo. Somos conscientes de que o cuidado da Casa Comum é responsabilidade de todos nós? Os problemas ambientais não se resolvem só com a criação do Ministério de Meio Ambiente, se faz necessário uma maior fiscalização e que o Governo Federal e o Governo Estadual não façam a vista grossa em relação às queimadas, ao garimpo ilegal e a tantas situações que destroem a Amazônia. O poder econômico, a quem só interessa o lucro, não pode ser a causa de tanta destruição e ficar impune.

Quando a Casa Comum é destruída, a saúde do povo, especialmente dos mais vulneráveis, sofre. O grito da Terra e o grito dos pobres é o mesmo, e por isso a Igreja não pode ficar calada, não pode deixar de impulsionar esse clamor, não pode deixar de ser profeta. Uma Igreja que fica presa nos templos corre o risco de pegar mofo, uma Igreja que grita por justiça e garantia de direitos vai se tornando o melhor testemunho daquele que veio para que todos tenham vida em abundância.



Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1


Um comentário:

  1. Precisamos agir dentro de nossos templos, conscientizando sobre políticas públicas e como entender o que podemos fazer e agir.

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