Na Homilia deste terceiro
Domingo da Páscoa – Ano B, Dom Ionilton Lisboa de Oliveira começava fazendo
referência à atitude de Pedro exercendo a dimensão profética da denúncia de sua
missão.
A partir do texto do
Livro dos Atos dos Apóstolos, lembrava a Mensagem ao povo brasileiro da 58ª
Assembleia Geral da CNBB, celebrada de 12 a 16 de abril, que nos lembra que
“não podemos nos calar quando a vida é ameaçada, os direitos desrespeitados, a
justiça corrompida e a violência instaurada”.
Segundo o bispo de
Itacoatiara, “diante deste grave momento que vivemos, ficarmos calado, não fazermos
nada para a busca de solução, e pior criticarmos quem se esforça para fazer
alguma coisa é pecado de omissão”. Ele convidava a que “façamos
como Pedro e nos dirijamos a quem está matando o nosso povo e digamos: vós
matastes a vida”.
Dom Ionilton também
destacava a função de Pedro exercendo o ministério da reconciliação. Segundo
ele, “no Sacramento da Confissão é assim: eu preciso me arrepender, me
converter, ou seja, mudar de vida, confessar e ser perdoado pela Igreja em nome
de Deus”. Seguindo essa reflexão, citava as palavras do Papa Francisco em sua
carta aos Bispos do Brasil, enviada nesta quinta-feira, 15 de abril, onde “nos
pediu para sermos promotores da reconciliação para o bem de nosso país”.
Segundo o bispo de
Itacoatiara, “esta reconciliação não pode ser entendida, como vamos deixar para
lá, nós não podemos dizer nada, deixemos as mortes pela Covid e pela fome continuarem
a acontecer”. Nesse sentido, ele lembrava as palavras do Papa Francisco na
Querida Amazônia: “A Amazônia deveria ser, também, um local de diálogo
social... para encontrar formas de comunhão e luta conjunta... Mas se queremos
dialogar, devemos começar pelos últimos”. Dom Ionilton acrescentava que “podemos
substituir a palavra dialogar por reconciliar e dizer: Se queremos reconciliar,
devemos começar pelos últimos”.
Após uma pequena reflexão
sobre o Salmo, que nos chama a confiar em Deus, e a segunda leitura, que é um
convite a não pecar, nem pessoal, nem comunitariamente, o bispo refletia sobre a
passagem do Evangelho deste 3º Domingo da Páscoa, onde aparece “o episódio dos
chamados discípulos de Emaús, uma Vila nas proximidades de Jerusalém”. Eles
fazem memória, e isso levava o bispo a se perguntar “estamos falando uns com os
outros do que está acontecendo em nosso país, em nosso estado, em nosso
município, em nossa vila, comunidade, cidade, bairro, rua?”.
O que os discípulos
contam é “como eles tinham reconhecido Jesus ao partir o pão”, o que o levou a
se questionar: “E nós falamos, digitamos, postamos sobre o que? A Palavra de
Deus? A homilia do Papa, do bispo ou do padre sobre a Palavra de Deus? A
assembleia dos Bispos do Brasil? A Mensagem da CNBB ao povo brasileiro? Sobre a
crise sanitária, ética, política e econômica de nosso país? Sobre nossa preocupação com a demora da
Vacina para todos? Sobre a alegria de quem já pode se vacinar? Ou conversamos
sobre novela, futebol...”
Falando sobre a paz que Jesus
deseja aos discípulos, Dom Ionilton afirmava que “a paz deve ser nosso desejo”,
algo que lembrando as palavras do profeta Isaías é fruto da justiça. Isso o
levava a dizer que “segundo a Palavra de Deus, sem justiça não pode haver paz”.
Daí o bispo de Itacoatiara afirmava que “nós precisamos trabalhar para que haja
justiça social no mundo, para que assim possa haver paz e como consequência
destas duas realidades, possamos viver alegres, felizes”.
Refletindo sobre a paz de
Jesus, Dom Ionilton diz que “é uma paz que promove a unidade na diversidade, a
comunhão, o respeito entre as pessoas, a igualdade de direitos e deveres, a
superação de toda forma de discriminação (raça, condição social, religião,
opção política, gênero, região), como nos lembra a Campanha da Fraternidade
Ecumênica”. Ele também lembrava do Documento de Aparecida, que diz que “Devemos
promover a geração de uma cultura da paz que seja fruto de um desenvolvimento
sustentável, equitativo e respeitoso da criação”.
Também citava o Documento
de Medellín: “A paz não se acha, há que construi-la. O cristão é um artesão da
paz”, e o Texto Base da Campanha da Fraternidade de 2009, que afirma que “A
conquista da paz não vem pela força das armas. Ela vem dos novos
relacionamentos, fundamentados no amor, porque Deus é Amor e é Ele a fonte da
verdadeira paz e da verdadeira concórdia”.
No texto do Evangelho deste domingo, “Jesus nos envolve na missão, nos chama e nos envia”, segundo Dom Ionilton. O bispo insistia em que “precisamos ser testemunhas dele: amar como ele amou, pensar como ele pensou, sentir como ele sentiu, servir aos pobres e sofredores como ele serviu, defender a vida como ele defendeu, enfrentar com coragem e sem violência os que fazem o povo sofrer como ele enfrentou”.
Em suas palavras citava
de novo o Documento de Aparecida: “Cristo está presente naqueles e naquelas que
dão testemunho de luta pela justiça, pela paz e pelo bem comum”. Também lembrava
o dito pelo Papa São João Paulo II na Carta Encíclica Sobre a Validade
Permanente do Mandato Missionário, onde disse que “O testemunho da vida cristã
é a primeira e insubstituível forma de missão”.
É por isso, que o bispo da
Prelazia de Itacoatiara definia o testemunho como “viver conforme a fé que
professamos, onde a gente estiver no dia a dia de nossa vida e não uma fala
sobre uma experiência de fé que vivenciou”. Ele finalizava pedindo “que Jesus
abra a nossa inteligência como abriu a dos discípulos para entendermos e
praticarmos a Escritura, a Palavra de Deus”.
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