quinta-feira, 3 de junho de 2021

Jesus Eucarístico percorre as ruas alagadas de Manaus, denunciando realidades que provocam sofrimento e morte


Movido por seu Amor, Jesus deu sua vida, morreu e ressuscitou, algo que é atualizado na Eucaristia. Esse amor é expressado em gestos concretos de acolhida e solidariedade, “uma exigência em um mundo extremamente agitado por tantas vozes e sons que nos dizem que, em primeiro lugar, deve ser feita a nossa vontade”.

Com essas palavras iniciava a celebração de Corpus Christi na Catedral Metropolitana de Manaus, um momento que quis mostrar a necessidade de que fique “longe de nós a indiferença, a omissão e a negligência diante da dor e do sofrimento de nossos irmãos e irmãs, em especial, dos mais sofridos e empobrecidos”.

A festa da Eucaristia é a festa do banquete, o banquete do Amor, ao qual somos convidados, segundo lembrava Dom Leonardo Steiner na homilia, que definia a Eucaristia como “encontro de amor”. Jesus está “desejoso de que todos participem da plenitude do banquete da vida”, afirmava o arcebispo de Manaus. Ele lembrava que “os frágeis, pecadores aceitam a participação no banquete. A Eucaristia é para os frágeis, para os pecadores como nós”.

Somos chamados a entender que Jesus é “amor gratuito, sempre disponível a cada pessoa com fome e necessitada de revigorar suas forças”, dizia Dom Leonardo, citando as palavras do Papa Francisco. Por isso, a Eucaristia, mais do que os ritos “é antes de mais nada entrar em comunhão com aquele que deseja ardentemente estar conosco”. Essa comunhão, segundo o arcebispo, se estende a toda a Criação, como diz o Papa Francisco em Laudato Si´, onde afirma que “a Criação encontra sua maior elevação na Eucaristia”.




Tudo isso foi recolhido na procissão em volta da Catedral de Manaus após a missa. No percurso foram realizadas cinco paradas, onde foi rezado por realidades que provocam sofrimento e morte: pelos doentes, pela saúde de todos e o fim da pandemia; pelos povos indígenas, comunidades tradicionais e as questões ambientais; pelos que sofrem por conta das enchentes; pelos empobrecidos, desempregados e os que passam fome; pela vida comunitária nas Paróquias e Áreas Missionárias.

Um pequeno grupo, acompanhou Jesus sacramentado, indo ao encontro da realidade, muito marcada nos últimos dias pela maior enchente que Manaus já conheceu desde que este fenômeno é controlado na cidade. Um Jesus que percorreu as marombas instaladas no centro de uma cidade muito castigada no último ano, pela pandemia, pela fome, pela falta de emprego e moradia e agora pela água que provoca estragos na vida da população, especialmente dos ribeirinhos, que sofrem com a inundação de suas casas e lavouras.

Com mais de 465 mil mortos no país, foi pedido pelo fim da pandemia, lembrando os profissionais da saúde e aqueles que cuidam dos doentes onde quer que estejam. Também foi pedido maior responsabilidade dos governantes na contenção da pandemia.

A oração também lembrou daqueles que derramaram seu sangue, “banhando as terras amazônicas, pelo bem de seus habitantes e do território”. Foi pedido que as vidas dos indígenas, ribeirinhos e quilombolas, “sejam dignificadas pelo reconhecimento, valorização de suas culturas”, mas também “pela garantia e promoção de seus direitos fundamentais”. Junto com isso, era solicitada “consciência e respeito para com o meio ambiente”.

 


400 mil pessoas sofrem por conta das enchentes no Estado do Amazonas, consequência dos desastres ambientais e das mudanças climáticas. Diante disso, se implorava a Deus, que olhe “com compaixão pelo nosso povo sofrido por conta das consequências das enchentes”, pedindo aos governantes, “sabedoria, criatividade, zelo e responsabilidade”, para promover o saneamento básico e o cuidado com os igarapés e rios, por “políticas públicas consistentes e por menos ações interventivas paliativas”.

O sofrimento, a marginalização, o desemprego estão cada vez mais presentes no Brasil. Por isso, a necessidade de “dirigir o olhar, a fim de escutar os seus clamores, reconhecer suas necessidades, saciar sua fome e socorrê-los a partir do amor que Jesus nos ensinou”. Se faz indispensável, “instituir uma economia que almeje o bem comum, ao invés das tiranas leis de mercado que apenas visam o lucro”.

Também foi lembrado, tendo o olhar nas paróquias e áreas missionárias da Arquidiocese, a necessidade de entender que “evangelizar implica comprometer-se com nossos irmãos e irmãs, melhorar a vida comunitária, e assim tornar o Reino de Deus presente no mundo, promovendo por e para todo o mundo não uma caridade por receita, senão um verdadeiro desenvolvimento humano integral, para todas as pessoas e para a pessoa toda”. Por isso era pedido a ajuda de Deus para “fortalecermos nossas comunidades e nossa vivência comunitária”, superando o egoísmo.



Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

2 comentários:

  1. Coisa mais linda que eu já vi nos últimos 485 dias.
    🕭🕭🕭🕭👏👏👏👏👏🕭🕭🕭🕭❤❤❤❤❤❤❤

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  2. Uma Celebração de Ação de graças, de pedido de perdão e denúncia do mal, da falta de responsabilidade diante de tanto sofrimento, principalmente dos mais frágeis.
    Uma Celebração que nos convida à ações concretas para diminuir tantas dores e lucros.

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