O Batismo de Jesus marca o início de sua
vida pública. Ele começa a realizar efetivamente a sua Missão entre nós.
Assim nos relatam os Evangelistas Mateus, Marcos e Lucas (cf. Mt 4, 1;
Mc 1, 12; Lc 3, 23. 4, 1). Eles colocam o início das atividades de Jesus
imediatamente após ter sido batizado por João no Rio Jordão. Marcos
após relatar o batismo de Jesus, escreve: “Logo depois, o Espírito o fez
sair para o deserto” (1, 12).
O Batismo que Jesus recebeu não é o
batismo que nós recebemos. Jesus foi batizado com o batismo de João, que
era “um batismo de conversão, para o perdão dos pecados” (Mc 1, 4).
Embora Jesus não precisasse deste batismo, pois não tinha pecado, ele,
também, aqui no batismo desejou ser igual a nós, numa grande
demonstração de humildade. É bom ler o diálogo de João Batista com Jesus
antes dele ser batizado (cf. Mt 3, 13-15).
O Batismo que recebemos é o Batismo
instituído por Jesus, conforme encontramos relatado pelos evangelistas
Mateus e Marcos (Mt 28, 19; Mc 16, 15-16). Como nos ensina Paulo, pelo
batismo que recebemos, participamos da morte e ressureição de Jesus e
passamos a viver uma vida nova (cf. Rm 6, 4-5).
Esta vida nova que começa em nosso
batismo se consolida no seguimento de Jesus. O batismo nos faz
discípulos e discípulas dele (cf. Mt 28, 19). Ser discípulo/discípula
dele significa “aprender dEle” (cf. Mt 11, 29), fazer como Ele fez (cf.
Jo 13, 15) e amar como Ele amou (cf. Jo 13, 34).
Pedro na segunda leitura da Festa do
Batismo de Jesus (cf. At 10, 34-38) nos oferece uma informação essencial
para que possamos viver bem o nosso batismo, conformando (assumindo a
forma) da vida de Jesus. Pedro em uma catequese na casa de Cornélio
disse: “Vós sabeis o que aconteceu em toda a Judeia, a começar pela
Galileia, depois do batismo pregado por João: como Jesus de Nazaré foi
ungido por Deus com o Espírito Santo e com poder. Por toda a parte ele
andou fazendo o bem” (At 10, 37-38).
Jesus andou por toda a parte fazendo o bem.
Mateus escreve em seu evangelho o recado de Jesus para João Batista que
mandou saber se ele era mesmo o Messias. Neste recado de Jesus
encontramos exemplos do bem que Ele andou fazendo por toda parte.
Vejamos: “Cegos recuperam a vista, paralíticos andam, leprosos são
curados, surdos ouvem, mortos ressuscitam e aos pobres se anuncia a Boa
Nova” (Mt 11, 5). Jesus foi humilde pois não mandou dizer que ele tinha
dado pão aos famintos (cf. Jo 6, 5-13), que tinha evitado que a mulher
adúltera fosse morta à pedradas (cf. Jo 8, 1-11), que superou o
preconceito contra a mulher, causando até escândalo aos apóstolos (cf.
Jo 4, 4-30).
Se Jesus andou por toda a parte fazendo o
bem, nós que o seguimos somos, também, chamados e chamadas a fazer como
Ele fez. Devemos, portanto, nos perguntar, tem sido assim a minha vida?
Ando por toda a parte fazendo o bem: na família, no trabalho, no
estudo, onde moro, com meus amigos e amigas, na minha Comunidade de fé?
Que bem tenho feito e quem bem posso ainda fazer ou fazer melhor?
Esta nossa missão de fazer o bem é
permanente e não depende de ninguém. Devemos fazer o bem mesmo quando
recebemos o mal ou quando vemos o mal crescendo no meio e nós. Lembremos
do que nos diz Paulo na carta aos Romanos: “A ninguém pagueis o mal com
o mal. Empenhai-vos em fazer o bem diante de todos… Não te deixes
vencer pelo mal, mas vence o mal pelo bem” (12, 17.21).
Fazer o bem a todas as pessoas, mas
devemos fazer o bem a quem mais precisa de nossa ajuda, tornando assim o
bem que fazemos em gestos de solidariedade que como nos ensina São João
Paulo II é “a determinação firme e perseverante de se empenhar pelo bem
comum, ou seja, pelo bem de todos e de cada um, porque todos nós somos
verdadeiramente responsáveis por todos” (Carta Encíclica Sollicitudo Rei
Socialis, nº 38).
Podemos fazer o bem de muitas e diversas formas, individual ou comunitariamente, mas quero lembrar os chamados areópagos modernos,
que o Documento 105 da CNBB nos números 255 a 272 apontam como espaços
próprios para os cristãos leigos e as cristãs leigas agirem: a) a família: comunidade de vida e de amor, escola de valores, Igreja doméstica, grande benfeitora da humanidade; b) a política: uma das formas mais preciosas da caridade, porque busca o bem comum; c) o trabalho: um direito fundamental da pessoa humana e meio importante para servir à sociedade; d) a cultura e a educação: contribuem para a promoção do desenvolvimento integral da pessoa; e) os meios de comunicação: podem colaborar com o bem comum, com a comunidade em suas necessidades e com as superação dos problemas sociais; f) a Casa Comum: a defesa da criação, das águas, das florestas e do clima.
Por Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira
Bispo da Prelazia de Itacoatiara
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