As Cáritas do Regional Norte 1 estiveram reunidas em Manaus, nos dias 14 e 15 de agosto, para “monitorar as ações
Cáritas no primeiro semestre do ano”, como reconhece Delires Brun,
articuladora da Caritas Regional Norte 1, permitindo ser conscientes dos
avanços, perspectivas e desafios.
Participam representantes de Manaus,
Itacoatiara, Borba, Parintins, Roraima, Coari, Tefé e Alto Solimões. Em
muitas dessas dioceses e prelazias a organização da Caritas ainda está
dando os primeiros passos.
Nesta dinâmica, é importante refletir
sobre a própria organização da entidade que atualmente tem como lema:
“Pastoralidade e Transformação Social”. Luís Claudio Lopes da Silva
(Mandela), secretário-executivo da Cáritas Brasileira, apresentava as
diferentes instancias, insistindo nas palavras recolhidas na missão
institucional: “testemunhar e anunciar o Evangelho de Jesus Cristo,
defendendo e promovendo toda forma de vida e participando da construção
solidaria da sociedade do bem viver, sinal do Reino de Deus, junto com
as pessoas em situação de vulnerabilidade e exclusão social”.
Junto com isso, na reflexão do
secretário-executivo tem aparecido alguns conceitos próprios da Caritas,
como os princípios que devem reger seus agentes, as orientações
estratégicas, áreas de atuação, referencias de gestão de Cáritas,
planejamento, monitoramento, avaliação e sistematização, plano de
operação anual e avaliação anual, elementos que devem estar presentes
nos trabalhos desenvolvidos nas dioceses e prelazias.
O Sínodo da Amazônia também tem ocupado
um tempo de estudo e debate ao longo do encontro. Nesse sentido, segundo
Delires Brun, “tomamos como proposta animar o Sínodo da Amazônia, para
que Cáritas coloque dentro de seus planejamentos de agosto a dezembro
esse desafio e essa ação que é importante para a Igreja do Norte, para a
Igreja da Amazônia”. Com a ajuda de Elisangela Dias Barbosa,
articuladora da Rede Eclesial Pan-Amazônica no Brasil (Repam-Brasil), a
reflexão partia do fato de que estamos sendo solicitados pelo papa
Francisco a viver, se pronunciar, falar sobre o Sínodo da Amazônia.
Esse é um Sínodo que, segundo
Elisangela, no Brasil, “pede especial atenção para os povos indígenas,
porque são os mais fragilizados pelo sistema e pela Igreja, que
historicamente ficou às margens”. O Sínodo é um processo que podemos
dizer se remonta ao Encontro dos Bispos da Amazônia em Santarém (PA), em
1972, que pode ser considerado o primeiro movimento para pensar na
Amazônia e que deixou como ideia em destaque “Cristo aponta para a
Amazônia”.
O Sínodo tem como compromisso, recolher a
voz do povo, escutar as comunidades da Amazônia. Essa atitude é de
especial importância num momento em que, como reconhecia o papa
Francisco no discurso aos povos indígenas em Puerto Maldonado, no Peru:
“Nunca os povos da Amazônia estiveram tão ameaçados”, defendendo a terra
desde a finalidade maior de defender a vida, querendo fazer realidade
uma Igreja com rosto amazônico e rosto indígena.
Podemos dizer, segundo Elisangela Dias
Barbosa, que existem alguns indicativos do Sínodo, como novos caminhos,
ecologia integral, bem viver, Igreja sinodal, samaritana, a caminho, em
saída, escuta, novos ministérios com rosto indígena e amazônico, Povo de
Deus. Tudo isso em vista de fazer realidade uma Igreja inclusiva, onde
prime a circularidade das relações e da missão.
Estamos diante de um Sínodo para
conhecer o bioma e seus povos, para reconhecer as lutas e resistencias
desses povos, para conviver com a Amazônia, com o modo de ser de seus
povos, para defender a Amazônia, seu bioma e povos ameaçados. Tudo isso
dentro de um processo sinodal que, aos poucos, vai dando passos.
O encontro é oportunidade para refletir
sobre algumas temáticas da Cáritas Brasileira e Internacional, como
migração e refugio, o Seminário Internacional, a Campanha “Compartilhe
sua Viagem” e a Jornada Mundial dos pobres. Ao mesmo tempo, é um passo
prévio para o Encontro Inter-regional que vai acontecer em Rio Branco
(AC), de 16 a 18 de agosto.
Nunca esqueçamos que, como recolhia um
dos cartazes do encontro, “entre nós há muita vida renascendo,
circulando, brotando, sendo defendida”. A missão do cristão é descobrir
essa vida e defende-la sempre.
Texto e foto: Luis Miguel Modino
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