quarta-feira, 18 de agosto de 2021

Encontro de Jovens na Tríplice Fronteira: “Diversidades como motivação para se conhecer e trabalhar juntos”


Organizado pelo Eixo Igreja em Fronteiras, da Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM), aconteceu no último sábado 14 de agosto o Encontro de Lideranças Jovens da Tríplice Fronteira: Brasil, Peru e Colômbia.

49 jovens e 14 adultos dos vicariatos de San José del Amazonas (Peru), Letícia (Colômbia), e a diocese do Alto Solimões (Brasil), representando 12 comunidades, se encontraram na cidade de Letícia em busca de projetos comuns, descobrindo que é possível superar as fronteiras físicas, imaginárias e culturais.

Mesmo diante das dificuldades para chegar, numa Amazônia onde as distâncias fazem com que nem sempre seja fácil realizar esse tipo de encontros, os jovens responderam ao convite dos missionários e missionárias que trabalham nas três igrejas particulares que o Rio Amazonas une nesse ponto da Amazônia. Jesuítas, Maristas, Lassalistas, lideranças locais indígenas e não indígenas, diáconos, missionários leigos e leigas, fizeram um trabalho de preparação conjunta para fazer possível esta novidade na caminhada da Igreja que navega nos rios amazônicos.



De fato, segundo reconhece Verônica Rubi, missionária leiga na diocese do Alto Solimões e que faz parte da coordenação do Eixo Igreja em Fronteiras da REPAM, a experiência, que estava sendo realizada pela primeira vez, foi muito positiva, sendo superados facilmente os desafios de falar diferentes línguas (espanhol, português, ticuna), fazer parte de diversas nacionalidades e culturas e estar presentes jovens indígenas (ticuna, yaguas e cocama) e não indígenas.

Segundo a missionária, foi um “encontro de comunhão, as diversidades foram motivação para se conhecer e trabalhar juntos”. Iniciado com uma mística, conduzida pela comunidade ticuna de Nazaret (Colômbia), onde a imagem de Maria com rasgos indígenas, realizada em madeira na própria comunidade, mostrou a importância de uma Igreja inculturada, o encontro foi momento para proporcionar um espaço para a juventude para conhecer os sonhos que eles têm, refletindo juntos sobre os sonhos profissionais, sociais e religiosos, trabalhar as ameaças sobre esses sonhos e descobrir quem são os “ladrões de sonhos”, que muitas vezes atentam contra os desejos da juventude, segundo Verônica Rubi.


Ao longo do encontro, os jovens foram trabalhando os sonhos da Igreja, apresentados pelo Papa Francisco na Querida Amazônia. Os participantes foram expressando de diferentes modos aquilo que é significativo para eles desses sonhos que aparecem na exortação pós-sinodal do Sínodo para a Amazônia. Mas também foi pensado como concretizar esses sonhos nas diversas realidades locais que fazem parte da vida dos participantes do encontro e das comunidades onde eles vivenciam sua fé. Tudo isso conduziu a assumir compromissos que foram apresentados num momento de mística.

Mais um passo para concretizar as decisões do Sínodo para a Amazônia, que colocou entre suas propostas esse trabalho que supera as fronteiras amazônicas, que muitas vezes não respondem ao imaginário dos povos que nela habitam e são fruto de decisões históricas daqueles que chegaram de fora e de diferentes formas invadiram não só o território, mas também a vida dos povos que nele habitam. O importante é que os jovens, na avaliação final, mostraram seu desejo de continuar esse caminho iniciado no encontro, mais uma esperança de que os sonhos, quando se sonham juntos, podem se tornar realidade.



Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

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