quinta-feira, 29 de julho de 2021

Quanto Vale a Vida?: Infelizmente, nem todas as vidas valem a mesma coisa



Quanto Vale a Vida? A partir dessa pergunta, a Comissão Episcopal Pastoral Especial para o Enfrentamento ao Tráfico Humano da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), junto com outras organizações querem que a gente pare e reflita sobre um dos crimes mais macabros que fazem parte da condição humana: o Tráfico de Pessoas.

Pessoas vistas como mercadoria, que podem ser compradas e vendidas, que podem ser descartadas quando o lucro já não responde às expectativas. O tráfico de pessoas, algo presente na história da humanidade desde seus primórdios, nos mostra a crueldade que faz parte da condição humana, que se aproveita do outro em benefício próprio, deixando de lado uma atitude que sempre deveria estar presente no meio de nós: a fraternidade.

Diante dessa realidade, o 30 de julho, data declarada pela ONU como Dia Mundial de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, não pode passar batido. É momento de se mobilizar, de defender a vida, de denunciar. Não podemos esquecer que mais de 2 milhões de pessoas são vítimas do tráfico humano no mundo. São várias as modalidades de tráfico de pessoas, mas a maioria são mulheres, crianças e adolescentes aliciadas para a exploração sexual ou mão de obra escrava.

Ser livre é um direito de todas as pessoas, mas que nem todas têm diante do fenómeno do tráfico humano. Quando a gente sabe dessas situações e não denuncia se torna cúmplice, partícipe de algo que pode ser considerado uma ofensa aos direitos humanos, de uma realidade que oprime e escraviza, que fere a dignidade das pessoas, que viola os direitos fundamentais.



Na sociedade contemporânea não podemos tolerar que as pessoas sejam traficadas, se tornando vítimas de uma das piores violências. O tráfico humano está próximo da gente e continua estando porque a nossa omissão possibilita que pessoas sem escrúpulos possam praticar esse crime, com impunidade, provocando dor e sofrimento nos mais fracos.

O Dia 30 de julho tem que ser uma oportunidade para declarar abertamente e assumir com coragem que a vida não tem preço, que ela não pode ser comprada nem vendida, que ela não pode ser explorada. Esse deve ser um sentimento presente na vida da gente, de cada pessoa, sabendo que a falta dessa atitude nos desumaniza, pois perdemos o respeito por aquilo que é sagrado: a vida em plenitude de toda pessoa.

O que fazer para que algo assim seja realmente assumido? Como implicar os governantes para que sejam investidos os recursos que ajudem a fiscalizar essas situações de trafico humano e punir àqueles que se acham donos da vida dos outros? Como visibilizar esse crime e provocar mudanças radicais que acabem com o tráfico de pessoas?

São muitos os questionamentos que surgem diante dessa realidade, especialmente naqueles momentos em que o calendário nos lembra que ela existe e deve ser enfrentada e combatida. Muita gente se esforça cada dia no combate do tráfico humano, salvando vidas e se tornando um incentivo para não deixar passar mais uma oportunidade. A resposta depende de cada um e cada uma, mas não esqueça que a Vida vale mais do que aquilo que alguém poderia chegar a pagar, ela é sagrada.



Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

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