A Igreja do Brasil tem sido instrumento de
solidariedade durante a pandemia da Covid-19. São muitos os sinais que deixaram
transparecer uma Igreja samaritana, disposta a cuidar as feridas daqueles que
estão jogados na beira do caminho.
Essa solidariedade tem se manifestado também na
Amazônia, onde além da ajuda material, vários missionários e missionárias tem
dedicado seu tempo a ajudar o povo, tradicionalmente sofrido, ainda mais neste tempo
de pandemia.
Enviadas pela Conferência dos Religiosos do Brasil –
CRB, com o apoio de suas congregações, as irmãs Marilde Inês Guarnieri e
Lucisnei Rojas Dorado, tem ajudado durante três meses na cidade de São Paulo de
Olivença, diocese de Alto Solimões. Elas mesmas definem este tempo como “uma
experiência missionária como voluntárias para a vida”.
Segundo o seu próprio relato, “há três meses ouvimos o
chamado repentino vindo através dos superiores de nossa Congregação e da CRB.
Chamado este que ecoou em nosso coração como um grito de socorro para estender
nossa mão solidária aos nossos irmãos e irmãs de uma certa região no Amazonas,
que estavam sofrendo consequências graves da pandemia da Covid-19”.
Quando chegaram em São Paulo de Olivença, o Estado do
Amazonas passava por uma situação muito grave, com um número alto e crescente de
pessoas infectadas e um alto índice de internações hospitalares, mortes e
sequelados. As religiosas contam que naquele tempo, tinha “famílias inteiras
comprometidas com este mal”. Elas dizem que “nos sentimos na obrigação em
responder, e mesmo sem saber ao certo para onde, e o que deveríamos fazer e sem
muito tempo para nos organizar, num 'Seja o que Deus quiser' nos colocamos a
disposição e a caminho rumo ao encontro desta realidade”.
De Tabatinga, sede da diocese de Alto Solimões, as
religiosas se deslocaram, no dia 14 de fevereiro, para São Paulo de Olivença,
onde foram acolhidas, debaixo de chuva, como elas dizem, pelo padre Marcelo,
sendo conduzidas até a casa das irmãs Cordimarianas, “que nos acolheram com
carinho”. Segundo as religiosas, “tudo estava organizado, e convivemos
fraternalmente durante esse período”.
Aos poucos, junto com o padre Marcelo, foram
conhecendo a cidade e a realidade do município, onde vivem os povos indígenas Tikuna,
Cambeba e Kokama, além de manauaras, peruanos e colombianos. Também conheceram as
comunidades da Paróquia. Tudo isso fez com que “aos poucos fossemos conhecendo
e nos inserindo nesta realidade de dor e sofrimento que o mundo inteiro está
enfrentando”, afirmam as irmãs.
Este tempo coincidiu com o tempo litúrgico da Quaresma,
Semana Santa, Paixão, Morte e Ressureição de Jesus, contam as religiosas, “onde
vivenciamos mais forte o sofrimento de Cristo encarnado neste chão, evidenciado
ao contexto de pandemia e o descaso político social bem conhecido por todos”. Em
seu relato, elas destacam que “o silêncio imposto pelo isolamento social fazia
notável em qualquer espaço desta cidade, um grito abafado de dor e medo diante
das perdas de pessoas próximas e queridas, e o medo do desconhecido que poderia
chegar a qualquer momento, para qualquer pessoa”.
As religiosas dizem que “atuamos diretamente na linha de frente no combate do coronavírus, na assistência hospitalar e na equipe de monitoramento domiciliar do município, auxiliando as equipes que vinham desgastadas pela sobrecarga no cumprimento de horários e funções. Muitos deles foram contaminados pelo vírus da Covid-19, foram internados, uma colega enfermeira que estava na luta contra a Covid-19 veio a óbito, e muitos deles perderam seus familiares”. Mesmo assim, elas destacam que se trata de “uma equipe incansável no combate deste mal, junto a eles compartilhamos momentos de dor e morte, mas também a alegria pelas vidas estabilizadas e recuperadas”.
Neste tempo de missão, as irmãs insistem em que “sentimos
forte a presença de Deus vindo ao encontro de suas ovelhas cansadas e doentes,
Deus que na sua misericórdia e graça se manifestou e nos acompanhou todos estes
dias”. Tem sido um tempo para agradecer por tantos gestos bonito de solidariedade,
“de pessoas e instituições sensíveis e que tomaram a iniciativa e decisão de
ajudar fazendo campanha para adquirir materiais e equipamentos de proteção
individual para tornar viável as ações necessárias”.
A experiência vivida pelas religiosas, tem as mostrado
que “juntos podemos contribuir concretamente para o Reino no cuidado com a vida”.
Elas relatam que “as vacinas foram chegando e graças ao empenho de todos, hoje
estamos com números bem reduzidos de infectados”. Isso tem feito com que aos
poucos, as atividades no município de São Paulo de Olivença estão sendo
recomeçadas.
Finalmente, a irmã Marilde e a irmã Lucisnei dizer ser
“gratas a Deus por sermos escolhidas e poder contribuir com este projeto”. Por
isso ela agradecem, “nosso muito obrigada as nossas Congregações: Irmãzinhas da
Imaculada Conceição e Irmãs Franciscanas de Cristo Rei, CRB, REPAM, Dom Adolfo,
Padre Marcelo e irmãs Cordimarianas. Gratidão. Paz e Bem”.
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