segunda-feira, 29 de março de 2021

Investidores católicos pedem ao governo brasileiro melhor proteção para a Amazônia e os direitos dos povos indígenas

 

Melhor proteção para a Amazônia e os direitos dos povos indígenas, foi o que cerca de 100 organizações católicas de 18 países solicitaram ao governo brasileiro numa carta (ver aqui) enviada em 29 de março a altos funcionários do governo brasileiro, incluindo o Presidente Jair Bolsonaro e o Vice-Presidente Hamilton Mourão.

A carta, liderada pela Comissão Especial sobre Ecologia Integral e Mineração da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o Movimento Católico Global pelo Clima (GCCM) e o Banco für Kirche und Caritas da Igreja Católica Alemã (BKC), contém quase uma dúzia de pedidos concretos para a proteção da floresta tropical e dos povos indígenas.

Ao mesmo tempo, num país com maioria católica, os signatários pedem ao governo brasileiro mais diálogo, para escutar os brasileiros e para cuidar melhor da nossa casa comum. De fato, um estudo de 2019 mostra que sete em cada dez católicos no Brasil pensam que a preservação da Amazônia é "muito importante", e 85% responderam que consideram atacar a floresta tropical amazônica um pecado.




Desde que o atual governo chegou ao poder em 1° de janeiro de 2019, a destruição da floresta tropical amazônica, essencial para a proteção do clima do planeta, aumentou. As consequências do desmatamento indiscriminado e dos incêndios têm ido além de uma destruição ambiental grave, causando a privação de direitos, a deslocação e o assassinato dos povos indígenas que aí vivem.

Dom Vicente de Paula Ferreira, secretário da Comissão Especial sobre Ecologia Integral e Minas da Conferência Episcopal Brasileira, salientou a este respeito que "esse modelo de desenvolvimento capitalista que mata a vida humana e o meio ambiente está em total contraste com o ensinamento cristão sobre Integridade da Criação e com encíclica Laudato Si’ do Papa Francisco".

A carta apela à ação, incluindo a implementação de um plano coerente de combate ao desmatamento, incluindo um orçamento específico e objetivos intermédios mensuráveis. Além disso, pedem um orçamento maior para combater os incêndios e para o trabalho do Instituto Brasileiro do Meio Ambiental e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) na região amazônica, que foram drasticamente reduzidos nos últimos anos.






O direito ao território e o respeito pelos direitos humanos dos povos indígenas, algo que está de acordo com as ideias expressas pelo Papa Francisco em Laudato Si´ e Querida Amazônia, é outro dos pedidos das organizações católicas ao governo brasileiro.

Como católicos envolvidos no mercado financeiro, Tommy Piemonte, Chefe da Sustainable Investment Research no BKC, fez um apelo para se manifestar, "iniciando um diálogo de compromisso com o governo brasileiro procurando motivá-lo a finalmente respeitar os direitos humanos e ambientais na Amazônia". Este é mais um passo para unir a pressão dos investidores, insistindo em "iniciar um diálogo construtivo para pôr em prática as nossas reivindicações", segundo Piemonte, que ameaça, se o governo brasileiro não tomar as medidas propostas, retirar "as nossas bases como investidores institucionais atuais e potenciais em títulos do governo brasileiro e em empresas de certos sectores".

Na mesma linha, Tomás Insua, Diretor Executivo do Movimento Católico Mundial para o Clima, salientou a importância da carta, porque "como uma aliança católica tão grande, podemos certamente contribuir para o esforço conjunto. Porque num país católico como o Brasil, talvez uma 'voz católica' seja ouvida e a pressão sobre o governo aumente".



Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

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