Dentro das coletivas de imprensa que a Conferência Nacional
dos Bispos do Brasil organiza cada dia, nesta terça-feira se fez presente Dom
José Ionilton Lisboa de Oliveira, bispo da Prelazia de Itacoatiara.
O tema da coletiva era análise de conjuntura e 6ª Semana Social
Brasileira. Segundo Dom Joaquim Mol, presidente da Comissão de Comunicação da
CNBB e mediador das coletivas de imprensa ao longo da semana, “só é frutuosa
uma assembleia quando ela se deixa iluminar pela realidade”.
Na coletiva participaram, além de Dom José Ionilton, Dom
Francisco Lima Soares, Bispo de Carolina – MA e Dom José Valdeci Santos Mendes,
bispo de Brejo – MA. Eles fizeram um resumo da Análise de Conjuntura apresentada
na segunda-feira e da 6ª Semana Social Brasileira, apresentada na terça-feira
de manhã. A Analise de Conjuntura foi realizada, segundo o presidente da Comissão
de Análise de Conjuntura por oito professores e professoras de universidades
católicas, que se reúnem a cada 15 dias e partem de informações científicas em suas
análises. Dom Francisco relatava os desdobramentos da crise atual no Brasil e
no mundo. Trata-se de uma realidade muito complexa, diante da qual a Igreja tem
o papel de “apontar ações que sejam inspiradas no Evangelho e pela necessidade
da nossa fraternidade”, afirmava Dom Joaquim Mol.
A 6ª Semana Social Brasileira que tem por título “Mutirão
pela Vida, por Terra, Teto e Trabalho”, está inspirada no encontro do Papa
Francisco com os movimentos populares em 2014, segundo Dom Valdeci. Ele destacava
democracia, soberania e economia como pontos fundamentais de discussão da 6ª SSB,
apresentando os objetivos, enfatizando a necessidade de alargar o debate a toda
a sociedade. Estamos diante de um processo, onde é destacada a importância das
lutas populares, daqueles que lutam por uma sociedade mais justa e mais
fraterna, denunciando as violações dos direitos humanos e da natureza. Já foram
realizados mais de 90 mutirões desde 2019, no último ano em modo virtual, na
tentativa de apontar rumos e caminhos que ajudem o povo a conquistar direitos e
dignidade. Nesse ponto Dom Mol, seguindo EG 176, afirmava que “evangelizar é
tornar o Reino de Deus presente no mundo”, o que mostra a importância da Análise
de Conjuntura e da 6ª SSB.
Dom José Ionilton, seguindo as palavras do Papa Francisco,
afirmava que “a humanidade é pisoteada por esse vírus e por tantos outros vírus
que nós ajudamos a crescer”, relatando elementos que mostram a situação que o
Brasil vive em consequência da pandemia: maior colapso sanitário e hospitalar
da história do Brasil, papel da Igreja no campo da solidariedade. Segundo o
bispo de Itacoatiara agora é momento de solidariedade, mas depois deve ser
tempo de manifestação de indignação, lembrando que o Papa Francisco nos chama a
não nos deixar anestesiar nossa consciência social.
Nas perguntas dos jornalistas os bispos foram abordando
diferentes questões, fazendo um chamado a refletir sobre a realidade atual, a
agir com prudência, unidade e serenidade. Também foi abordado o posicionamento
que um cristão deve ter diante da ditadura, a necessidade de tomar consciência
diante do desmatamento, da pressão aos povos indígenas, que estão vendo seus
territórios invadidos durante a pandemia, a falta de política de preservação do
meio ambiente do governo, o que incentivou os ataques. Diante disso era feito
um pedido aos meios de comunicação de inspiração católica para divulgar essas
situações.
Dom Ionilton refletia sobre “o desafio que é a gente
conseguir ajudar as pessoas a compreender a dimensão social, política e profética
da fé”. O bispo afirmava que na Bíblia esses assuntos estão presentes, nos
profetas, onde se faz um chamado a defender o pobre e o insjustiçado, as ações
de Jesus em defesa dos pobres, dos pequenos, insistindo que “não tem outro
caminho”. O bispo de Itacoatiara também lembrava o relatado no Concilio de Jerusalém,
onde se faz um chamado a não esquecer os pobres. Ele lembrava da figura de Dom
Helder, muitas vezes chamado de comunista, o que continua acontecendo com o
Papa Francisco, com muitos bispos e lideranças da nossa igreja. “Basta falar em
direitos humanos, defesa do bem comum, defesa da natureza, aí se titula logo de
comunista”, dizia Dom Ionilton.
Diante disso, “o nosso papel é fazer a Doutrina Social da
Igreja cada vez mais conhecida, assimilada e vivida por nós”, algo que era
colocado pelo bispo como grande desafio. Segundo Dom Ionilton, “nós trabalhamos
muito o para dentro da Igreja, a catequese nossa é muito para os sacramentos, e
acaba abandonando a dimensão social da fé”. Ela chamava a assumir o pedido do
Papa Francisco na Querida Amazônia: “que a Doutrina Social da Igreja seja
estudada, conhecida e praticada”.
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