quinta-feira, 29 de abril de 2021

Trabalho digno, uma realidade cada vez mais distante


O dia 1º de maio é comemorado o Dia do Trabalhador, uma boa oportunidade para refletir sobre o trabalho, uma realidade cada vez mais precarizada no Brasil. Nos últimos anos, especialmente com a reforma trabalhista, as condições laborais no Brasil foram piorando.

A pandemia tem acrescentado a precarização laboral fazendo aumentar o desemprego e que muitos trabalhadores e trabalhadoras sofram com condições de trabalho cada vez mais injustas, prejudicando assim o sustento de suas famílias.

O Papa Francisco, na sua Carta Patris Corde, escrita com motivo do Ano de São José, nos fala sobre sua dimensão de Pai trabalhador. Ele nos diz que “São José era um carpinteiro que trabalhou honestamente para garantir o sustento da sua família. Com ele, Jesus aprendeu o valor, a dignidade e a alegria do que significa comer o pão fruto do próprio trabalho”.

Diante da pandemia da Covid-19, “em que o trabalho parece ter voltado a constituir uma urgente questão social e o desemprego atinge por vezes níveis impressionantes”, nos diz a carta do Papa, “é necessário tomar renovada consciência do significado do trabalho que dignifica”. Para isso se faz necessário lutar para que todos os trabalhadores e trabalhadoras tenham condições laborais que respeitem seus direitos.



O Papa Francisco insiste na visão do trabalho como oportunidade para “desenvolver as próprias potencialidades e qualidades, colocando-as ao serviço da sociedade e da comunhão”. A gente não deveria trabalhar só para garantir recursos e sim como modo de realização pessoal e de construção de um mundo melhor para todos e todas, melhorando a condição de vida da humanidade.

O trabalho também tem muito a ver com a família, segundo a Carta Patris Corde. Neste tempo de pandemia, em que muitas famílias sofrem a perda de seus entes queridos, o trabalho também tem sido outra das grandes preocupações. O Santo Padre nos diz que “uma família onde falte o trabalho está mais exposta a dificuldades, tensões”.

Diante dessa realidade, o Papa Francisco se pergunta, “como poderemos falar da dignidade humana sem nos empenharmos para que todos, e cada um, tenham a possibilidade dum digno sustento?”. Por isso, ele faz “um apelo a redescobrir o valor, a importância e a necessidade do trabalho para dar origem a uma nova ‘normalidade’, em que ninguém seja excluído”.

Lembremos as palavras do Papa Francisco: “nenhuma família sem casa, nenhum camponês sem terra, nenhum trabalhador sem direitos, nenhuma pessoa sem a dignidade que o trabalho dá”. A Santidade se faz realidade na vida cotidiana, também fazendo realidade um trabalho digno para todos e todas, mesmo sabendo que essa é uma realidade cada vez mais distante da vida de muitos trabalhadores e trabalhadoras.

Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1 - Editorial Rádio Rio Mar

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