domingo, 20 de junho de 2021

Dom Ionilton chama a “passar da margem da política por ódio para a margem da política como prática da cidadania”


O Senhor nos responde sempre a partir de onde nós estamos”, uma ideia com que Dom Ionilton Lisboa de Oliveira começava sua reflexão neste 12º domingo do Tempo Comum. Lembrando da resposta a Jó, o bispo da Prelazia de Itacoatiara afirmava que “hoje, Ele nos responde no meio da tempestade da pandemia da Covid-19, da pandemia ética, da pandemia política”.

Por isso, Dom Ionilton fazia um chamado a “aprender com Deus a dar resposta a partir de nossa realidade: Covid-19, desemprego, fome, enchente, falta de água potável, descaso com saúde por parte de quem tem a obrigação de cuidar dela”.

O bispo, seguindo as palavras do Salmo, apresentava um Deus que ouve nosso grito e nos liberta”, insistindo em que “nosso Deus é um Deus Libertador”. Estamos diante de um Deus a quem a gente agradece pelo seu amor, o que deve nos levar a que “rezemos sempre agradecendo ao Senhor por seu amor”, segundo o bispo de Itacoatiara.

Ao elo das palavras de Paulo aos Coríntios, que faz um chamado a sermos criaturas novas, Dom Ionilton disse que a gente faz realidade isso, Cuidando da natureza, nossa Casa Comum; valorizando a vida, assumindo a Campanha É tempo de cuidar para servir aos pobres; acolhendo os migrantes; trabalhando pela saúde, pela vacina para todas as pessoas e o mais rápido possível para salvar vidas; solidarizando-nos com os que lutam pela dignidade da pessoa humana e denunciam as injustiças, a corrupção, as notícias falsas, os projetos de lei que promovem a morte, a doença e o sofrimento dos povos indígenas, dos negros, dos ribeirinhos, dos pescadores, dos pequenos agricultores”.



O bispo de Itacoatiara, diante do convite de Jesus aos discípulos a ir para a outra margem, ele se perguntava “qual margem nós estamos e para qual margem Jesus nos chama para ir?” Ele mesmo respondia, insistindo na necessidade de passar “da margem da indiferença para a margem da solidariedade; da margem da concentração de bens para a margem da partilha; da margem do consumismo para a margem da sobriedade; da margem do individualismo para a margem da valorização da comunidade; da margem de uma religiosidade de aparência, farisaica, para a margem de uma prática religiosa encarnada na realidade; da margem da politicagem, que busca usar a política para tirar proveito pessoal para a margem da política melhor que promove o bem comum; da margem da política por paixão ou por ódio para a margem da vivência da política como prática da cidadania e da busca das políticas públicas; da margem do apoio à cultura das armas para a margem da cultura da paz”.

Diante da cena relatada no Evangelho de Marcos, onde os discípulos são surpreendidos pela tempestade, Dom Ionilton afirmou que “Jesus está conosco, mas isto não nos livra das tempestades, faz com que tenhamos coragem para enfrentá-las e vencê-las”. Junto com isso, ele disse que “Jesus só entra em ação quando não temos mais outra saída”.

O bispo refletiu sobre realidades presentes na vida da Igreja e da sociedade, como é a 36ª Semana do Migrante, refletindo sobre a necessidade do Serviço Pastoral dos Migrantes na Prelazia de Itacoatiara, e sobre os processos de migração na Amazônia, tanto interna como internacional, lembrando a ligação dos processos migratórios com o tráfico de pessoas. Também lembrou da oração elaborada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, em consequência das 500 mil mortes pela Covid-19 no Brasil, rezando a oração elaborada pela CNBB para este dia.

Na sua homilia lembrou da difícil situação enfrentada por muitas pessoas na prelazia, diante da fome e falta de água potável diante da pandemia e as enchentes, lembrando que mediante a campanha Puxirum pela Vida estão sendo recolhidos alimentos e água nas secretarias das paróquias ou na secretaria da Cúria. O bispo também lembrou da Carta enviada ao Congresso pelo Conselho Permanente da CNBB, pedindo a retirada de pauta dos Projetos de Leis (2633/2020 e 1730/2021 da Câmara e 510/2021 do Senado) que se aprovados forem prejudicarão e muito o meio ambiente, os povos indígenas, ribeirinhos, quilombolas, pescadores, seringueiros, pequenos agricultores, assentados da reforma agrária, pois vai favorecer o uso de terras públicas por pessoas físicas ou jurídicas, sem as regras de controle que existem hoje através da Lei nº 11.952/2009”. Finalmente lembrava a troca da coordenação da Pastoral da Criança na Prelazia.



Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Nenhum comentário:

Postar um comentário