domingo, 11 de julho de 2021

Um rosto amazônico da Economia de Francisco e Clara: proposta de uma forma de vida com sabor a Evangelho

A Economia de Francisco, que no Brasil recebe o nome de Economia de Francisco e Clara, é uma das reflexões presentes na caminhada da Igreja nos últimos meses. Aos poucos, através de encontros virtuais, está sendo aprofundado o que é essa nova proposta de economia, mas também o que não é essa economia de Francisco Clara.

É um tempo de semeadura”, segundo a Ir. Michele Silva, que junto com Andrei Thomaz Oss-Emer, membros da Articulação Brasileira de Francisco e Clara, assessoraram um encontro onde foi abordada a Economia de Francisco e Clara na Amazônia Legal. Estamos diante de uma proposta de economia com alma, inclusiva, efetivamente humana, que cuide da Casa Comum, uma economia que valorize a vida e não a competição, uma economia que humaniza e cuida da Criação, inclui os povos indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais.

A caminhada da Articulação Brasileira da Economia de Francisco e Clara na Amazônia foi assumida no dia 27 de fevereiro de 2021, que aconteceu o Primeiro Encontro Regional da Amazônia Legal. Aos poucos a proposta do Papa Francisco via sendo assumida, tentando que cobre um rosto amazônico, fazendo realidade uma economia solidária, popular, de comunhão, indígena, cooperativa, dos ribeirinhos, das mulheres, das moedas e bancos sociais, entre outras.



Segundo Dom Ionilton Lisboa de Oliveira a Economia de Francisco e Clara possibilita “repensar o jeito de fazer economia no mundo”. O bispo da Prelazia de Itacoatiara destacava a importância dos participantes do encontro se tornar “divulgadores desse caminho de fazer economia que o Papa Francisco propõe, uma economia que faz viver e não mata, uma economia que traga vida e não uma economia que traga morte”.

Deve ser, segundo o presidente da Comissão Pastoral da Terra, uma economia que “não seja uma economia que gira em torno do lucro para um pequeno grupo de pessoas”. Pelo contrário, “deve se algo que seja imagem da cultura do Bem Viver, que traga vida para todos”, segundo o bispo. Ele lembrava o a 6ª Semana Social Brasileira passa também pelo eixo da economia.

O tema do encontro foi “Juventudes, Amazônia e a Economia de Francisco e Clara”. A Ir. Michele Silva e Andrei Thomaz apresentaram as vilas que fazem parte da Economia de Francisco e Clara, onde cada vila é associada com um tópico principal da economia de hoje e de amanhã. As Vilas Temáticas são Finanças e humanidade; Agricultura e Justiça; Energia e pobreza; Lucro e vocação; Negócios em transição; Gestão e dom; Trabalho e cuidado; Políticas e felicidade; CO2 da desigualdade; Vida e estilo de vida; Negócios e Paz; e Mulheres pela Economia.


Segundo a Ir. Michele Silva, “as Vilas ou Aldeias foram subdivisões em grupos temáticos, realizadas com os jovens selecionados para o encontro em Assis”. A religiosa insistia em que “são laboratórios de diálogo, escuta e partilha de vida, com o propósito de encontrar soluções conjuntas e caminhos alternativos para uma nova economia!”. Os jovens, com o apoio de economistas experientes, estão pensando de forma crítica e sustentável, soluções para os problemas do mundo contemporâneo.

Cada vila, que foram apresentadas detalhadamente no encontro, tem como nome um binômio composto por duas palavras que, em diálogo são capazes de dar nova alma à economia.  Estamos diante de uma proposta de uma forma de vida com sabor a Evangelho. Trata-se de reflexões presentes no pensamento Francisco, tanto nas suas encíclicas, como Fratelli tutti e Laudato Si´, assim como em seus discursos.

O encontro foi momento para se questionar sobre como Construir as “Malocas” que contemplem a Articulação Brasileira da Economia de Francisco e Clara na realidade da Amazônia Legal. Nesse sentido, se faz preciso identificar as iniciativas que já existem, escutar as pessoas que dinamizam essa economia, subsidiar essas iniciativas que favorecem economias alternativas, ligar as Malocas à realidade local, reconstruir as Casas de Francisco e Clara na Amazônia Legal.



As Casas de Francisco e Clara, segundo a Articulação Brasileira da Economia de Francisco e Clara, “nascem como lugares de vivência e imersão, através dos quais a prática da Economia de Francisco e Clara acontece na vida das comunidades”. Nessa experiência, o chamado é a todas as pessoas, mas especialmente às juventudes, numa experiencia onde ecologia e economia são vividas de maneira integral.

As Casas de Francisco e Clara são guiadas por 10 Eixos Místicos, que na Amazônia são iluminados desde as espiritualidades locais. Partindo da realidade amazônica se faz necessário pensar uma caminhada para a Economia de Francisco e Clara, a partir dos elementos da cultura local, ter uma atenção especial as realidades urbanas.

O trabalho em grupos foi um momento para avançar nas iniciativas que contemplam a Economia de Francisco e Clara na Amazônia Legal e práticas concretas que podem ser pensadas. Foram colocadas as feiras solidárias, a Fazenda da Esperança, os grupos de agricultura familiar, o cuidado com os rios e igarapés, a Pastoral da saúde, as comunidades extrativistas, as mudanças nos hábitos de consumo, valorizando o comércio local, coleta seletiva de lixo, o artesanato, trabalhos de ecologia local e oficinas para geração de renda, trabalho inter-religioso, segurança alimentar, criação de peixe, cooperativas de economia solidária, organização do povo, pastoral do Povo de Rua, dentre outras muitas propostas e iniciativas que estão sendo realizadas e planejadas.



Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1


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