quinta-feira, 15 de abril de 2021

Momento de espiritualidade e pandemia marcam o 4º dia da AG da CNBB segundo Dom Marcos e Dom José



A manhã do quarto dia da 58ª Assembleia Geral virtual da CNBB foi dedicado à espiritualidade. Dom Marcos Piatek nos conta que o dia começou com a Eucaristia na sede da CNBB, em Brasília, presidida por Dom Joel, Secretário Geral. O bispo de Coari destaca que no início do retiro espiritual, Dom Walmor lembrou a frase de Santo Inácio de Antioquia: “Convém, pois, não se chamar apenas cristão, mas o ser também”.  A manhã de espiritualidade foi conduzida pelo Cardeal Seán Patrick O'Malley, OFM Cap., arcebispo de Boston – USA, que falou em português fluente e contou com 396 participantes.

A primeira Palestra começou com a leitura do Evangelho de Lucas (Lc 4, 14-30). Segundo Dom Marcos, “o pregador nos levou à Terra Santa, o 5º Evangelho, e a visitar as duas cidades importantes na vida de Jesus”. Recordando as palavras do pregador, o bispo nos diz que “a vida de Jesus começa em Belém e termina em Jerusalém. Porém, a maior parte da sua vida Jesus passou em Nazaré (30 anos) e em Cafarnaum (3 anos)”.

Partindo destas duas cidades “o pregador apresentou o nosso ministério episcopal e os seus elementos fundamentais”. Dom Marcos lembra que, segundo o cardeal de Boston, “existe uma tensão entre Nazaré e Cafarnaum: estar em casa, rezar, estudar, trabalhar, contemplar, vida cotidiana (Nazaré) e o nosso agir pastoral, o nosso fazer (Cafarnaum). São duas realidades que se complementam. Sem Nazaré não se consegue viver bem em Cafarnaum”.



Dom Marcos Piatek diz que “após a rica partilha os bispos rezamos pelas vítimas da pandemia, que ultrapassaram 360 mil mortos”. Ele lembra que na segunda palestra, o Cardeal O’Malley “recorreu ao Evangelho de Lucas (Lc 15, 1-7) que fala da ovelha perdida”. Segundo o bispo, “a primeira prioridade de Jesus não era a pregação, mas assistir aos doentes, pobres, pecadores, realizar a misericórdia”. Na sua reflexão, “o pregador lembrou os mártires da América Latina: São Oscar Romero e Juan José, que doaram a vida defendendo os direitos humanos”, nos diz o bispo de Coari, que afirma que “depois da misericórdia de Jesus vem a sua pregação”.

A palestra, afirma o bispo, “foi dedicada à misericórdia de Deus, à libertação do pecado e ao Sacramento da Reconciliação”. Dom Marcos insiste em que “nós bispos experimentamos a misericórdia de Deus e devemos ser misericordiosos no nosso ministério. Somos penitentes e confessores!”.  Após a reflexão, houve uma rica partilha entre os bispos e o Card. O’Malley. A manhã foi encerrada com “o vídeo-mensagem com as palavras muito profundas do Papa Francisco dirigidas não só aos bispos, mas a toda a nossa nação brasileira”, finaliza Dom Marcos Piatek.

Na parte da tarde, como está acontecendo ao longo dos dias, teve uma pauta bem extensa, segundo Dom José Albuquerque. Depois da oração inicial, que acompanha as sessões da Assembleia, Laudes de manhã e Hora Média de tarde, “os trabalhos começaram com algumas comunicações, e o ponto alto foi a partilha de Dom Leonardo, nosso arcebispo, e de Dom Wilson, bispo de Florianópolis, que nos colocaram diante deste quadro da pandemia e da pós pandemia, como é que as nossas dioceses, como os nossos padres, como os nossos bispos, estão enfrentando, ainda em várias partes do Brasil, as consequências dessa terrível pandemia”.



Segundo o bispo auxiliar de Manaus, “Dom Leonardo partilhou sua experiência a partir daqui de Manaus, de tudo o que ele tem vivido desde quando chegou, e Dom Wilson também nos ajudou a refletir sobre a dedicação do clero, das dioceses de um modo geral, assim como Dom Leonardo fez, relembrando alguns fatos importantes, necessários, para que pudéssemos dar esse testemunho de ser uma presença solidária e misericordiosa entre aqueles que mais sofreram e estão sofrendo ainda”.

A segunda parte da tarde desta quinta-feira, tem sido momento para o encontro dos regionais. Dom José lembra que os bispos do Regional se encontraram presencialmente no mês de novembro, naquele período em que a situação não estava tão grave. Foi um momento de partilha entre os bispos do nosso Regional Norte 1, de encaminhar algumas datas no calendário deste ano. Aproveitando o encontro dos bispos da Amazônia, que deve acontecer nos dias 18 e 19 de maio, os bispos irão se reencontrar, segundo Dom José Albuquerque, após o dia 20 de maio.

O bispo vê esse momento como oportunidade “da gente partilhar nossas alegrias, nossas preocupações”. Segundo Dom José, “o nosso Regional ele é muito coeso, é muito unido, a gente percebe que cada bispo no seu lugar procura ser um pastor, um elo de unidade e também de uma voz profética, porque a gente também escutou isso, tanto na voz de Dom Leonardo, como na voz de Dom Wilson, a realidade que nós estamos enfrentando, que de algum modo nos solicita a termos um profetismo”.

O bispo auxiliar de Manaus insiste em que “não simplesmente no que diz respeito a denúncia, porque isso já a sociedade civil já está fazendo, a sociedade civil, o Ministério Público, os políticos mais sérios”. Dom José afirma que “o que nós queremos é ser uma voz profética de anunciar a esperança e de que a certeza de que neste tempo da pandemia, Deus não nos abandonou, e a caridade foi grande, aconteceram muitas iniciativas de solidariedade, dentro e fora das nossas comunidades eclesiais”. Finalmente, ele salienta, que hoje à tarde “foi um momento muito rico de partilha e de encontro”.



Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1


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