Refletir sobre um desafio que pode ser considerado de
grande importância para os povos e a Igreja da Amazônia: amazonizar-se. Ajudar
a assumir essa atitude tem sido o propósito de diferentes organizações eclesiais
e sociais ao longo do último ano.
Querendo “sensibilizar a opinião pública brasileira e
internacional sobre os perigos a que está sendo exposta a Vida na Amazônia, seu
território e as populações”, a REPAM-Brasil preparou uma roda de conversa (pode baixar aqui) para
ajudar a refletir sobre essa realidade, mostrando “a gravidade da situação
enfrentada pelos Povos na Amazônia, agravada pela pandemia da Covid-19”.
Amazonizar é uma palavra usada pela primeira vez em
1986, quando o bispo de Rio Branco, no Acre, Dom Moacyr Grechi, usou esse termo
em uma carta pastoral. Ele “convocava o povo a assumir a causa da Amazônia e a
defesa de seus povos”. O Sínodo para a Amazônia popularizou a palavra, sendo
assumida como foco da campanha, fazendo “um chamado para todas as pessoas a se
amazonizarem”, algo que continua.
O material elaborado pela REPAM-Brasil começa
acolhendo as pessoas, convidando para a oração e fazendo a recordação da vida. Lembra
o texto que “a Amazônia e seus povos são continuamente alvo de práticas de
exploração sem limites que colocam em risco toda a vida daquele território”,
algo que a pandemia acrescentou. Daí insiste na urgência de “ações de
solidariedade para garantir a existência dos povos originários e das
comunidades tradicionais”, relatando ações que estão sendo “desenvolvidas pela
Igreja, organizações populares e movimentos sociais”.
“Amazonizar” deve levar a “reconhecer as lutas e
resistências dos Povos da Amazônia que enfrentam mais de 500 anos de
colonização e de projetos desenvolvimentistas pautados na exploração desmedida”,
relata o texto. Mas também é “o despertar de todo o povo em defesa da Amazônia,
seu bioma e seus povos ameaçados em seus territórios”. “Amazonizar também
significa portar o mundo de sentido, sensibilidade, contemplação e
comprometimento para com a obra da criação”.
Comprometer para reconhecer as violações de direitos
dos povos e do meio ambiente é amazonizar, diante de diferentes situações: Queimadas e desmatamento, um número que só aumenta
a cada ano, como mostram os testemunhos que aparecem no texto; Garimpo e
mineração em terras indígenas, que aumenta as doenças, levando à morte, como
acontece com os Yanomami em Roraima, com os Munduruku no Pará; Conflitos por
terra, que em 2020 teve o maior número desde 1985; Criminalização e ameaças de
lideranças; Indígenas na cidade, a quem são negados direitos fundamentais.
O roteiro aporta uma palavra de vida e luz diante da
realidade e “aponta horizontes para vivermos de forma plena e compromissada com
a nossa casa comum”. Para isso lembra os sonhos do Papa Francisco em Querida
Amazônia, mas também as reflexões que surgem dos povos e culturas da Amazônia,
fazendo um apela a se amazonizar e se questionar.
Como diz a oração final, “É hora de colocarmos toda
essa bagagem em nossa canoa e navegarmos pelas águas desse nosso imenso Brasil.
É hora de contribuirmos para que todas e todos tenham consciência da
importância da Amazônia e de seus povos. É hora de Amazonizarmos o mundo!”
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