Recordar a própria
infância e adolescência é uma atitude que ajuda a se colocar no lugar dos outros,
sobretudo no lugar daqueles que sofrem em consequência do abuso e exploração de
crianças, adolescentes e adultos vulneráveis. Essa recordação foi o ponto de
partida do encontro da Comissão Ampliada de Proteção de Crianças, Adolescentes
e Adultos Vulneráveis do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil, que acontece em Manaus de 4 a 6 de abril de 2025, com a participação
de quase 30 representantes das nove igrejas locais do Regional.
Capacitar para atuar de maneira eficaz
Um encontro
para contribuir na capacitação da comissão ampliada, proporcionando-lhes o
conhecimento e as habilidades necessárias para atuar de maneira eficaz e sensível
na prevenção ao abuso, exploração sexual de crianças, adolescentes e
adultos vulneráveis.
O Papa
Francisco insiste em que “cuidar é compartilhar paixão eclesial e competências com
o compromisso de formar o maior número possível de agentes pastorais. Desta
forma promove-se uma verdadeira mudança cultural que coloca os mais pequenos
e mais vulneráveis no centro da Igreja e da sociedade”, um pano de fundo
presente no encontro.
Cuidar para que exista uma cultura de proteção
A dívida
com as crianças, adolescentes e adultos vulneráveis é muito grande, segundo o bispo
auxiliar de Manaus e assessor da comissão dom Hudson Ribeiro, que insiste no
apelo do Papa Francisco no Motu Próprio Vos Estis Lux Mundi de cuidar para
exista uma cultura de proteção, algo que passa por uma consciência, por uma
conversão ao respeito às crianças e adolescentes, que leve a promover os seus
direitos.
O bispo
auxiliar de Manaus lembrou o pedido de Jesus no Evangelho para se fazer criança
como condição para entrar no Reino dos Céus. Nessa perspectiva, dom Hudson disse
que “tudo isso nos leva a acreditar que a gente encontra nas palavras de
Jesus, a força para que a gente possa contagiar pessoas pela causa da criança e
do adolescente”, algo que as igrejas do Regional Norte 1 da CNBB estão
assumindo por meio da comissão ampliada e das comissões nas dioceses e
prelazias.
O objetivo
é fazer com que as comissões tenham condições de receber informações, de
refletir sobre a temática, de poder partilhar as experiências que já estão
acontecendo nas dioceses e prelazias, lembra o bispo. Uma construção que ele
define como sinodal, de escuta, de partilha de experiências, em vista de
construir o que dom Hudson chama de mosaico da esperança, especialmente neste
ano do Jubileu da Esperança, um tempo em que “a gente encontra pessoas
disponíveis” para assumir essa causa, algo que ninguém pode abrir mão e que faz
com que a cultura do cuidado passe do desejo, do sonho, para a realização.
Um olhar de sensibilidade
Para isso,
o bispo ressalta que “o nosso olhar tem que ser um olhar de muita sensibilidade
para ajudar a identificar quem já faz, quem já cuida, para poder otimizar
essas ações, ajudar a dar uma forma mais organizada”, algo que tem criado
um pouco mais de consistência, de continuidade, de construção de processos em
continuidade. Igualmente, dom Hudson destaca o envolvimento cada vez maior de
crianças na rede de proteção, que deve ajudar a criar uma nova cultura que
surge a partir das crianças e adolescentes, que começam a se envolver nessas
ações, o que ele define como maravilhoso.
Entre os
passos concretos dados pela comissão, o bispo auxiliar destaca que as comissões
foram instaladas em todas as dioceses e prelazias do Regional Norte 1. Isso tem
ajudado, pois os casos de suposto abuso estão chegando, e existe uma comissão
metropolitana que recebe esses casos para serem analisados e procura estudar
os casos e dar resposta às pessoas. Existem canais onde as pessoas já podem
acessar, existe um protocolo de proteção, que ele é parâmetro norteador para
todas as comissões, sublinha o bispo.
Ele destaca
que tem sido um trabalho realizado por muitas mãos, onde tem participado os
bispos do Regional e muitas outras pessoas, seguindo a metodologia sinodal de
escuta, de participação, de construção, de revisão, de se colocar humildemente,
em um processo que não é concluído, mas que já vem dando frutos, que
possibilitam avançar nesta dinâmica do cuidado com a vida, do cuidado com os
mais vulneráveis. Tudo em vista de que “em qualquer suposto abuso, ele não deixe de encontrar um espaço de escuta”. Criar espaço de acolhida e de escuta é um desafio, mas graças a
Deus é uma realidade que está acontecendo”, concluiu dom Hudson.
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