Durante a
Quaresma, a Comissão para Ecologia Integral e Mineração da Conferência Nacional
dos Bispos do Brasil (CNBB), uma das promotoras da Campanha da Fraternidade
2025, oferece a todos os irmãos e irmãs de caminhada na fé um itinerário
espiritual a partir da reflexão do Evangelho do domingo.
No terceiro
domingo a reflexão foi por conta de dom Edson Damian, bispo emérito da diocese
de São Gabriel da Cachoeira e membro da Comissão Especial para a Ecologia
Integral e Mineração da CNBB. Ele iniciou sua fala lembrando que “Jesus nos
conta a parábola da figueira estéril. A figueira estéril simboliza o povo de
Deus da primeira aliança, principalmente as autoridades, que não acolheram a
boa nova de Jesus. Apesar de não oferecer frutos de conversão, a figueira
recebe mais uma oportunidade. Deus tem paciência, insiste, mas é preciso mudar,
converter-se, antes que seja tarde. Mais tarde, tarde demais.”
O bispo
atualizou “este convite à conversão dentro do tema da Campanha da Fraternidade
deste ano, dedicada à ecologia integral, ao cuidado de nossa casa comum, que
está sofrendo inúmeras agressões que colocam em risco a nossa própria
sobrevivência.” Segundo ele, “o modelo capitalista, baseado na exploração
insaciável dos recursos naturais, na queima de combustíveis, o consumo de
combustíveis fósseis, como os derivados do petróleo, a expansão desenfreada do
consumo, está gerando uma série de problemas ambientais: a degradação do solo,
a destruição das florestas, os incêndios criminosos, o extrativismo predatório,
a escassez da água, a extinção de muitas espécies e as mudanças climáticas.”
Dom Edson
Damian sublinhou que “estamos assistindo a cada dia eventos climáticos extremos.
Ondas de calor, enchentes e furacões estão se tornando mais frequentes e
destrutivos, ceifando vidas, provocando migrações forçadas e empurrando milhões
de pessoas para a pobreza.” O bispo emérito de São Gabriel da Cachoeira
recordou que “o Papa Francisco, desde 2015, com a encíclica Laudato Si´, sobre
o cuidado da casa comum e, em 2023, com a exortação Laudate Deum, afirma, que
não estamos reagindo de forma satisfatória diante dos efeitos climáticos. O
mundo que nos acolhe está se desfazendo e quase nos aproximando de um ponto de
ruptura, isto é, sem volta.”
Portanto, ressaltou
o bispo, “estamos num momento decisivo para nós e para o nosso planeta. Ou
mudamos nossos hábitos destrutivos na relação com a nossa casa comum, ou
provocaremos um colapso planetário sem retorno. Já estamos experimentando seu
prenúncio nas grandes catástrofes que assolam o nosso planeta, em todas as
regiões. E não existe planeta de reserva, só temos este. E embora a Terra
sobreviva sem nós, nós não viveremos sem ela.” Ele insiste em que “ainda é
tempo, mas o tempo é agora. Mais tarde, tarde demais.”
“Nessa
conversão ecológica, passar da lógica extrativista e predatória, que contempla
a terra como um reservatório inesgotável de recursos, para uma lógica do
cuidado, através da proteção das florestas e dos rios, combatendo os incêndios,
o uso abusivo de venenos e agrotóxicos, o consumismo insaciável”, é o chamado
de dom Edson Damian. Diante disso, ele disse que “precisamos aprender a viver
com sobriedade, lutando pela justa distribuição dos frutos da terra, para que
os bens essenciais à nossa sobrevivência e os alimentos cheguem às mãos de
todos e de todas. Vivendo assim, estaremos colaborando com nosso bondoso Pai
Criador, que ao contemplar esse planeta tão grande e tão bonito, viu que tudo
era muito bom.”
Reflexão muito profunda de Dom Edson, trazendo a riqueza de sua experiência concreta na Amazônia como bispo da diocese de São Gabriel da Cachoeira. Obrigada por sua partilha.
ResponderExcluirParabéns Dom Edson. Que bom ouvir de quem tem tanta vivência e experiência prática uma exortação tão contemporânea e correta. A natureza está, sim, à disposição da humanidade mas,está precisa aprender a usá-la de forma não predatória e si de forma a melhorar sua produtividade. E isto é possível, mesmo sem o uso de tantos pesticidas e se esgotar os recursos existentes.
ResponderExcluirGrande abraço.